quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

A borboleta beijava a lâmpada do meu quarto


A fera teve imenso prazer em narrar o último de meus fiascos, que assistiu de camarote.
Mais pesado do que tropeços de bêbado nas madrugadas.
Mais pesado do que foder a puta cinquentona mijada e manjada.
Um coroa sendo zoado e observado pelos olhos atentos de uma multidão de escrotinhos a partir da narrativa de uma biba tinhosa que tem pesadelos anoréxicos por causa de seu complexos, que psicólogas atribuem a uma infância infeliz.
Uma medonha empolgada e triste e em cima do muro.
Nas redes sociais é solidaria às causas das minorias, os excluídos, os desfavorecidos, o sofrimento dos animais... Porém, nos grupos de futebol e beisebol e torcida organizada do glorioso Avante Futebol Clube, ela é o centro, manipuladora, a (o) intelectual, o garoto (a) que semeia o "politicamente correto".
Um musculoso transbordando pureza, e que gosta de coisas simples: jantares com sua esposa oficiala, bons livros e boa música e séries na Netflix.
Sujeito que organiza os eventos da torcida do time, patrocínios e tals e cuida do caixa 2.
Se partirmos pra imagem das bonecas russas, tira máscara e outra e mais outra máscara, emerge um radiante Frankenstein.
Mas não se empolguem, irmãozinhos: ninguém sabe até onde cada um de nós se esconde e se mostra.
A verdade sempre escorrega, desliza, está onde menos esperávamos. Não somos um espelho inteiro, cada figurinha no seu devido lugar. Somos mais uma lixeira trasbordando cacos de vidro.
É uma questão de tempo. A leoa vai se soltando, vai florescendo, uma pétala, outra pétala, bem-me-quer, malmequer, sou-do-bem-sou-do-mal-sou-legal-eu-sou-bad.
O que vale é o que aparece. O bom carro, as propriedades, o discurso, a oficiala que apresentamos nos ilustres momentos.
Mas tem sujeitos com essa aparência tranquila que de uma hora pra outra mergulham de pontes e de prédios ou que se jogam na correnteza de rios apressados, como se fossem garotos kamikazes.
Aqui estou, despedaçado, fazendo intriga. A biba fez isso, a biba fez aquilo.
Todo mundo tem segredos e pensamentos e impulsos e desejos impublicáveis, que nem o FDP do Sombra controla.
Uma da manhã, enroscado nessas mágoas ressentidas, eu atuava numa bronha valente e solitária, na companhia de uma borboleta enorme e colorida e transgênica, que beijava enlouquecidamente a lâmpada do meu quarto.

(B. B. Palermo)


terça-feira, 7 de janeiro de 2020

O dia em que a verdade se revelou


Lucy saltou fora outra vez. No bar, energias paranoicas dançam no meu copo e me distraem da percepção verdadeira do que acontece ao redor. Aí um amigo mandou pelo WhatsApp umas fotos de uma garota argentina que é stripper em algumas boates daqui, foto toda produzida no Facebook, parece uma estrela de filme hollywoodiano. Pense numa belíssima de pouco mais de 20 anos. E não vi no seu rostinho aquela safadeza que leva um coroa apaixonado à falência.
Eis que chega no bar o Seu Amadeo, para beber seus dois litrões  e trovejar sandices. No semáforo da esquina magrões detonam as caixas de som de suas picapes. Seu Amadeo ergue o tom:
- Caras chatos, nem tico têm e quase não endurece, aí botam a música lá no alto.
Havia uns carinhas por ali, sentados. Nos entreolhamos.
- Pronto.
- A velha ladainha.
- Eu amo todos os meus amigos - seu Amadeo agora é um cidadão preocupado - mas eles não sabem se cuidar. O cara é careca, anda de bicicleta, por que não coloca um gorro na cabeça?
O brotinho em sua corrida, de roupas justíssimas e adequadas,  atende o celular e deixa seu Amadeo puto:
- É o fim da picada! Ela não sabe por onde anda!
A garçonete apanha copos e garrafas e limpa outra mesa e seu Amadeo dispara:
- Guria, eu tem amo, mas fica em segredo.
Pouco depois Ele abana pra atendente de farmácia, do outro lado da rua.
- Olha lá, a minha namorada.
A semana foi de chuvas intensas.
- Queria que chovesse, pra chegar em casa e dormir.
Brotos caminham pela calçada em suas calças leggin e shorts ajustadíssimos. O velho fica babando.
- Elas tão procurando homem!
Cretino, diz que conhece o mundo. Pisco o olho pros outros e pergunto quais capitais ele conhece. Desconversa e desconversa. Setenta e poucos anos, quer uma arma pra se defender.
- Mas o senhor, com uma arma em casa, meio deprimido, não vai se dar um tiro na cabeça?
Mesmo bebendo todas, todos os dias, garante que tem desenvoltura pra encarar qualquer bandido. Isso aí, somos todos machos valentões, e isso é o que importa.
Seu Amadeo é prolixo, cutuca qualquer assunto.
- Até eu, que sou meio bobo, já sabia que esse governo não ia dar certo.

