
Onde moro
os grilos falam mais alto.
Não sei se festejam
não sei se reclamam
não sei se me enchem de vida
não sei se me enchem o saco.
São grileiros papudos
que fizeram um pacto
com Deus ou com o diabo.
Mas que incomodam, incomodam!
De vez em quando eu tenho uma tristeza.
Acho que é porque eu fico só.
Meus amigos fogem da minha agenda
e dizem que estão exaustos
numa rotina de dar dó!
Eu tenho a companhia de uma folha em branco.
É daquelas que aguardam, pacientemente,
A visita de dona inspiração.
É meu diário.
Não, não é festa, som alto,
brindes, piadas e outros encontros.
É pôr do sol, céu estrelado
e muito silêncio.
Nessa hora,
triste por ser refém
da deusa da beleza,
encontro algumas palavras
e também, com alguma sorte,
alguns versos e um pouco de amor!
O jornal está aberto
na coluna policial.
Alguém bateu
alguém brigou
alguém morreu
deram tiro
arrombaram
assaltaram
Leio o jornal
de trás pra frente
é piada
é horóscopo
é futebol
pan, pan, pan, pan!...
Uma criança
pede algo
pra comer.
A geladeira
não fez feira
só tem maçã.
- Só isso?!
Fico triste
com a miséria
desse mundo
um alarme
estressado
do meu bairro
quer socorro
ergo muros
boto grades
piso fundo...
Tenho medo de morrer
tenho medo de morrer
tenho medo de morrer!
Vou até o fim
fim lândia
vou até o final
final mente
até o fim
fim lândia
não vou sentar
pra ver o fim
fim lândia
nem chorar
antes do fim
fim lândia
vou lutar até o fim
fiel mente
jogar até acabar
o tempo
até o final do final
final mente...
Sei que eu vou até o fim
fim lândia
finalmente até o fim
Finlândia!
ENTREVISTA para as alunas Taiane e Alessandra, da turma 43, do IMEAB – Instituto Municipal de Educação de Ijuí – R.S. - para a primeira edição de seu jornal.
Ao responder as perguntas que essas meninas me fizeram, pude rememorar, aos poucos, alguns dos primeiros (pequenos) passos como escritor. Percebo que, ao responder suas perguntas desse jeito, estou omitindo tantas outras coisas, mas não tem como escapar – quando narramos certos acontecimentos, sempre fazemos um recorte da realidade.
Professor Américo, qual foi a iniciativa para o senhor escrever seus livros?
Desde criança eu gostava de ler e escrever. Quando tinha uns 14 anos, eu escrevia redações na escola, que eram elogiadas pelas professoras. Algum tempo depois passei a publicar poemas num jornal semanal de minha cidade natal – Frederico Westphalen/R.S. Mudei para Ijui/R.S. para cursar a universidade (curso de filosofia) e também para trabalhar. Durante anos trabalhei na gráfica e editora da UNIJUI. Nessa época rabiscava poemas nos cadernos de aula, mas não publicava. Escrevia alguns textos para os jornais da cidade, que eram do gênero crônica. Depois da graduação em filosofia, comecei a dar aulas na universidade (nas disciplinas de lógica e filosofia). Cursei pós-graduação em filosofia política e fiz mestrado em filosofia e metodologia das ciências. Durante uns quinze anos me dediquei à carreira acadêmica (até início de 2006). A partir daí saí da universidade, morei durante alguns meses no litoral (é um desejo morar próximo do mar) e, não tendo o que fazer, decidi retomar os escritos. Acho que o fato de ser pai (meu filho, hoje, está com 9 anos) tem também influência na decisão de escrever e publicar livros para crianças.
Professor Américo, que histórias contam os seus livros?
No primeiro livro, Teco, o poeta sonhador, em: os mistérios do porão, inicia-se uma aventura no porão da casa onde o personagem mora. Ele encontra uma porta que não conhecia... Quando consegue abrir aquela porta, uma sucessão de acontecimentos inesperados vão se sucedendo. Isso é sonho, fantasia, imaginação ou realidade? Deixo para o leitor (a) decidir! Igualmente, o que vai acontecer no final. No livro, Teco toma contato com a história de seus antepassados, através de objetos que eles usavam no seu dia-a-dia.
O segundo livro, Teco, o poeta sonhador, em: os segredos do coração, trata da escolha do time do coração – Grêmio ou Inter... É uma história divertida, com rimas, que nos faz refletir a respeito de como as crianças, influenciadas pelos pais, tios, avós, etc., fazem suas escolhas.
Professor Américo, quando deu vontade de escrever um livro?
Acho que desde quando eu era pequeno. E tem a ver com os livros que eu lia, as histórias que ouvia. Principalmente o incentivo de minhas professoras. Muitas vezes, depois de adultos ficamos com medo de publicar, achando que vamos ser criticados. Esse medo da crítica acaba sendo uma enorme barreira. Não que devamos publicar qualquer coisa. Uma maneira de enfrentar os medos é treinando muito (lendo e escrevendo muito). Não ficar satisfeito muito rapidinho com o que escrevemos. Temos que tentar melhorar sempre. Há um ditado que diz: 99% é transpiração e o resto é talento e inspiração! O certo é que sem vontade, coragem e muito sacrifício, não vamos a lugar nenhum em qualquer profissão. Mas, acima de tudo, é importante gostar do que se faz. No caso do escritor (a), o grande desafio é escrever aquilo que toque no coração do leitor!
Já fui o “docinho” de muitas beldades, executivas, professoras, gerentes de lojas e bancos, garotas de programa, diaristas. Doci...