quarta-feira, 25 de maio de 2011
segunda-feira, 23 de maio de 2011
A traça de A a Z - Nani
Bala
doce. Mas, se sou bala de revólver, eu
posso matar. Prefiro ser bala doce e ficar
na sua boca adoçando sua vida,
adoçando o seu beijo.
Se faço uma criança feliz,
de tanta alegria me derreto toda.
Cabrito
Tranquilo, nada aflito.
E que vive a comer capim
e só se irrita
quando alguma criança bobona
diz que o seu cocô parece uma azeitona.
Nariz
- Eu sou a palavra nariz
e estou muito infeliz.
Quando o dicionário está
fechado
eu fico sem respirar
e quase morro sufocado.
Mas se abrem o dicionário
na página que estou é pior,
pois pego uma friagem
e fico logo resfriado.
A minha vida é mesmo assim:
entre o sufoco e o atchim!quarta-feira, 18 de maio de 2011
No berço e no troninho - Flavio de Souza
Meu pai que se chama Cláudio de Souza, adora livros. Não foi à toa que ele trabalhou com livros, revistas e jornais a vida toda, começando antes mesmo de se formar em Advocacia. Na verdade, ele ainda trabalha com letras, palavras parágrafos, capítulos, etecétera.
Minha mãe que se chama Therezinha Oliveira de Souza , foi professora de 1º grau e pré – escola. Ela também adora livros. Eu não preciso pensar muito no que dar de presente no dia das mães e dos pais, aniversário e Natal .
Minha mãe adora livros. Mas meu pai é fanático. Sempre foi. As casas e o apartamento onde passei minha infância e adolescência sempre foram cheios de livros e revistas. E o seu Cláudio usou um método bem maluco para despertar o gosto por livros em seus quatro filhos. Ele colocava livros infantis, alguns importados, todos muito bonitos, em nossos berços. Antes mesmo de aprender a andar , eu já tinha páginas com letras e ilustrações ao alcance de minhas mãozinhas, E, antes mesmo de aprender a falar, eu já picava e mastigava livros. A dona Therezinha ficava com os cabelos em pé ao ver os livros lindos, que deviam não ter sido comprados a preço de banana, sendo destruídos. Mas o seu Cláudio ria. Ele sabia o que estava fazendo.
Muita gente tem costume, para não dizer a mania, de ir ao banheiro com uma "leitura" ". Eu sou uma dessas pessoas. Eu não consigo me "concentrar" se não estiver lendo alguma coisa. Esse deve ser um costume da minha família, porque desde muito pequeno eu me sentava no " troninho" com um livro ilustrado ou um gibi, que era como as pessoas chamavam as revistas de histórias em quadrinhos".
Um dia desses, eu já estava sentado no troninho e me dei conta de que estava sem leitura. Berrei para minha mãe ou uma das minhas irmãs ouvirem:
Alguém traz um livro pra eu ler?
Eu não sabia ler, eu era bem pequeno. Ler para mim, nessa época era olhar as figuras. Alguém muito paciente me levou um livro sem figuras e saiu do banheiro. Não demorou muito para eu berrar de novo, reclamando:
Mas esse livro é em inglês!
segunda-feira, 16 de maio de 2011
História da janela empenada - Lygia Bojunga Nunes
Ela gostava de ser importante, ela adorava coisa de luxo, ela queria se exibir: ela era uma árvore bonita mesmo. Dava uma flor vermelha, todo o mundo dizia que beleza! e ela estendia os galhos pra se exibir ainda mais.
Mas botaram ala abaixo. Foi pra uma serraria, suja, poeirenta. Virou táboa, ficou jogada num canto, ninguém mais prestava atenção nela, caiu na fossa. Empilharam um monte de táboas em cima dela, que fossa! Uma bela manhã resolveram: Vamos fazer porta com essas táboas. Porta grã-fina. De apartamento de luxo. No Rio de Janeiro, com vista pro mar.
Quando ela ouviu falar que ia morar em apartamento grã-fino saiu da fossa.
