quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O MELHOR

Desenho de Giovanni Pasquali Piovesan

Chegar em primeiro, subir no pódio, é tudo que esperam de mim. Nem bem saí da barriga de minha mãe, já escolheram meu nome - um nome de craque.
As roupas que vou usar, as cores preferidas, o time que vou torcer, não ajudei a escolher. A cor dos meus olhos não puderam escolher... Mas a torcida foi intensa, organizada, e só o tempo fez eles buscarem outras coisas.
Meu pai é canhoto e sabe de cor as mil e uma vantagens de chutar com a esquerda. Porém, até hoje ele não sabe dizer por que só escreve com a mão direita. Canhoto é mais inteligente, ele diz, mas não sabe explicar por que ganha tão pouco. Aí ele fala: inteligente não significa ganhar muito dinheiro, mas viver bem. Ter muitos amigos, saúde e alegria, sem temer, de vez em quando, algumas decepçõezinhas – do tipo levar uma goleada em grenal.
Abro o jornal, ligo a TV, converso com os amigos, e o futebol está sempre no meio. Faz companhia, a mim e aos meus amigos, até nos nossos sonhos. Sim. Até nos sonhos. Dia desses, era véspera de jogo - competição que sempre chamam de “Copa Integração” - e de noite sonhei que meu time começou perdendo por dois a zero. Muita aflição, correria, e no final viramos pra quatro a dois. Fiz dois gols, é claro!
Como vocês podem ver, não decepcionei meus pais. De novo estou no pódio. Mas não vou dizer quem sou dos três. Se sou o terceiro colocado, sou o menos estressado em ter que sempre vencer. E já vou avisando: a cor não interessa. Não é por que visto vermelho que sou colorado! Não parece que, por não ter a obrigação de chegar em primeiro, estou menos tenso, nervoso, e sim mais relaxado?
Como vocês podem ver, se sou o segundo, meu prazer maior não é estar ali, e sim no banheiro, fazendo xixi. Mas sabe como são as solenidades. Dizem que é feio quebrar o protocolo!
Se sou o primeiro colocado, parece que dos três sou o mais entediado, por ter que ficar no topo da escada, talvez nem tenha feito tanta força pra chegar lá em cima... Ou isso é papo furado, coisa dos comentaristas de rádio, colunistas de jornal, que todo dia precisam dizer alguma coisa, e fazem de conta que não sabem que vivem repetindo, repetindo, sempre o mesmo assunto. “Segundo o matemático Osvald de Sousa, o time x tem 89% de chance ganhar o campeonato”, “o time y tem 90% de chance de ser rebaixado”, e tantos outros papos furados!
Pensando bem, até que eu gostaria de chegar em primeiro lugar, mas não tem problema se for de mentirinha, de faz de conta. Acho que o mais importante é brincar. Não é isso o que está faltando ao Ronaldinho Gaúcho? Ele joga sem alegria, o seu corpo, molenga, passeia no meio do campo, e o seu coração vagueia noutro lugar!

terça-feira, 30 de setembro de 2008

HOMENAGENS



Vamos dar um tempo aos desenganados, para que a solidão invada seus leitos e faça o inventário de suas vidas. Falemos dos vivos, os outros deixarão suas obras gravadas em nossa memória, boas ou más, por muito tempo depois, nas datas comemorativas.
Falemos dos que se esforçam e rastejam, passo a passo, Everest acima em busca da pureza. Dos nietzchianos que, solitários, vão até a montanha trocar confidências com Zaratustra.




Os que acreditam na missão do homem, ser bom, belo e justo. Os que lutam contra as forças maléficas do inferno e do purgatório, e almejam a brancura de sua alma indolor, falemos com devoção. Aqueles que dedicam um terço da vida a plantar mistérios em Platão, que dormem e acordam com a idéia e a essência na cabeça, falemos com admiração.
Falemos das crianças vistosas, bem-vindas às milhares de informações processadas com alegria por seus cérebros piscantes.
Falemos dos loucos, que atravessam os séculos como pombos-correio, dizendo muito, o que é pouco, para nossa atrofiada razão. Que causam calafrios e estranhamento nos burgueses, operários, humildes, caquéticos. Seus faróis alucinados apontam para todas as direções, e derramam jatos de luz nos personagens pálidos da noite.
Falemos da primavera, da seiva em disparada antecipando brotos, flores e frutos, nos quintais, pomares e sítios. Do canto dos pássaros e de nossa sapiência com o riso de novas melodias. Da cadência da chuva, qual banda afinada de colégio, ansiosa por agradar a platéia.
Dos moribundos cochichemos preces antecipadas, choros e lamúrios, fé e esperança, até se dissiparem em nuvens nômades de verão. Todavia, achemos graça, sem culpa, dos graciosos e ridículos momentos de suas vidas, e marchemos de cabeça erguida para outras direções, sabendo que a vida nem sempre concordou com o nosso desejo.