Agora ele ignora os demais e me aluga. Sua papagaiada envolve a rotina familiar. A filha, a neta, o genro, a ex-mulher. Ele não sabe o que é terapia. Cura pela fala. Método de associação livre.
A verdade se revela, assim, num relâmpago: jamais serei psicanalista. Eu não suporto ouvir a repetição e repetição desses dramas, parecidos com aqueles filmes de Woody Allen.
O filho da puta não sabe que terapia implica investimento, pagar alguém pra que nos ouça em nossas paranoias que se repetem.
Falei do CAPS pro velhinho. Um psicólogo, ou psiquiatra, ou psicanalista vai te ouvir de graça, pelo menos uma hora por semana. Ou pega o dinheiro que queima em cerveja e paga pra uma psicóloga te ouvir, com o direito de se apaixonar por ela.
Enfim, outro dia no bar, e que rendeu outra verdade: não vale a pena ficar velho e depender cada vez mais de ouvidos de bebuns, encontrados ao acaso nesses botecos. E o pior: sem ter ideia de que está repetindo pela centésima vez a mesma história.

(B. B. Palermo)

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Conclusões apressadas de todo ano


As fotos dessas garotas em seus perfis no WhatsApp e Facebook - de sorrisos encantadores e batons vermelhos e poses com pouca roupa - combinam com o calor de 40 graus e a sede por espalhar a sensualidade.
A meteorologia não traz esperança, e o clima derrete minha paciência nessa virada de ano.
A TV mostra e mostra a pirotecnia que será a queima de fogos nas principais capitais do país. São esperadas 3 milhões de pessoas em Copacabana. Grandes shows num palco gigantesco em São Paulo.
Todos correm e gritam e sorriem e renovam os sonhos.
Não conseguirei sentar diante da TV, "com a boca escancarada cheia de dentes esperando..." o dia primeiro de janeiro de 2020 chegar.
Aqui estou surfando na turbulência de um grande tédio.
Todos os anos, a televisão e o resto da mídia e as pessoas se comportam do mesmo jeito: previsíveis.
Numa mesinha de um bar eu refletia sobre essas coisas, quando notei um sujeito descer do carro, falando no celular.
De imediato mapeei seu perfil: eis um cara prático, deve ser engenheiro ou dono de loja de peças para máquinas pesadas.
Aqui está um dos nossos grandes e feios defeitos: partir para conclusões apressadas.
Ele pode ter sido ator famoso de nossa Broadway, ou de Hollywood.
O rei da soja no Centro-oeste brasileiro.
O cara que bancou a mais gostosa da Playboy...
Eu aqui julgando, limitado pelas pretensões de minha míope visão.
Pela manta surrada, de tantos invernos.
Pelo capuz do meu resfriado.
Pela jaqueta e uísque e aparelho de som do Paraguai.
O dia 31/12/2019 é de um calor broxante.
E na minha cabeça o inverno entrou de férias
e levou consigo meu punhado de paciência para com as coisas do mundo.

(B. B. Palermo)


segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

As coisas não estão tão ruins assim



Esses caras que compartilham conteúdos de m**** nas redes sociais me fazem lembrar das minhocas esforçadas que transformam o lixo úmido em adubo pra minha horta.
Que bela missão eles têm!
Isso tudo é o que faz a máquina girar.
Não sei pra onde, e isso é o que menos importa.
Garanto pra vocês que as coisas não estão tão ruins assim.
Se vocês protestarem:
- Não estão ruins, Cadelão? Teu cu!

