Um contador de histórias é uma boa definição para o entrevistado da semana



O
cara se perdeu?
O
cara se afobou?
O
cara se escondeu?
Vi
no jornal
que
o cara se afogou.
Esses
lagos
nesses
parques
na
reta final do inverno
estão
chamando a atenção:
-
Meia volta, volver, Cadelão!
Teu
caminho de casa não é pro norte,
teu
caminho de casa
é
pro sul!
(B.
B. Palermo)
O
Luiz de cara perguntou:
-
Palermo, seu bisonho, o que tens feito pelo mundo?
Lembrei
das tiradas do Carleone, e parodiei:
-
Sempre que possível, nada!
Derrapei
pela diagonal, fazendo a única queixa
que
estava ao meu alcance:
-
Véio, precisa desse refletor na minha cara?
Tá
me dando um calorão!
Escuta,
Luiz Henrique Berger,
cadê
a caneca de cerveja?
-
Calma, garoto, da próxima vez, quem sabe,
tu
faça por merecer!
O
dia evapora e todo mundo faz perguntas
temerosas.
Carente
de ruminações profundas,
quando
o nobre amigo perguntou das novidades pra 2022,
eu
falei:
-
O TEMPO TODO ando esquisito das ideias!
(B. B. Palermo)
Tive
ótimas fases.
Eu
iluminava Ijuí.
Não
conquistava uma,
conquistava
dez.
Tu
deve se lembrar.
Eu
era o Don Juan
das
calçadas.
mas
o tempo passa.
Hoje
sou peão e sou
broxa.
(B.
B. Palermo)
João,
o que aconteceu?
Sacanagem,
disseram
que
você morreu.
Uma
bobagem,
coisa
sem fundamento,
disseram
que foi choque elétrico.
Você
que sonhava com novo apartamento,
você
que buscava uma escola decente
pros
filhos.
E
a turma, João, como fica?
Sacanagem,
ontem estavas disposto
e
com a boca
nas
orelhas...
...
Agora
percebo como sou fraco,
ainda
tenho vontade de chorar
relendo
estas linhas
uns
30 anos depois.
(B.
B. Palermo)
Arthur
é um cão que chamam de Preto,
um
carente de humanidade
mais
do que a maioria
dos
sapiens.
Circula
desde cedo por entre os malucos
que
frequentam o bar do Manetta.
Pobrezinho,
carente de humanidade
enquanto
nós somos carentes de humildade,
carentes
de coragem,
carentes
de dúvidas
e
de sensibilidade.
Arthur
merece circular também
por
entre as páginas
de
algum romance,
como
a cadela Baleia, do Graciliano.
Ou
de alguma crônica ou poema...
que
seja.
(B.
B. Palermo)
O Grêmio se estrebuchou pra conquistar
um
ponto contra a Chapecoense,
numa
retranca danada.
A
coisa escorregava
pelas
laterais e diagonais
e
pencas de passes errados,
e
os esforçados corriam
pra
lá e pra cá.
Os
papos no bar eram de indignação
dada
a covardia do time,
então
eu lembrei do pragmatismo, e disse:
"Um
ponto fora de casa é legal".
Foi
divertido, me pediram pra traduzir esse conceito
e
aí desandei a falar de William James
e
rolou o óbvio...
fiquei
falando sozinho.
É
legal saber que, mais do que praguejar contra o time,
as
criaturas se empolgam quando falam de carros,
Fipes
e negócios de ocasião.
Se
você quer ser poeta,
saiba
a pedreira que vem pela frente.
Você
é de outro planeta.
Só
há uma única certeza:
somos
um bando de fodidos!
(B.
B. Palermo)
Depois
que você morre
deve
ser triste
pois
você nunca saberá
se
teve trajetória importante
ou
se caiu no esquecimento.
Pode
ser triste hoje lembrar
mas
é também gratificante
ter
viva, pre-sen-te-men-te,
a
memória de um amigo
que
se foi há 10 anos.
Hoje
você se toca
de
que na época tinha
pouca
lucidez,
você
assistia futebol na TV
e
estava bêbado
10
horas da noite
quando
o telefone tocou.
Mas
é consolador
lembrar
que
o amigo que partiu
faz
um bocado de falta...
muita
falta.
(B.
B. Palermo)
Perguntei
pro meu amigo,
o
tutor do gato Américo,
se
o bichano era eu.
Fiquei
confuso
e
também feliz da vida
ao
perceber que o gato e eu
temos
a mesma cara
e
o mesmo nome.
Se
um dia rolar encrenca
eu
mudo de nome
e
geografia.
Serei
o pai do Palermo
ou seu irmão gêmeo
morando
na
Sicília!
Já fui o “docinho” de muitas beldades, executivas, professoras, gerentes de lojas e bancos, garotas de programa, diaristas. Doci...