Falemos das empregadas domésticas, que torcem, lavam e passam nossos pijamas, calças, camisas e cuecas. Dos pernilongos, aranhas e baratas, que usurpam nosso tempo nas gôndolas sortidas de marcas de inseticidas nos hipermercados.
Falemos do varal, do vento e do sol, que não cobram ágio e, alegres, secam nossas roupas.
Sobretudo, falemos dos vivos, os que renascem dia após dia, sejam calvos, brancos, amarelos, pardos, pálidos também, que se esforçam para vencer seus venerados hábitos, e que descobriram que o conhecimento é um ato corajoso, uma corrida vertiginosa ladeira abaixo, buscando no final tudo desaprender.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A RAPOSA

Uma raposa passeia no sótão...
- Toc, toc, tuc...
Tuc, tuc, toc, tuc!

Se é velhinha e neurótica, não sei...
Não nos conhecemos pessoalmente.
Mas vivemos sozinhos,
mesmo rodeados de gente.

Não sei o que pensa de mim.
Dela, também nada sei...
Nem consigo adivinhar
o que ela faz - se é mãe
tia ou vovozinha...
Apenas sei que,
quando caminha,
com muito estrondo,
sacode a minha vida!

- Tuc, tuc, toc...
Toc, toc, tuc, toc!

Correria no sótão,
e não sei se está saindo
pra dormir fora
ou se está chegando
pra dormir agora...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

CARPA DE PESQUE-PAGUE


Peixe sênior de pesque-pague, seduz carpas graúdas e veteranas, incumbindo-lhes a missão de cupido, para puxar suas orelhas, e as da sua pretendente, a qual espera o dourado vistoso, que amanhã vai enfrentar confiante as corredeiras do rio Uruguai.
Ninguém percebe, ou disfarça muito bem, que se lamenta porque a tempo não sobe a corredeira. Piracemas pertencem a um mundo ideal de utopias distantes que quase deletou da memória.
Carpa de pesque-pague, já não se entedia com a ração fracionada, embora sua alma de dourado jogue sob pressão e, por isso, às vezes, tem a coragem de piruetar no meio do açude.
A ração e o pesqueiro não o afastam totalmente da fúria, quando seu instinto assassino olha de atravessado para as carpas domésticas. Às vezes, em sonho, aventura-se com alma de tubarão. Mas boa parte das vezes é medroso e faz de conta que não enxerga a lama que se deposita no fundo do lago, vê apenas um límpido azul na parede de seu pequeno horizonte, como se fosse painel de publicidade.
Não deixa seu lago desembocar nas ruelas escuras e pútridas dos subúrbios, pois está hipnotizado pelas vitrines dos shoppings do centro da cidade.
Não se deixa arrastar pelas correntes furiosas que atracam em novos portos e mundos, prefere a água parada de sempre, mal-cheirosa e turva, pois a conhece de antemão, e as reações dela não mais o assustam e surpreendem.
As safras se repetem e, sênior, é apanhado por redes de malhas cada vez mais grossas. Mas o tédio da domesticação deixa alguma liberdade para se divertir com as carpas salvacionistas e, ambos, mergulham fundo no barro da futilidade, com demasiada seriedade, que até esquecem de rir de si e tirar o pó dos móveis da sala de visitas, e sua alegria monótona e previsível, como o choro de um cãozinho faminto, já não os surpreende.

ALGODÃO DOCE

Algodão doce
é neve
colorida

primavera
que roubou
o cardápio
da sorveteria

e espalhou
por aí
essências
de framboesa
maracujá
chocolate
morango
abacate
e abacaxi.

É neve
pra lamber
os dedos
e o beiço.

Não gela
refresca
desmancha
e derrete
na boca.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

BRUNA, BRUMA, BRAHMS

BRUNA
BRUMA
BRAHMS

Tudo começou
com o murmúrio
de um piano
numa tarde
breve
de sol
arco-íris
e chuva

Bruna
beijou
as ondas
com seu lábio
doce e leve
de pluma.

Ao longe
um piano
tocava Brahms
e os pés de Bruna
tamborilavam
canções
de espuma.

Antes tímida
a bruma
banhou Bruna
e semeou vertigens
em seu corpo
de mulher
sereia
e menina.

O sol já vai se pôr
e gaivotas
irrequietas
mais um poeta
sonhador
aguardam
a maré subir
e trazer
Bruna
bruma
o amor!

VOCÊ TEM FOME DE QUÊ?