Eu vos perdoo.
Vivemos de fases, seus malucos.
Conheço uma garota que suga a grana de um plantador de soja.
Ela me chama, entro na festa fantasiado de Homer Simpson. 
O plantador banca tudo e parece feliz.
É isso, meus brothers. Viver requer certo risco.
Mas vamos em frente.
As coisas não estão tão ruins assim.

(B. B. Palermo)

domingo, 29 de dezembro de 2019

Deus! Que domingo de tarde inesquecível!


Deus! Que domingo de tarde inesquecível!
Começou aquela chuva, e as cadelas do prédio ao lado dançam na sacada, bêbadas.
Jesus, dai-me a inspiração do Bukowski nessa hora.
Meu amor está distante, e eu não sei expressar direito o amor que sinto por Ela.
(B. B. Palermo)

sábado, 28 de dezembro de 2019

Eu pensava outras coisas



O casal de garotos bebe em silêncio na mesa ao lado. Sete da noite, 40 graus e eu acabei de retornar da padaria, onde almocei uns pasteizinhos e café com leite, expresso.
Sentado naquela mesinha solitária da padaria eu observava senhoras e crianças e garotas de shortinho na fila do pão. Óbvio, como a sexta, que me perguntava Quem somos nós na fila do pão?
Eu pensava outras coisas. Na Lucy, seus vinte e poucos, aquariana que, segundo os astros, combina com meu signo. Eu sonhava que ela seria a agente literária perfeita do Cadelão, prestativa, como ela se autodefine.
Eu pensava outras coisas. Como seria maravilhoso se eu fosse a reencarnação do Hemingway, se pudesse retomar e tocar adiante sua obra, e também pudesse ser um escritor reconhecido no planeta inteiro, e ter inspirações em português e inglês e italiano e espanhol, e ter um romance roteirizado e transformado em filme.
Eu pensava outras coisas. Em Lucy e seu papel de mãe, em Hemingway e a inveja que ele me despertou quando li "O sol também se levanta" e "Adeus às armas". Porra, quando vou conseguir bolar aqueles diálogos espertos entre os personagens? Quando vou conseguir descrever cenários e paisagens com a riqueza de detalhes e a concisão que o FDP conseguiu?
Eu pensava outras coisas. De que devo ler menos os grandes e mais uns escritorezinhos de merda, uns pretensiosos que encontro por aí, com certeza isso vai levantar meu astral.
Eu pensava outras coisas. De que enchi o saco de tanta punheta e sexo casual e que Lucy devia me compreender, Ela é a garota de minha vida, porque nós dois somos loucos e aventureiros, no fundo ela adora esse coroa bebum e escroto e sensível e espirituoso.

(B. B. Palermo)


quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Somos uns FDP tão burros que até parecemos ingênuos




Estamos juntos, com nossas bicicletas e esteiras e cacetes e xotas abandonadas num canto.
Estamos juntos, com nossas veias entupidas de tanto transportarem frustrações.
Me identifico com todos, por isso estamos juntos. Flutuo entre uns caras surdos que berram toneladas de amenidades e depositam numa latrina minha sede.
Estamos juntos, com nosso cabelo cada vez mais ralo, nossas olheiras e dentes mal cuidados, nossas orelhas mergulhadas na cera, nossas mulheres que funcionam como babás.
Nossos aluguéis atrasados, nossas mansões e venenos derramados nas plantações e nossos bebês prematuros e seus defeitos, como se recebessem uma tatuagem ou marca, a nossa idolatria ao progresso.
Estamos juntos, com nossos carros econômicos e limpos e brilhantes, como se fossem limusines, com nossas festas de fim de ano, da empresa e da escola e da família, e nossas postagens bonitinhas nas redes sociais com aquela ortografia horrorosa.
Estamos juntos, com nossos chás emagrecedores e frutas que apodrecem na fruteira e legumes mofados na geladeira. Adoramos citar Clarice Lispector e Martha Medeiros e Mario Quintana, aquelas merdas de autoajuda que fingimos não saber que não foram esses caras que escreveram.
Estamos juntos nessa de sermos uns filhos da puta tão burros que parecemos ingênuos.
Estamos juntos com nossa raiva que faz estragos, como se fosse granada explodindo no meio da multidão. Nossas respostas amargas e ríspidas a quem nos contraria revelam imensa fraqueza. É como se abríssemos uma clareira na floresta usando facão sem cabo e sem usar roupa ou qualquer proteção, totalmente nus e expostos às investidas de cobras e insetos.
Estamos juntos nessa de nos considerarmos anjos rodeados de cobras e insetos.
Estamos juntos, com nossos lençóis limpos, sacadas arejadas e amantes discretas e compreensivas, como se existissem apenas no imaginário. Estamos juntos, mulheres perfeitas existem apenas no imaginário. Estamos juntos, homens perfeitos não existem. Me conheço.
Estamos juntos. Se me perguntarem: Pra 2020, escolherei Cristo ou álcool ou drogas? Simplesmente responderei:  Sou todo Lucy, com seus peitos e coxas e bunda musculosa e sacadas espirituosas e sotaque portunhol que bombeia meu sangue até os países baixos e sua personalidade inesquecível que amarei eternamente no ano que vem.
Estamos juntos e sabemos que somos anjos protegidos por nossos deuses e ídolos do esporte e da música e da política, seres reais e imaginários, responsáveis pra dar sentido pra essa vidinha de filhos da puta pra lá de burros, mas tão burros que até parecemos ingênuos.