Gostou de ser porta, achou que porta tinha mais status do que janela, prateleira, taco pro chão - esse pessoalzinho. Esperou. Esperou. mas era a última da pilha. Esperou tanto que deu bicho nela: cupim. Onde o cupim mordia ela ia virando pó. Virou tanto pó que não serviu mais pra porta. Caiu na fossa.
Uma bela tarde cortaram ela toda, ela virou janela. Resolveram que ela ia ser janela na casa de uma rua bem movimentada. Um bocado de gente ia passar na rua, ia olhar para ela. E quando ela soube que ia ser muito olhada saiu da fossa.
Mas chegou um helicóptero na serraria com um recado da madrinha: precisava quatro janelas pra casa que estava fazendo: tinha pressa.
E lá se foi com mais três janelas que também já estavam prontas. Achou genial andar de helicóptero. Mas quando viu a casa da madrinha caiu na fossa: era um lugar sossegado demais. Amarrou a cara. Um tromba desse tamanho! E resolveu que queria ser janela dando pra frente: pelo menos, quem chegava na casa olhava logo pra ela; ou então dando pro mar: era bonito de olhar; ou então dando pra mata: quem sabe ela descobria no meio de tanta árvore alguma amiga de antigamente? Quando o carpinteiro viu aquela janela tão trombuda, nem pensou duas vezes: botou ela pra trás - não dando pra nada. Aí ela emburrou pra valer. Emburrou com tanta força que empenou. E nunca mais se abriu. E daí pra frente virou uma chata: a única coisa que ela curtia era a chateação dos outros.
sábado, 14 de maio de 2011
Quebrado
Quebrado. Pela enésima vez.
como bumerangue viciado,
pássaro ejaulado, que não sabe
como escapar. Quebrado
sem outra alternativa senão
visualizar uma alternativa
para superar o brete.
É o momento para pensar
como escavamos, dia após dia,
nosso buraco, e depois sofremos
para sair.
Talvez não seja possível escapar
pois nossos movimentos são circulares
no sentido anti-horário...
sexta-feira, 13 de maio de 2011
CUCA e o feitiço da encucação - Heloisa Prieto
Você já reparou que quando uma pessoa está triste, calada, sem esperanças e vontade, todo mundo diz que ela está "encucada"? Pois é isso mesmo!
É o feitiço da CUCA, outra criadora de confusão.
Cuca tem corpo de jacaré, com uma barriga enorme e uma espessa cabeleira cor de abóbora. Antigamente viva só nas matas. Mas, como muitas florestas foram derrubadas, Cuca resolveu morar nas cidades também.
Só que, quando chega na cidade, Cuca se sente confusa. Entra na cabeça das pessoas em busca de proteção.
O "encucado" perde completamente o sentido de orientação, fica andando de um lado para o outro sem saber o que fazer nem o que dizer.
Mas, na verdade, a solução não é difícil. Basta sair da cidade, procurar árvores, águas frescas e ar puro. Sentar na sombra e deixar o corpo descansar.
Cuca adora a mata e, na floresta, ela não confunde a cabeça de ninguém. Pelo contrário, protege a fauna e a flora. Se você deixar, ela logo vai embora, feliz em voltar para o seu lar verdadeiro.
A Cuca é originária do Brasil.
Do livro Magos, Fadas e Bruxas. Companhia das letrinhas, 1994.
terça-feira, 10 de maio de 2011
Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo - Nelson Rodrigues
Myrna, pseudônimo de Nelson Rodrigues, tinha uma coluna no jornal Diário da noite (1949) que servia de consultório sentimental para mulheres. Recebia cartas das leitoras e lhes dava conselhos, que variavam de ‘conquiste seu marido todos os dias’, ‘fuja de homem bonito’ a ‘a mulher perdoa sempre’. No texto brilhante do autor da ‘vida como ela é’, as mulheres liam algo diferente do que se via publicado por aí. Uma realidade que até hoje não se está acostumado a lidar.