Pode-se escrever sobre o amor usando apenas a imaginação? Ou necessitamos da experiência, seja boa ou dolorosa? É necessário que o coração abra suas comportas e esvazie o reservatório da razão, e derrame combustível na fogueira imaginária?
Para tudo na vida precisamos ser desafiados, seja nossa razão, coração ou imaginação. O desejo deve, faminto, bater à nossa porta. Disse o filósofo grego, Sócrates, que o amor é o que não temos, e que nos faz falta. Resta definir o que realmente falta em nossas vidas. Adélia Prado, grande poeta brasileira da atualidade, resolve o dilema num verso: “Eu não quero faca nem queijo, eu quero é fome”!
Que fome é essa? De beleza, criação, amor, conhecimento, prazer, emoção! A banda de rock, Os Titãs, fala disso numa música. Primeiro, faz a seguinte pergunta: “você tem fome de quê?” E a resposta vem no desenrolar da música... “A gente não quer só comida... A gente quer...”
Para saciar nossa fome precisamos ultrapassar os limites que nossa cultura nos impõe. Se a ciência sofre, desde Adão e Eva, da “doença da curiosidade”, nós também, em todos os espaços de nossas vidas, precisamos ser tocados por esse vírus. Enquanto, na fronteira da Suíça com a França, os cientistas estão colocando pra funcionar o acelerador de partículas, visando desvendar os segredos da origem do universo, nós, em meio ao tédio, dor, repetição do cotidiano, podemos buscar algo que ultrapasse esses limites. Como? Em arte falamos do belo, do sublime, momentos que cada um pode experimentar do seu jeito. Não há receita, conselho, manual de auto-ajuda... Cada um precisa ver/descobrir a partir de si mesmo.
Não sabemos até que ponto nossa cultura blindou e decorou o amor, que nos deixa famintos, com contornos idealistas. Em Platão o amor deve afastar-se da sensibilidade (inconfiável e mutável – “coisa” do corpo) e tornar-se idéia pura, universal e eterna. Esse amor, o “amor platônico”, chamamos de amor sublimado. Até que ponto endeusamos, no rastro de Platão, o amor, por exemplo no cinema, literatura e filosofia, na tentativa de compensar sua ausência ou falta na concretude de nossa vida? Enfim, cá estamos nós, “mal amados”, em nada satisfeitos, a barriga reivindicando uma fome que não só é comida. Desejamos, com muito amor, buscar através da palavra (seja poema, conto, crônica, música ou teatro...) ultrapassar os limites da linguagem e da vida cotidiana, e penetrar nas camadas mais livres, misteriosas e profundas que permitam dizer e amar algo novo.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O SONHADOR E O MAR

Flagrei-me consultando o mapa do Guia Quatro Rodas, meus olhos desejando conhecer a vasta extensão do litoral do Brasil. Meus sonhos aterrissavam nas praias, caminhavam de pés descalços pela orla, a água lambendo meus dedos...

O sol estava se pondo, e não pude evitar compará-lo com os que vi noutros tempos.

Sei, a primavera traz boas lembranças, o calor, festas, final de ano que se avizinha, tudo se insinua ante meus olhos, nas vitrines, cores do vestuário, braços e pernas já se bronzeando...

Há o apelo para que relaxemos, a mística para conhecermos lugares distantes... Não tendo outra saída, aqui no noroeste do estado, rodeado de soja e banhado pela terra vermelha, recorro ao amigo poema!

__________________________________

O SONHADOR E O MAR

Minhas nóias de consumo

descarrilaram trilhos poéticos

e a primavera fez brotar

velhos sonhos materiais.

Aflições existenciais

foram pro espaço

edifiquei em seu lugar

uma casa perto do mar.

Tijolos brita areia

ferro cimento

planta planos

fui às compras...

Vizinhos passantes

a diretoria do bairro

engenheiros arquitetos

aprovaram a sinceridade

dos meus planos

todos estão sensibilizados

com a bravura dos meus sonhos...

Meus sonhos...

seja o mais breve ano novo

seja agora neste instante

(e cada segundo que passar)

buscam delirantes

o cheiro cor som

sabor do mar...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008


Flagrei-me consultando o mapa do Guia Quatro Rodas, meus olhos desejando conhecer a vasta extensão do litoral do Brasil. Meus sonhos aterrissavam nas praias, caminhavam de pés descalços pela orla, a água lambendo meus dedos...
O sol estava se pondo, e não pude evitar compará-lo com os que vi noutros tempos.
Sei, a primavera traz boas lembranças, o calor, festas, final de ano que se avizinha, tudo se insinua ante meus olhos, nas vitrines, cores do vestuário, braços e pernas já se bronzeando...
Há o apelo para que relaxemos, a mística para conhecermos lugares distantes... Não tendo outra saída, aqui no noroeste do estado, rodeado de soja e banhado pela terra vermelha, recorro ao amigo poema!

O SONHADOR E O MAR

Minhas nóias de consumo
descarrilaram trilhos poéticos
e a primavera fez brotar
velhos sonhos materiais.

Aflições existenciais
foram pro espaço
edifiquei em seu lugar
uma casa perto do mar.

Tijolos brita areia
ferro cimento
planta planos
fui às compras...

Vizinhos passantes
a diretoria do bairro
engenheiros arquitetos
aprovaram a sinceridade
dos meus planos

todos estão sensibilizados
com a bravura dos meus sonhos...