(B. B. Palermo)
                                                        

sábado, 14 de dezembro de 2019

Nada, nada, nada


A folha em branco, copo d'água e uma cerveja, e nada, nada, nada.
Um velho ansioso pra contar as cagadas que fez na semana, a folha em branco esperando, e nada, nada, nada.
A cerveja pouco gelada, o tímido colarinho, o velhinho que insiste em bater papo, a folha em branco, e nada, nada, nada.
A ressaca que grita mais alto, planos outra vez adiados, o comportamento esquisito do trânsito na noite de sexta, a folha em branco, e nada, nada, nada.
O silêncio dos coerentes, a gritaria dos idiotas, jovens e velhos só falam em negócios e grana, a folha em branco, e nada, nada, nada.
Greves no topo, greves quase estourando, governantes são cocô de cachorro que pisei na calçada, meu coração reclamando, a folha em branco, e nada, nada, nada.
Alarmes disparam, guardas berram salários atrasados, câmeras de segurança estão me vigiando, a folha em branco, e nada, nada, nada.
Mapas estão sobre a mesa, mapas estão nas paredes, mapas estão olhando e rindo de minhas  escolhas, a folha em branco, a caneta fiel e impotente, e nada, nada, nada.
Gostaria de conhecer todas as putas da cidade, gostaria de casar com uma virgem e viver bodas de ouro de fidelidade... hoje estou delirando... a folha em branco, e nada, nada, nada.

(B. B. Palermo)

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Final do campeonato gaúcho de futebol feminino