No amor, Myrna acha que devemos ser "escravos espontâneos", a ponto de, se necessário, perder a personalidade, pois "a personalidade serve para várias coisas, até para se anular" (do site deniseescreve.wordpress.com).
"No princípio do mundo, o homem e a mulher eram um só. Portanto, cada criatura bastava-se a si mesma, cada criatura significava um casal. Depois, houve uma catástrofe qualquer. E se separaram e perderam a metade masculina e a metade feminina. E o destino de cada homem ou de cada mulher passou a ser o de procurar sua outra metade, para completar-se". É dessa forma, usando o mito da "unidade primitiva do homem", uma parte deliciosamente cômica do Banquete de Platão, que Nelson responde a carta de uma leitora (Patrícia Melo, comentário no livro Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo).
Infelizmente todo mundo busca uma solução pronta e produzida em série, que se pode comprar no mercado da esquina. Porcarias reproduzidas por comédias românticas, personagens de novelas e reforçada pelas revistas femininas. Falta um tanto de Myrna nas publicações hoje em dia. Um olhar masculino, menos fantasioso, mais ‘pé no chão’ e realista possível. Um bom relacionamento não se faz da noite pro dia e construir leva tempo e paciência. Ah, quanta paciência. E do feminino, o que devia se destacar, na minha opinião, devia ser a intuição. Só ela, tão sincera e tão pessoal, que pode nos ajudar nas questões do amor e da vida a dois.
ps: O título do livro é fantástico, embora eu acredite, de verdade, que dá pra amar e ser feliz ao mesmo tempo. hehe". (deniseescreve.wordpress.com).
O homem brilha pela ausência
Do livro Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo. São Paulo, Companhia das letras, 2002.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
ONDE VOCÊ PAROU?
Onde você parou?
Foste pego de surpresa
tua linha de defesa cochilou
e agora você não sabe
se está sonhando ou acordado.
Não sabias, ou esquecestes,
que o amor que buscamos
não coincide com o encontrado.
O amor que vem a nós
tem seus sonhos misteriosos,
vontades impacientes se chocam
de cá e de lá, e não é estranho
que o circo, às vezes, pega fogo.
Fugimos de nossa sombra, o passado,
e chegamos a acreditar
que o desamparo da infância
foi ultrapassado.
Foges da felicidade?
Tens medo de amar?
Ouvistes tantas e tantas vezes a sentença
e te sentes culpado
achando-te diferente de todos
ser estranho, complicado...
Tanto pensei falar
mas o vazio instalou-se
(um vazio meio mortal)...
O que me vem nesse momento
é um ridículo ponto final.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Minhas férias - Luis Fernando Veríssimo
Eu, minha mãe, meu pai, minha irmã (Su) e meu cachorro (Dogman) fomos fazer camping. Meu pai decidiu fazer camping este ano porque disse que estava na hora de a gente conhecer a natureza de perto, já que eu, a minha irmã (Su) e o meu cachorro (Dogman) nascemos em apartamento, e, até os 5 anos de idade, sempre que via um passarinho numa árvore, eu gritava "aquele fugiu!" e corria para avisar um guarda; mas eu acho que meu pai decidiu fazer camping depois que viu o preço dos hotéis, apesar de a minha mãe avisar que, na primeira vez que aparecesse uma cobra, ela voltaria para casa correndo, e a minha irmã (Su) insistir em levar o toca- discos e toda a coleção de discos dela, mesmo o meu pai dizendo que aonde nós íamos não teria corrente elétrica, o que deixou minha irmã (Su) muito irritada, porque, se não tinha corrente elétrica, como ela ia usar o secador de cabelo? Mas eu e o meu cachorro (Dogman) gostamos porque o meu pai disse que nós íamos pescar, e cozinhar nós mesmos o peixe pescado no fogo, e comer o peixe com as mãos, e se há uma coisa que eu gosto é confusão. Foi muito engraçado o dia em que minha mãe abriu a porta do carro bem devagar, espiando embaixo do banco com cuidado e perguntando "será que não tem cobra?", e o meu pai perdeu a paciência e disse "entra no carro e vamos embora", porque