Meus sonhos...
seja o mais breve ano novo
seja agora neste instante
(e cada segundo que passar)
buscam delirantes
o cheiro cor som
sabor do mar...

domingo, 24 de agosto de 2008

OLIMPÍADAS NA INFÂNCIA

É uma grande alegria ler um livro para teu filho (de oito anos), e ele saborear e se divertir contigo no rastro das peripécias dos personagens, suas manhas e nóias... Claro, a criança não vai abrir mão das promessas, pouco convictas, que seu pai fez na véspera: disputar olimpíadas, ao estilo das da China, a começar com a competição de judô em cima da cama, com direito a eliminatórias, fases semi-final e final. Tudo devidamente cronometrado e observado pelo “árbitro”. Seu pai sendo punido se, num momento de desvantagem, apelar para as cócegas. Torneio de vôlei na garagem, com três sets de vinte e cinco pontos cada partida. Finalmente queimada, numa competição de, pelo menos, trinta pontos...
Na infância é barbada ganhar/passar o tempo. Ao brincar, nos desvencilhamos do tempo e, de certa maneira, relativizamos o espaço. Pode-se brincar de muita coisa. E há um ganho extra: exercitamos nosso (cada vez mais) preguiçoso corpo.
Mas voltemos à história do livro. Se o corpo ficou exausto com tantas olimpíadas e campeonatos que teu filho te submeteu, espalhar livros pela casa é uma estratégia que pode dar muito certo. Jornais e cds também contribuem para isso. Nos intervalos de uma e outra competição, você diz para teu filho que está com sede, que precisa respirar um pouco... Aí você abre um livro, que tinha sido folheado na noite anterior, que te despertou interesse, antes de você ser vencido pelo sono, etc., etc. Você começa a ler em voz alta. Por via das dúvidas, é bom deixar um copo com água por perto, caso tiver que ler o livro até o fim.
Eis que irrompe o momento mágico. Iniciada a viagem com os personagens, teu filho embarca contigo, páginas e mais páginas... Nessa aventura, você tem mais de uma opção. Podes ler até o fim, ou deixar algumas histórias/capítulos para ler depois, como curiosidade adicional – como fazem as telenovelas. Mas quem disse que você deseja parar? E o menino quer conhecer o autor. As ilustrações, caricaturas, etc. contribuem nessa hora. Você então recorda a tua adolescência, já lia os livros dele – além do mais, ele já era tão importante a ponto de participar de tuas aulas de literatura... E, assim, o autor está pertinho da gente, mesmo sem nos darmos conta.
Para encurtar esta história, meu filho me fez perceber que há um mundo imaginário fantástico que se descortina com os livros, e participar desse mundo não é privilégio apenas da infância... Por isso, obrigado pelos teus livros, e pelas histórias que contas, Moacyr scliar. (O livro aqui citado intitula-se Um país chamado infância, e foi publicado em 1997, pela editora Ática).

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Turma do Teco


Sexta-feira 15 de agosto a Turma do Teco participará da Segunda Aldeia Sesc Ijuí com a Peça Teatral baseada no livro Segredos do Coração. O roteiro, direção e performace é da Professora e atriz Eloísa Borkenhagen. Os alunos envolvidos são da E.E.E.F. Pedro Maciel do Itaí.
Após o Espetáculo haverá um momento de interação, onde a platéia poderá fazer perguntas a respeito da trama teatral.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

TAMANCOS

Não desviemos o olhar

desses tamancos coloridos...

São pernas de pau

ansiosas

por escalar

o topo do céu...

Desejam subir, subir,

e conquistar o infinito...

Não fechemos os ouvidos

para o ecoar deste grito:

- Voltem, desçam, vooooltem!

Sem vocês, donas

de tamancos esquisitos,

jamais alcançaremos

o topo do amor!

terça-feira, 29 de julho de 2008

Teco na Imprensa


A TURMA DO TECO NAS ESCOLAS


No dia 07 de agosto a Turma do Teco apresentará uma peça teatral baseada no livro Teco, o peta sonhador, em: segredos do coração. A professora Eloísa e seus alunos, da Escola E.E.F. Pedro Maciel, do Itaí-RS. vão compartilhar, com alunos, professores e comunidade, da escola municipal Amazonas, de Ijuí-RS, suas alegrias, dramas, paixões, travessuras, segredos, etc. A comunidade escolar vai dialogar e refletir sobre os valores que vivenciamos na sociedade, tais como amizade, competição, solidariedade, individualismo, tolerância, entre outros.

quinta-feira, 24 de julho de 2008


Alguns Integrantes da

Mosaico Produções e Mosaico Editorial


Fernando Beier - Guerrinha
José Augusto Fiorin

Américo Piovesan

Lançamento do Livro: Teco Poeta Sonhador

Ao ficarmos diante do olhar do leitor e de seu contato com nosso livro, nos enchemos de expectativa. Já no processo da escrita, não conseguimos fugir da presença silenciosa dos leitores e dos nossos personagens.

No dia de lançamento, os encontros e os abraços dos amigos, das crianças e de leitores que não conhecíamos, torna-se inesquecível. Sabemos que eles estão do nosso lado porque tem cumplicidade com nosso projeto e com a literatura.

Teco, o poeta sonhador, em Segredos do coração, já vinha dialogando com crianças de escolas, antes de seu lançamento oficial, dia 19 de julho. No dia anterior, na feira do livro da E.E.E.F. Pedro Maciel, do Itai-RS, a emoção foi intensa ao assistirmos a adaptação do livro para o teatro, com roteiro e performance da professora e atriz Eloísa Borkenhagen, juntamente com seus alunos atores desta escola. Os personagens do livro aventuraram-se numa viagem repleta de criatividade, e subiram no palco, encantando crianças e adultos. Mostraram que a imaginação e a inventividade não tem limites, possibilitando outras tantas interpretações do texto.

