É uma noite morna de janeiro
e um bando de marmanjos
distrai-se olhando TV.
Meu big brother
é o céu estrelado
que faz companhia
pra lua e as Três Marias.
Meus olhos vêem tanto mistério
quanto o número de estrelas,
muito mais do que possam captar
as lentes da novela.
Persigo palavras
para rabiscar um poema,
mas a ponta do lápis
se quebra e, zangado,
rasgo o papel...
Enquanto isso,
no quintal,
grilos de avental
acendem pirilampos
para me alegrar!
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
A casa, de Vinicius de Moraes

Poema A casa, de Vinicius de Moraes, do livro Palavra de poeta.
Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque na casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Na Rua dos Bobos
Número Zero.
A viagem de um barquinho, de Sylvia Orthof

chamado Chico Eduardo,
que perdeu o seu barquinho
feito de papel dobrado.
Seu barquinho de jornal,
tal e qual.
E era uma lavadeira,
meio doida e engraçada,
que foi lavar sua roupa
num lugar, assim, sem água.
Um lugar de varal branco,
tudo branco ao seu redor.
Não tinha azul de rio?
Que horror!
- Tudo branco, branco, branco,
assim eu não lavo nada!
Preciso de azul de água,
cadê a cor azulada? –
disse a doida lavadeira,
nervosa e apressada.
- Vou inventar o meu rio
do azul de um longo trapo,
vai ser rio de brinquedo,
lindo rio de farrapo!
De dentro da sua trouxa
puxou um rio de pano.
o rio saiu pulando
em busca do oceano.
O barquinho do menino
viu o rio inventado,
saiu, fugindo-se embora,
sem demora!
(...)
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
PESCARIA

Poema Pescaria
José Paulo Paes
Do livro Palavra de poeta.
Um homem
que se preocupava demais
com coisas sem importância
acabou ficando com a cabeça cheia de minhocas.
Um amigo lhe deu então a idéia
de usar as minhocas
numa pescaria
para se distrair das preocupações.
O homem se distraiu tanto
pescando
que sua cabeça ficou leve
como um balão
e foi subindo pelo ar
até sumir nas nuvens.
Onde será que foi parar?
Não sei
nem quero me preocupar com isso.
Vou mais é pescar.
MINHOCA NA CABEÇA

Ricardo Azevedo, do livro Bazar do folclore.
Poema Minhocas na cabeça, de Marcelo R. L. Oliveira. Do livro Nós e os bichos.
Poema Minhocas na cabeça, de Marcelo R. L. Oliveira. Do livro Nós e os bichos.
- Seu doutor, estou grilado,
meu pé está formigando.
É algo grave ou estou procurando
sarna pra me coçar?
- Já lhe digo o que é:
tire as minhocas da cabeça,
é só um bicho de pé.
DESFILE
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
CACHORRADAS
POEMA DE José Paulo Paes, do livro "É isso ali"
CACHORRADAS
- Você sabe por que o cachorro entra na Igreja?
- Ora, essa quem não acerta?
Porque a porta estava aberta!
- E você sabe por que ele sai?
- Porque a porta estava aberta.
- Não, errou: porque ele entrou!
- E quando é que o cachorro não pode entrar?
- Quando a porta está fechada.
- Que nada! Quando já está lá dentro.
- E para terminar: sabe por que o cachorro
ergue a perninha e a encosta no poste
quando está necessitado?
- É porque uma vez o poste caiu em cima do coitado!
CACHORRADAS
- Você sabe por que o cachorro entra na Igreja?
- Ora, essa quem não acerta?
Porque a porta estava aberta!
- E você sabe por que ele sai?
- Porque a porta estava aberta.
- Não, errou: porque ele entrou!
- E quando é que o cachorro não pode entrar?
- Quando a porta está fechada.
- Que nada! Quando já está lá dentro.
- E para terminar: sabe por que o cachorro
ergue a perninha e a encosta no poste
quando está necessitado?
- É porque uma vez o poste caiu em cima do coitado!
sábado, 29 de dezembro de 2007
Poema A lua no cinema, de Paulo Leminski

llllllllll
A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.
llllllllll
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.
llllllllll
Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!
llllllllll
Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.
llllllllll
A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
- Amanheça, por favor!
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
DOIS MIL E OITO DE PIJAMA E VIDA MANSA

de pijama
e vida mansa
me cansa.
Tomo mais
um milk shake
morro de rir
quando uma barata
passa.
Moro ao lado da sorveteria.
Ela tem todos os sabores
que um menino sonharia...
(Acreditem, por favor,
tem até sabor de amor!)
Esticado no sofá
desliguei a TV
e o vídeo-game.
Estou pensando
nas viagens que farei
para conhecer
as delícias desse mundo!
Dois mil e oito
mil e uma histórias,
futebol e aventuras...
Meus pais me embalam...
e sacodem!
É hora de ir pra cama,
e essa vida mansa
me cansa!!
CANTIGA DE BABÁ - Cecília Meireles

Eu queria pentear o menino
como os anjinhos de caracóis.
Mas ele quer cortar o cabelo,
porque é pescador e precisa de anzóis.
fffffffffffffffffffff
Eu queria calçar o menino
com umas botinhas de cetim.
Mas ele diz que agora é sapinho
e mora nas águas do jardim.
fffffffffffffffffffff
Eu queria dar ao menino
umas asinhas de arame e algodão.
Mas ele diz que não pode ser anjo,
pois todos já sabem que ele é índio e leão.
fffffffffffffffffffff
(Este menino está sempre brincando,
dizendo-me coisas assim.
Mas eu bem sei que ele é um anjo escondido,
um anjo que troça de mim।)
fffffffffffffffffffff
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