Quando sentei na arquibancada os dois times estavam aquecendo. Reparei na massa muscular das gurias... Jesus Cristo! Os músculos a mil, vibrando, principalmente as coxas... Aquelas musas derretiam meu olhar, os cabelos amarrados, a pele bronzeada de treinos e jogos no sol a pino.
O suor, a motivação, a vontade de morder a bola. Velho, eu observava tudo aquilo e também queria ser mordido, ser o cara, no caso, A BOLA... isso, queria ser pisado, agarrado, chutado.
Pouco antes de começar o jogo eu via as gurias dos dois times abraçadas, formando dois círculos perto do meio campo... As CAPITAS dando aquela moral e motivação, "Todo mundo ligada..." e "Vamos lá, todo mundo comendo a grama, é o jogo de nossas vidas..."  E então o grito "Inter, Inter, Inter!". A mesma coisa no lado do círculo com as gurias do Grêmio... "Grêmio, Grêmio, Grêmio!".
Cara, aí eu também me motivei. O sangue ferveu e o radiador furou e eu decidi ir pra copa sugar um latão de cerveja, lamber a espuma que ficou nos beiços, olhando e devorando aquelas deusas que começaram a voar no gramado.
Daí a pouco um maluco, cara de chapado, e que se desgarrou de uma torcida organizada, se aproximou com esse papo: Mano, tu viu como elas entram nas divididas... Mano, tu viu como elas se enroscam e se agarram... Mano, olha só como elas se agarram!
A criatura exibiu um punhado de notas de cem reais... e ficou dizendo pra esse Cadelão, Mano, tu é ingênuo... Mano... o que tu vê aí dentro de campo, desde a massagista, a fisioterapeuta, a técnica... as jogadoras... Mano, todas elas são lésbicas... Aí eu falei: Velho, se isso for verdade, eu tô em casa... Eu também sou lésbico.
O cara ficou me encarando e deve ter pensado "Sujeito mais estranho, véio!".
 Dali a pouco falei pra ele: Tá vendo aquele filho da puta grudado na tela do alambrado? O infeliz xinga a árbitra, a técnica adversária, a bandeirinha... Esse retardado está estragando o que o futebol tem de melhor, que é jogar com alegria.
Botei filosofia pra cima dele. Falei, Malandro, pra mim o que vale é a arte dos movimentos... O mais bonito e que me alegra é a estética da coisa...
Foi então que o inteligente veio com uma de comparar a pouca qualidade do futebol das gurias, com relação ao futebol da série A do campeonato brasileiro. "As gurias correm pra todo lado, meio perdidas... quem pensa um pouco e tem qualidade no passe e no chute vira craque".
Falei pro cara: Velho, tu tá acostumado com o futebol que passa na TV... Acorda, meu, 95% do futebol dos machos que rola no país é mais feio do que esse aqui. Além disso, acho muito mais interessante pousar meus lindos olhos nas pernas dessas gurias do que nas pernas dos marmanjos. Sempre vou preferir ver as deusas correndo atrás de uma bola.
O cara foi pro banheiro. Aí o segurança do bar, que observava e ouvia nosso papo, se aproximou e falou: Fica ligado, meu, esse cara é uma "mula".
No segundo tempo foi gol em cima de gol. Putz, a comemoração das gurias me pareceu uma imitação do jeito de comemorar que sempre se vê no futebol masculino. Puta merda, não acredito que elas estão imitando os caras! Elas deviam se agarrar e se abraçar e se beijar daquele seu jeito "lésbico" (kkkkk... Claro que isso só passou pela parte mais "suja" de minha cabeça... Não falei pra ninguém... Imagina ser carimbado como um simpático machista).
Matutei: As gurias não tem que reproduzir o que o futebol tem de pior, que é a violência, a competição... e de valorizar apenas a vitória, ainda mais quando o jogo é feio... Observei as comissões técnicas, suas olheiras, carinhas de pouco sono e muito estresse. É o que se ganha quando se encara o futebol apenas da perspectiva dos resultados, ou seja, quando só interessa a vitória e o lucro. Pensei: Velho, acho que essas criaturas quase não dormem. Caralho, parece que estão se transformando em máquinas!
No final do jogo, não sei por que, fiquei meio triste. Sendo uma decisão de título, enquanto um time de deusas ficou superfeliz, o outro time de deusas ficou hipertriste. Velho, eu me dividia. Não sabia se comemorava o título com as campeãs, ou se abraçava as garotas derrotadas e chorava junto. Como tinha muita gente comemorando, no gramado e arquibancadas, pensei que minha missão era consolar as gurias que perderam. Foi o que fiz. Me dirigi até o seu vestiário. Ao chegar, fui barrado por um segurança, um armário de uns dois metros de altura. Droga... Eita vida cruel. Velho, acho que nasci numa época errada... Só Pode... Ninguém me compreende!
Mas ainda não quis me retirar do estádio. Havia algo guardado para mim, pensei. Observei uma repórter de TV perto da boca do túnel. Era a Kelly Costa. Caramba, como ela é linda! E ela me viu... Gente, Ela trocou olhares comigo! Sim, me pareceu interessada em saber quem eu sou...
É isso aí, velho, com esperança o mundo tem tudo pra dar certo!

(B. B. Palermo)

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Sempre há motivos para beber mais uma



Na loja de conveniência do posto de combustíveis, observo uma jovem garota comendo salgadinho e bebendo um copão de café preto. 
Convenço-me de que a cena vale outra cerveja.
Jovem, e de medidas desproporcionais. Isso numa cidade repleta de gatas lindas - tanto loiras quanto morenas. 
Meus olhos estão dispostos, encaram o que vier.
Hum... Encontro-me numa distância de uns cinco metros, e percebo que me enganei. Não é café, é refrigerante, Fanta uva. 
Sofregamente, a moça dá conta do salgadinho. 
Agora ela devora um enroladinho. Bom apetite. Mastiga e engole no mesmo ritmo alucinado do trânsito à tardinha. 
Nunca saberá que a flagrei em plena luz do dia do pecado.
Nunca saberá que foi dominada pela gula, uma parte angelical e, ao mesmo tempo, diabólica do seu corpo.

(B. B. Palermo)

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...