A proximidade da obra literária (e poética) com o teatro mostra-nos que a arte como um todo não pode ser deixada de lado, principalmente nas escolas. Ela amplia nossa sensibilidade, fazendo-nos sonhar e buscar uma sociedade menos competitiva e egoísta, colocando em seu lugar valores como respeito, tolerância e solidariedade.


Teco na Imprensa


terça-feira, 1 de julho de 2008

Oficina no IMEAB - de Ijuí-RS.

O INCENTIVO À LEITURA E À ESCRITA NO IMEAB

Ler histórias é poder sorrir com as situações vividas pelos personagens, viajando num mundo imaginário. Ter curiosidades e, através das mesmas, sentir emoções, tais como: tristeza, raiva, alegria, medo segurança, etc.
Através da poesia descobrimos e compreendemos o mundo lúdico, viajamos para lugares inesquecíveis, dando asas à imaginação, permitindo-nos ampliar o vocabulário, e também despertando o interesse na leitura e escrita.
Os alunos da terceira série da Turma 31 da escola IMEAB demonstraram curiosidade e interesse em conhecer o professor e escritor Américo Piovesan, tendo contato com seu segundo livro de literatura infanto-juvenil, Teco, o poeta sonhador, em: Segredos do coração. Juntamente com sua professora, Marlise Didoné Martini, as crianças leram o livro na biblioteca da escola, continuaram o bate-papo em sala de aula (sobre questões que a leitura do livro suscitou), e tiveram a oportunidade de conhecer o escritor e saciar sua curiosidade através de dezenas de perguntas.

O arroto - escrito por Teco, o poeta sonhador

O ARROTO

O arroto
é um pára
quedas
furado
descendo
em parafuso
nas asas
do vento...

Certo dia o arroto
aprendeu a surfar
num túnel imenso,
depois de pegar uma onda
nuns goles de guaraná...

Ao se esborrachar
nas paredes do estômago,
o arroto teve uma pressa louca
de voltar e dar um susto
no céu da boca!

Quem não souber
o barulho que ele fez,
que aprenda a arrotar!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

SUPER-HERÓI

Por Teco, o Poeta Sonhador

Empinou a bicicleta
no dorso quente do asfalto
e num piscar de olhos
tornou-se meu herói.

O céu alegrou-se
fez uma rampa
sacudiu sua capa
paixão e máscara!

Rodas
rodopiando
refesteladas
desconcentrando
o pôr-do-sol!

Aprendeu com as pandorgas,
com a Esquadrilha da Fumaça
ou com os filmes de ação?

A rua asfaltada
é a tela do meu cinema
com o pôr-do-sol atrasando
a próxima exibição...


É que ele quer contar
pra lua cheia
que acabou
de chegar
as aventuras
do meu herói
que se chama...
que se chama...
(eu não queria contar...)
que se chama Baltazar!

Teco presente na II Festa das Letras




No dia 20 de maio, o escritor Américo Piovesan participou da II Festa das Letras, no colégio Nossa Senhora Auxiliadora, de Frederico Westphalen-RS. Foram ministradas palestras para educandos do Ensino Fundamental e Curso Normal, abordando o tema “A importância da leitura e da escrita em nossas vidas”. Na ocasião o escritor apresentou, para professores e alunos, os livros Teco, poeta sonhador, em: os mistérios do porão e Teco, o poeta sonhador, em: Segredos do coração.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

EMBAIXADAS

Escrito por Teco, o poeta sonhador.


Do seu jeito pé papudo,
o pé falou pra bola:
- Bola, se você
não pegar efeito
escapulir do goleiro
e entrar no ângulo,
vou cravar um espinho
no teu estômago
e ver você murchar
devagarinho!

Do seu jeito quica bola,
a bola falou pro pé:
-Pé, se de noite você
não me abraçar
debaixo do cobertor
e contar histórias
de aventura
e humor,
vou fazer você
errar o pé
e levar um tombo!

A bola e o pé
continuam
de embaixadinhas
conversando...

- Pé, bola, bola, pé...
Pé, bola, bola, pé...

Nem jogo é...
é blablablá!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

PAIXÕES

A ressaca

do último namoro

nos faz jurar

que nunca mais

vamos amar

pois não vale

a pena sofrer.

Mas basta chegar

uma nova paixão

e é como chuva torrencial

que varre as mágoas

para oceanos distantes

e juramos - como quem

tatua promessas

em braços,

ombros e pernas

e em lugares outros -

que agora vai

vai ser para sempre,

que esta será

a última vez!...

quarta-feira, 16 de abril de 2008

O TEMPO



O tempo é um cão
que se estica sob o sol
depois de roubar
a elegância do lagarto.
E as vizinhas feiticeiras
empinam as vassouras
e fazem a calçada dançar
como se fosse voar...

Vestidos compridos
de minhas tias
paqueram o sol
e ele só tem olhos
para o verde do quintal
e a lerdeza do varal.

Sapos gorduchos
disfarçados de edredons
se espreguiçam na janela.

Tempo tantã
não sabe se é relâmpago
não sabe se é sol
chuva raio ou vendaval...

