Mané Bocó era o rapaz mais acanhado deste mundo.
Sua mãe fazia muito gosto que ele se casasse com sua prima, moça rica e bonita, no que estavam de acordo os pais dela.
Trataram de aproximar os jovens, e para isto os pais da moça deram um baile.
A mãe de Mané Bocó, ao sair de casa com o filho, disse-lhe:
- Você, rapaz, precisa perder esse acanhamento, e conversar com a sua noiva. Mas não diga tolices. Pense bem no que terá que dizer.
Mané Bocó, em chegando, e apresentado à noiva, sentou-se ao pé dela, sem dizer uma palavra, mas a pensar no que havia de dizer.
A moça encarava-o, sorrindo. E, vai então, apontando os dedos para os olhos dela, exclamou, envergonhado:
- Eu te furo os olhos!...
A moça levantou-se e foi contar à futura sogra o que se havia passado.
A velha chamou o filho de lado e o repreendeu, aconselhando:
- Não é assim, Mané, você precisa dizer para ela palavras delicadas, coisas doces...
Então o rapaz aproximou-se de novo da namorada e, depois de muito pensar, suspirou:
- Açúcar, melado, rapadura...
A moça começou a rir e foi contar à velha o que havia acontecido.
A mãe de Mané Bocó chamou-o outra vez, de lado:
- Você nunca vai deixar de ser tolo! O que você disse à sua noiva são coisas que se dizem?!
- Pois a senhora não mandou que eu falasse em coisas doces!?... Ué!
- Nada. Vá procurá-la de novo e converse com ela em coisas do céu... em estrelas, luar, por exemplo.
Mané Bocó foi ter com a moça e, depois de muito pensar, disse-lhe:
- Raio, corisco, trovão, tempestade!!...
Tinha-lhe dito coisas do céu, pensava ele, conforme sua mãe lhe havia recomendado, estava muito contente. Mas a moça soltou uma gargalhada... E ficou desfeito o projeto de casamento.
Por isso não fui à festa do casório e assim não pude trazer para vocês um isto de doces. E acabou-se a história.
Do livro Contos populares brasileiros, de Lindolfo Gomes.
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OBAAAA!
ResponderExcluirjá tinha tempo que buscava essa
história do meu tempo de infância,
lida em algum livro de escola...
agora finalmente disponível!
MUITO GRATO!
Salve, Américo (não é o Pisca-Pisca do Monteiro
Lobato, né?) - risos - brincadeira.
estive pensando, se tens essa história
do Mané Bocó, talvez fosse possível
que tivesses também um poema que
se não aparecia no mesmo livro de escola
onde havia o Mané Bocó era parentesco
de série/prateleira/estante...
o poema se chama (acho) «Dona Pindonga».
algo como: Dona Pindonga passeia de
dia, passeia de noite / chega o filho querendo
almoçar / mas Dona Pindonga já foi passear /
chega o marido querendo jantar ...
é o que me faz ajuda a memória.
abraço,
maloio
verdade, essas são tão inocentes e tão boas de ler bem diferentes das de hj
ExcluirQueria também saber o nome do livro até mesmo adquirilo
Excluirtbm conhecia do meu tempo de escola. hoje com 43 anos,inspirei-me nesta história, adaptei e escrevi uma peça teatral .meus alunos fazem os personagens e o povo morre de rir.saudades do meu tempo de escola.... ameiiii relembrar.
ResponderExcluirzully,de campos,rj
do que o texto se trata ?
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAdorei ver essa história, gosto sempre de mencionar as palavras de maneira bocó , e hoje pude ler para meu filho que por sinal adorou tbm... PbObriga
ResponderExcluirMuito bom relembrar daqueles bons tempos de infância! Fiquei superfeliz e depois vou ler para meus filho, já havia comentado com eles, agora vou poder passar a eles tintim por tintim.
ResponderExcluirGrata
Muito bom relembrar daqueles bons tempos de infância! Fiquei superfeliz e depois vou ler para meus filho, já havia comentado com eles, agora vou poder passar a eles tintim por tintim.
ResponderExcluirGrata
Gosto muito dessa história! Quantas risadas gostosas dava quando minha mãe lia.
ResponderExcluirMuito obrigado por este texto, estava a 18 anos a procura deste. Agora estou feliz
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