O pai, Richard, esforça-se para vender seu programa motivacional (ironia para com o discurso da auto-ajuda?) para atingir o sucesso. Mas ele fracassa.
Sheryl, a mãe, procura "entrosar" a família. Nesse sentido, acolhe seu irmão junto à casa, um gay deprimido.
Dwayne é um adolescente que gosta de ler Nietzsche, e que fez voto de silêncio até atingir 18 anos e conseguir ingressar na aeronáutica, para ser piloto.
Finalmente, temos o avô, outro maluco que foi expulso de um asilo para idosos, que decide, já na velhice, usar drogas.
A ação do filme se desencadeia quando Olive, a menina, é convidada a participar de um concurso de beleza "Litttle Miss Sunshine" na Califórnia, e toda família embarca numa velha kombi para torcer por ela.
No embalo do mote da auto-ajuda: "O verdadeiro fracassado não é alguém que não vence. O verdadeiro fracassado é aquele que tem tanto medo de não vencer que não chega a tentar", o filme não é previsível nem linear. Mostra os limites do discurso que tanto enfeitiça as pessoas: "Você pode, você consegue!".
É que a auto-ajuda não pode esquecer o contexto onde cada um de nós está inserido, sua cultura, hábitos, medos, desejos, etc., etc.
O sucesso não depende só de nós. Talvez o problema maior sejam os outros, que também desejam vencer.
Nesse sentido, a vida, de um modo geral, não passa de um concurso de beleza, ou de uma grande competição. O problema é que cada um tem que se adaptar às regras desse concurso. E nem sempre elas são justas.
Eis um dos problemas que tornam frágeis as relações. Por isso, é necessária a compreensão e cooperação de cada um de nós, para facilitar e possibilitar o "existir" coletivo.
De qualquer maneira o filme, vencedor do Oscar em 2007, é daqueles que faz rir e pensar. Ou melhor: seu riso é filosófico porque é irônico.