Tempo que não é Santo.
Não diz que milagre
fará amanhã!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

INFÂNCIA TEMPORÃ - Escrito por Teco Poeta Sonhador


Passou a infância.
Depois do parque
do circo e da praça
doamos as roupas
a nossos irmãos.

Como se fosse natural
tomamos vergonha
se estamos nus.

Dia após dia
a alegria recua
até os porões do coração,
e os brinquedos
acenam agitados
de dentro dos baús.

Repetem, repetem
os marmanjos:
- Vamos renovar
nosso estoque de sonhos!

Desfruto, todas as manhãs,
de frutas temporãs.
São meus brinquedos do dia-a-dia
que renovam o estoque de alegria
!

terça-feira, 25 de março de 2008

Poema de Teco

Poema de Teco, o poeta sonhador


Pingos prateados
de chuva
voam da árvore
até o veludo
do chão.


São notas musicais
que pousam
de pára-quedas
no meu coração.

quinta-feira, 6 de março de 2008

APRENDIZ


escrito por Teco, o poeta sonhador

Os poetas
triplicaram
as pernas
da imaginação.

Trouxeram
imagens esvoaçantes
como sombras na parede
das pás do ventilador.

À noite
espreito
(e desenho)
o pôr do sol
a cor das nuvens
o despertar dos ventos
as estrelas em movimento.

borboletas
tontas
invento
nas folhas
em branco
ao vento
tontas
e atracadas
na lâmpada
da sacada...

O lápis
quer desvendar
mistérios.
São as pernas
das idéias
seguindo a marcha
das centopéias.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

CIENTISTA INVENTOR

Escrito por TECO, o poeta sonhador


Pedro comia de tudo

a qualquer hora do dia.

Orgulhava-se de ser

predador de iguarias.



Quanto mais comia

mais fome ele tinha...


Até que um dia,

de tanto atacar a geladeira,

os sonhos triplicaram.


Sonhou que devorava

o Cruzeiro do Sul

depois das Três Marias

depois do Planeta Vênus

depois de degustar a Lua

e mastigar o Sol...

Mas os sonhos

viraram pesadelos...

Quando ele acordou

o apetite havia fugido!


Comia nos pesadelos,

acordado não comia.




Certa noite

a mãe de Pedro

deu pra ele beber

uma poção polvorosa...

(Ela disse que era

muito saborosa,

e que foi enfeitiçada

por uma bruxa engenhosa).


A poção fez ele detonar

dúzias e dúzias

de puns coloridos,

que mais pareciam

fogos de artifício...


Como um balão furado

Pedro desinflou de todo lado

e expulsou os tais monstros

feitos do líquido enfeitiçado!


Voltou a sonhar e a relaxar

como se estivesse num SPA...


No sonho viajou e fez amigos

no Cruzeiro do Sul,

Marte, Vênus e a Lua,

e após descansar nas nuvens

realizou seu mais novo plano,

que virou eterno vício:


Virou cientista inventor

de fogos de artifício!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

VOVÔ FUGIU DE CASA

Sugestão de leitura

Livro VOVÔ FUGIU DE CASA, de Sérgio Caparelli, é muito legal!



Quando eu chegava, vovô já estava sentado no degrau da escada, fumando cachimbo. Sempre quieto, sempre sozinho, sempre olhando as coisas de um jeito esquisito. Nos dias em que estava mais alegre, fazia coisas maravilhosas com a fumaça. Soltava-a devagarinho, formando círculos que aos poucos se perdiam no ar. Ou então cavalinhos, gatos, tartarugas. Não gostava de fazer elefantes porque tinha de entortar a boca.
Nunca falava comigo, o vovô. Nem com ninguém. Principalmente se estava triste. Então de seu cachimbo saíam tristes navios. Desapareciam logo, navegando ao vento. Eu ficava desolado. Pondo as duas mãos no rosto, exclamava: “Ah, vovô, acabou!”. Ele tirava o cachimbo da boca e soprava mais um ou dois, dos grandes. Só para me agradar.
Ficava quieto horas a fio. Uns diziam que estava pensando nas montanhas de sua Itália, onde a uva plantada nas encostas espalha pelos vales um cheiro de vinho e de festa. Outros achavam que estava apenas fumando seu cachimbo e nada mais. Porém concordavam num ponto: estava caduco e esclerosado. Caduco eu sabia o que era. Esclerosado meu pai me explicou. Era uma doença que dá nas pessoas mais velhas, em que o sangue está cansado e não consegue irrigar o cérebro direito. A pessoa torna-se esquecida e cheia de manias.
Acho que as manias do vovô eram contagiosas. Perto dele eu não gostava de fazer barulho, de pular ou de correr...

DANÇA DA COCEIRA


Escrito por Teco, o poeta sonhador

Se você quer coçar
e não coça
é porque a coceira
é nas costas.
Você tenta tenta
e não alcança
e em vez de cocegar
você dança!

Onde será que você gosta
de fazer as tuas cócegas?

Você escolhe chulé
ou cocegar a sola do pé?

Você escolhe lombriga
ou cocegar a tua barriga?

Você escolhe injeção na veia
ou cocegar a tua orelha?

Você escolhe dor de ouvido,
ou cocegar o teu umbigo?

