Todo mundo sabe que sou louco. Pais, amigos, até o padre da província. Louco, quando não estranho as minorias saírem da caverna em busca do sol. Quando não me zango com casais homo e hétero passeando numa boa, falando da disparada do dólar, da nova cor do cabelo ou do pôr-do-sol.
Todo mundo sabe que sou louco, quando olho com desdém àquilo que é normal, e medito guiado pelos cavalos alados que conduzem minha carruagem, numa cruzada pelo espaço sideral. O ar que vagarosamente sai e entra de meus pulmões é uma luta corporal pela escolha entre a razão e a sabedoria, ou a preguiça e os vícios, atento a tudo o que disse o filósofo.
Todo mundo sabe que sou louco, quando fico paralisado a observar, no meio da balada, a máscara por trás de um rosto.
Louco, em vez de fake ou ghost, pateta que conversa com os postes da avenida. Louco, como a lâmpada preguiçosa no alto do poste, com pouca vontade de luz.
Louco, digo que todas as coisas são fingidas, como a lua que, nesta altura da noite, escala o prédio em frente e se aproxima para dividir comigo suas manias.
Não sou ghost nem fake. Apenas trituro meu tempo no vídeo-game e no face, devorando páginas de humor que desdenham da seriedade dos mortais.
Louco, que não tem tempo para pirar de vez. Para o desconsolo das autoridades e das forças débeis da cidade.
(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)
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