nós ainda nem tínhamos saído da garagem do edifício. Na estrada tinha tanto buraco que o carro quase quebrou, e nós atrasamos, e quando chegamos ao local do camping já era noite, e o meu pai disse "este parece ser um bom lugar, com bastante grama e perto da água", e decidimos deixar para armar a barraca no dia seguinte e dormir dentro do carro mesmo; só que não conseguimos dormir porque o meu cachorro (Dogman) passou a noite inteira querendo sair do carro, mas a minha mãe não deixava abrirem a porta, com medo de cobra; e no dia seguinte tinha a cara feia de um homem nos espiando pela janela, porque nós tínhamos estacionado o carro no quintal da casa dele, e a água que o meu pai viu era a piscina dele e tivemos que sair correndo. No fim conseguimos um bom lugar para armar a barraca, perto de um rio. Levamos dois dias para armar a barraca, porque a minha mãe tinha usado o manual de instruções para limpar umas porcarias que o meu cachorro (Dogman) fez dentro do carro, mas ficou bem legal, mesmo que o zíper da porta não funcionasse e para entrar ou sair da barraca a gente tivesse que desmanchar tudo e depois armar de novo. O rio tinha um cheiro ruim, e o primeiro peixe que nós pescamos já saiu da água cozinhado, mas não deu para comer, e o melhor de tudo é que choveu muito, e a água do rio subiu, e nós voltamos pra casa flutuando, o que foi muito melhor que voltar pela estrada esburacada; quer dizer que no fim tudo deu certo.
sábado, 30 de abril de 2011
Mês do livro - Instituto Federal Farroupilha
Mês do livro recheado de atividades

O Mês de abril é considerado o mês do livro porque neste mês no dia 02 é comemorado o dia Internacional do Livro Infantil, em homenagem ao escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, no dia 18 é comemorado o Dia Nacional do Livro Infantil, em homenagem ao escritor Monteiro Lobato, e no dia 23 é comemorado o Dia Mundial do Livro, data criada em 1926 na Espanha em homenagem ao dramaturgo inglês William Shakespeare e o romancista espanhol Miguel de Cervantes.
Os alunos também estão sendo convidados a fazerem uma atividade diferente, que consiste na montagem de um livro da história dos que passaram pelo Campus em 2011. A garotada poderá contribuir com poemas, contos, histórias, relatos, desenhos, fotos, enfim o que quiserem. O material será reunido e transformado em um livro. A idéia é de que todos os anos no mês de abril, se a idéia for bem aceita, seja lançada uma nova edição.
O resultado ficará no acervo da Biblioteca, para que daqui a alguns anos, os alunos retornem e relembrem dos acontecimentos, ou quando os filhos destes alunos vierem estudar na escola, vejam o que seus pais deixaram registrado. Todos estão convidados a deixar suas marca, com a manifestação que lhe for conveniente.
Culminando as atividades do mês, nesta sexta-feira, dia 29, está sendo realizada uma programação especial alusiva ao Dia do Livro. Trata-se de sessões de contação de histórias, com o professor Américo Piovesan. Ao longo de todo o dia, os alunos de todos os cursos, divididos em grupos, poderão participar das sessões de 30 minutos cada, realizadas no auditório.
Segunda a bibliotecária Daniela, tanto os livros para o troca-troca quanto as páginas para montar o livro podem ser entregues na biblioteca em qualquer turno. Também todos os servidores do campus estão convidados a participar das Sessões de contação de histórias a serem realizadas até às 21h de hoje.
Carla Maron
Jornalista do IF Farroupilha - Campus Santo Augusto/R.S
A aventura do cotidiano - Fernando Sabino
Todo dia ele ia para o botequim encher a cara e, quando chegava em casa, por qualquer coisinha descompunha a mulher, baixava o braço nos filhos mais velhos. Até que um dia avançou também para o menorzinho, mas a mulher o conteve, interpondo-se com decisão:
- Neste você não bate, que esse não é seu.
Do livro A falta que ela me faz. Rio de janeiro, Record, 1980.
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