Se você tem cócegas
não pode
espirrar,
caçar tatu
nem arrotar,
mas de tudo tudo
o que você menos gosta
é de coceira nas costas,
você coça coça
e não alcança
e em vez de cocegar
você dança!

(Adivinhem qual a palavra que o Teco inventou?)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

O CACHORRO, de Mário Quintana


O CACHORRO

Mário Quintana,



Do quarto próximo, chega a voz irritada da arrumadeira:

- Meu Deus! A gente mal estende a cama e já vem
esse cachorro deitar em cima! Salta daí pra fora!

E Lili, muito formalizada:

- Finoca! O cachorro tem nome!

MELODIAS PRA NÃO DORMIR


Escrito por Teco, o poeta Sonhador

Laura não consegue dormir.
Seu ouvido acompanha
a melodia da goteira
na janela.
Ela quer saber
se o som é de latinha
ou de papelão.

- E se for o sino da capela?
Nem pensar, hoje não é dia
de procissão!

***
Ricardo não tira da cabeça
um bicho que nunca
antes tinha visto.
Tem pernas compridas
e se chama saracura.
Seu pai explicou
que as saracuras
moram nos banhados,
e quando cantam,
no nascer do dia,
é porque estão avisando
que vai chover.

Ricardo não pensa na chuva,
pensa nas pernas
finas e compridas
que desfilam no banhado...

- Mas que bicho engraçado! .

domingo, 3 de fevereiro de 2008

VACA AMARELA



Sérgio caparelli, do livro BOI DA CARA PRETA.


Vaca amarela
fez cocô na panela,
cabrito mexeu, mexeu,
quem falar primeiro
comeu o cocô dela.

Vaca amarela,
sutiã de flanela,
cabrito coseu, coseu
quem se mexer primeiro
pôs o sutiã dela.

Vaca amarela
fez xixi na gamela,
cabrito mexeu, mexeu,
quem rir primeiro
bebeu o xixi dela.

Vaca amarela
cuspiu da janela,
cabrito mexeu, mexeu,
quem piscar primeiro
lambeu o cuspe dela.

ESSA NÃO!



Mário Quintana, do livro Lili inventa o mundo.


Lili teve conhecimento dos antípodas, na escola.
Logo que chegou em casa, começou a deitar sabença pra
cima da cozinheira. Falou, falou, e, como visse que Sia
Hortência não estava manjando nada, ergueu no ar o dedinho explicativo:
- Imagine só que quando aqui é meio-dia lá na
China é meia-noite!
- Credo! Eu é que não morava numa terra assim...
- Mas por que, Sia Hortência?
- Uma terra onde o dia é de noite... Cruzes!

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

“Charadas do País das Maravilhas”

Poema de Lewis Carroll


Do livro “RIMAS DO PAÍS DAS MARAVILHAS”


Achei uma vara: dois quilos pesava.
Um dia resolvi serrá-la
em oito pedaços com o mesmo peso.
Quanto pesava cada mesmo?
(“Duzentos e cinqüenta gramas!” Engano!)

Manhã: três irmãs dão de comer ao gato.
Uma: “Quer atum?” – O gato lambe o prato.
Outra: “Quer sardinha?” – Ele come, feliz.
Outra: “Quer robalo?” – Ele torce o nariz.
(explique a conduta do gato.)

Solução das charadas

Perde parte do sangue e diminui o peso
a carne cortada até o osso.
A perda da serragem faz que pese menos
uma vara serrada em oito.

Um gato gostar de atum e de sardinha
é óbvio, não há por que explicá-lo.
Se com a terceira oferta se abespinha
o bichano, é porque, sendo honesto, tinha
de ganhar seu peixe, não roubá-lo.

BOBINHO



Estou no meio da roda
e o suor escorre
pela testa.

O que desconsola
é que os outros
são bons de bola.

Ameaço que vou
mas não vou
e a bola passa
uma vez aqui,
outra vez ali,
bem longe
de onde estou.

Riem de mim
porque sou
“bobinho”
que demora
pra escapulir...

Confio no meu taco
e quando alguém descuida
dou o bote da cruzeira
negaceio as cadeiras
tal qual um capoeirista...

Então roubo a bola...

Não, não, não...
Não sou ladrão,
sou artista!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A BARATA E A FORMIGA





A BARATA

Ricardo Silvestrin

A barata
é barata,
mas ninguém
quer comprar.
Isso é um fato.

Quando aparece
ninguém diz
“que barato!”
Ao contrário
gritam “mata, mata!”.
É um caso raro.
Ser barata
sai caro.


A FORMIGA

Qual
a forma
da formiga?
Pense
comigo:
se seguem
sempre juntas,
deve ser
forma
de amiga.

CANTIGA PARA NÃO MORRER

CANTIGA PARA NÃO MORRER
Ferreira Gullar

Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

CAMPEONATO


Manoel de Barros

do livro "Fazedores do amanhecer".


Nos jardins da Praça da Matriz, os meninos
urinavam socialmente.
A gente fazia campeonato pra ver quem
mandava urina mais longe.
O menino que mandasse mais longe era
campeão.
Mas não havia taça nem medalha.
Umas gurias iam ver por trás dos muros
a competição.
Acho que elas tinham alguma curiosidade
ou inveja porque não podiam participar
do campeonato.
Os meninos ficavam sérios como se estivessem
defendendo a pátria naquele momento.
As meninas cochichavam entre elas e
corriam de lá pra cá, rindo.
O campeonato só era diferente da Fórmula Um
porque a gente não tinha patrocinadores.

O PENICO DA FLORISBELA

Vou contar
uma história
que ouvi
do tio Carola.

Ele disse que antigamente
um penico embaixo da cama
era muito importante.


Um dia ele conheceu uma donzela
que chamava Florisbela.
Ela era graciosa e delicada
Porém, meio... meio desleixada!

Naquele tempo o banheiro
ficava do lado de fora da casa,
e ela tinha medo do escuro
e dos fantasmas
disfarçados de morcegos
que moravam pendurados
no forro do banheiro.


De madrugada as horas
ficavam apertadas
e Florisbela corria pro lado
do penico esmaltado...

De manhã
o xixi voava
pela janela!


De vez em quando Florisbela
perdia a memória
e junto com o xixi
o penico fazia história
porque também voava
janela afora!

Tio Carola não soube responder
às perguntas que eu lhe fiz,
por isso eu peço ajuda a vocês:

se Florisbela esquecia daqui e dali,
não esquecia também de fazer xixi?

Quando ela estava “apertada”,
quem acordava ela?
O seu anjo da guarda?

Quantas vezes ela acertou xixi
no cachorro Berinjela
que dormia debaixo
da janela
do quarto dela?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

BIG BROTHER

É uma noite morna de janeiro
e um bando de marmanjos
distrai-se olhando TV.

Meu big brother
é o céu estrelado
que faz companhia
pra lua e as Três Marias.

Meus olhos vêem tanto mistério
quanto o número de estrelas,
muito mais do que possam captar
as lentes da novela.

Persigo palavras
para rabiscar um poema,
mas a ponta do lápis
se quebra e, zangado,
rasgo o papel...

Enquanto isso,
no quintal,
grilos de avental
acendem pirilampos
para me alegrar!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

A casa, de Vinicius de Moraes


Poema A casa, de Vinicius de Moraes, do livro Palavra de poeta.

Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque na casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Na Rua dos Bobos
Número Zero.

A viagem de um barquinho, de Sylvia Orthof

Era uma vez um menino
chamado Chico Eduardo,
que perdeu o seu barquinho
feito de papel dobrado.
Seu barquinho de jornal,
tal e qual.

E era uma lavadeira,
meio doida e engraçada,
que foi lavar sua roupa
num lugar, assim, sem água.

Um lugar de varal branco,
tudo branco ao seu redor.
Não tinha azul de rio?
Que horror!

- Tudo branco, branco, branco,
assim eu não lavo nada!
Preciso de azul de água,
cadê a cor azulada? –
disse a doida lavadeira,
nervosa e apressada.

- Vou inventar o meu rio
do azul de um longo trapo,
vai ser rio de brinquedo,
lindo rio de farrapo!

De dentro da sua trouxa
puxou um rio de pano.
o rio saiu pulando
em busca do oceano.

O barquinho do menino
viu o rio inventado,
saiu, fugindo-se embora,
sem demora!
(...)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

PESCARIA


Poema Pescaria


José Paulo Paes

Do livro Palavra de poeta.



Um homem
que se preocupava demais
com coisas sem importância
acabou ficando com a cabeça cheia de minhocas.
Um amigo lhe deu então a idéia
de usar as minhocas
numa pescaria
para se distrair das preocupações.
O homem se distraiu tanto
pescando
que sua cabeça ficou leve
como um balão
e foi subindo pelo ar
até sumir nas nuvens.
Onde será que foi parar?
Não sei
nem quero me preocupar com isso.
Vou mais é pescar.

MINHOCA NA CABEÇA

Ficar com minhoca na cabeça é ficar desconfiado, é suspeitar que alguma coisa ruim vai acontecer, é ficar inseguro achando que alguém está contra a gente. Pode ser também ficar imaginando coisas, fazendo fantasias de qualquer tipo. Juliana sorriu para Rodrigo. Agora ele anda cheio de minhoca na cabeça. Outro exemplo: o professor disse que ia castigar o Beto. Agora ele vive preocupado, cheio de minhoca na cabeça.
Ricardo Azevedo, do livro Bazar do folclore.

Poema Minhocas na cabeça, de Marcelo R. L. Oliveira. Do livro Nós e os bichos.

- Seu doutor, estou grilado,
meu pé está formigando.
É algo grave ou estou procurando
sarna pra me coçar?
- Já lhe digo o que é:
tire as minhocas da cabeça,
é só um bicho de pé.

DESFILE

O sol resolve
tirar uma soneca
e o céu abre as cortinas.

Começa, então,
um desfile
de nuvens
de algodão.

Cavalos
baleias
jacarés
javalis
dinossauros
tubarões
patos lagartos
macacos leões...

- Depressa, tragam
os lápis de cor...
Antes que o sol desperte,
precisamos colorir!

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...