segunda-feira, 29 de outubro de 2012

(Tirada) de um banheiro de bar


Favor
não        luz
     desligar
acertar     se     não
            o vaso          em
pé                  sente

domingo, 28 de outubro de 2012

Esperança


Viver sem esperança
é como ter casa sem janela...
É por isso que eu arrasto asa 
pro lado dela...
(Da esperança, é claro!)

Sem medo de amadurecer - Martha Medeiros


Estará chegando em breve às livrarias a nova obra do filósofo argentino Sergio Sinay, cujo título é A Sociedade que Não Quer Crescer. Tema bastante atual e que merece atenção. Não há alarmismo em afirmar que viramos uma sociedade de adolescentes vitalícios, todos preocupados em manter a juventude até os 80 anos.

Uma coisa é praticar esportes e exercícios físicos, proteger a pele, se alimentar bem, manter cuidados para garantir a saúde, investir em lazer. Outra bem diferente é se comportar de forma irresponsável, não assumir autoridade, não dar um rumo à própria vida, viver encostado nos parentes. Há quem considere mais cômodo ser criança para sempre.

De fato, é. Temos por aí uma quantidade absurda de crianções e criançonas de 40 anos, de 50 anos, até mais. O que esperar de seus descendentes?

Não é fácil lidar com desejos, fazer escolhas, sustentar decisões. Nos momentos de aperto, gostaríamos de não precisar enfrentar coisa alguma e chamar um “adulto” para resolver as questões sérias em nosso lugar. Porém, não temos mais cinco anos.

Nem 15. Não há mais justificativa para desrespeitar as leis, dirigir de forma inconsequente, se embebedar, fugir aos compromissos. Essa rebeldia juvenil até possui um certo romantismo, é a porção James Dean de cada um. Só que o ator não viveu o suficiente para virar um homem, mas você, sim.

Amadurecer é respeitar os ciclos da vida e deixar a adolescência para trás a fim de assumir seu lugar no mundo. O que não significa virar um adulto chato e prepotente. É permitido divertir-se na maturidade. Muito, inclusive. Adultos curtem a vida mais do que a garotada justamente porque não estão mais testando limites, já viraram essa página. O que fragiliza a sociedade são pessoas que, uma vez crescidas em estatura, não cresceram emocionalmente.

Um adulto de verdade é aquele que não age em busca de uma recompensa – ele faz o que tem que fazer porque é o certo.

Pra chegar a esse encontro saudável com o dever moral, é preciso que ele tenha consciência de quem é, de tudo o que viveu, de como suas experiências o moldaram, e adote uma atitude firme diante de seus filhos, de seus pares, da sociedade toda. Se considerar que isso significa “envelhecer”, que pena: seguirá sendo um garoto mimado, uma garota bobinha, sem brio para herdar o bastão de seus pais e sem consistência para passar o bastão adiante.

Pessoas maduras também têm incertezas, vacilam, fraquejam. Porém sabem a hora de cortar o laço com suas carências infantis e de interagir com o mundo a fim de torná-lo melhor, mais digno.

São agentes de transformação, e não de estagnação. Quando se tornarem idosos, poderão olhar pra trás com a consciência de ter dado um sentido à sua vida, em vez de terem percorrido anos e anos inúteis, acreditando que poderiam ser jovens para sempre só pelo fato de andarem com a aba do boné virada pra trás.

Nós, os alienados - Cláudia Laitano




Eu deveria ter uns 11 ou 12 anos quando o acaso – sempre ele – me jogou para dentro do trem da história sem apito prévio. Eram os anos 70, e até as pedras da Praça da Alfândega sabiam que pessoas eram torturadas e mortas pela ditadura militar no Brasil. As pedras sabiam, mas eu ainda não.

Talvez essa breve era da inocência tivesse durado mais algum tempo se em uma viagem da escola eu não tivesse sentado ao lado de uma colega, com quem nunca havia conversado antes, que sabia tudo o que se podia saber aos 12 anos sobre ditadura, presos políticos, tortura. Tinha visto fotos, tinha ouvido conversas.

Enquanto Geisel propunha uma abertura “lenta, gradual e segura”, a descoberta daquilo que, afinal, eles estavam abrindo para mim foi súbita, inesperada e vertiginosa. Havia alguma condescendência naqueles tempos pré-internet em relação à capacidade de engajamento das meninas de 12 anos, mas segundo o vocabulário da época minha inaceitável ignorância política tinha nome: alienação.

No limite, todos somos alienados em relação a alguma coisa: política, ciência, cultura, economia, esportes, religião... A lista de assuntos sobre os quais escolhemos não saber nada é infinita. Segundo a cartilha marxista clássica, porém, alienado é o sujeito que não controla sua atividade essencial (o trabalho), pois a mercadoria que produz existe independentemente do seu poder e de seus interesses. Por extensão, alienadas são as pessoas indiferentes aos problemas políticos e sociais do lugar e da época em que vivem.

Em tempos de superabundância e descentralização da informação, o termo “alienado” ganhou um ar ligeiramente retrô. Ainda será possível ignorar um assunto de interesse público tão redondamente quanto eu ignorava a tortura?

É possível, mas em boa parte dos casos talvez se trate de uma “alienação eletiva”, ou seja, já não é tão fácil culpar os outros (“o sistema”, “a mídia”, “os interésses”...) pela nossa ignorância ou preguiça. Jovens e adultos, operários e seus patrões, a dona de casa e o jogador de futebol, todos escolhemos as causas nas quais não queremos nos engajar, os problemas que não queremos resolver, os pepinos que preferimos varrer para debaixo do tapete.

Na semana passada, quando o último capítulo de Avenida Brasil mobilizou a atenção e o coração de milhões de brasileiros, muitos sacaram da gaveta o velho xingamento de passeata para pespegar nos fãs de Carminha e Tufão. Devagar com o andor. Pode-se, obviamente, gostar ou não de novelas, mas o curioso (assustador seria o termo mais correto) nesses comentários é a dificuldade para compreender e aceitar a ancestral necessidade humana de contar e ouvir histórias – e de fugir da realidade de vez em quando também.

Não é a arte, mesmo uma arte popular ou o mero entretenimento, que aliena as pessoas do que elas deveriam saber/fazer/ser, mas as diferentes escolhas que realizamos todos os dias na vida real: em casa, no trabalho, no espaço público e agora nas redes sociais também. Assistindo novela ou um jogo de futebol, jogando videogame ou namorando, não somos alienados ou politizados. Somos apenas humanos.

Aliás, já ouviu falar dos índios guaranis-kaiowás?

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Lançamento da Feira do Livro de Ijuí/R.S.



Ao pesquisarmos sobre o quanto o conteúdo dos livros (as suas histórias) dão sentido à nossa vida, somos levados a refletir até que ponto, dentre tantas coisas que desejamos ter, o livro é objeto de nossas aspirações.
Nesse mundo de demasiado consumo, objetos, como celular, redes sociais virtuais, tais como facebook, orkut, twitter, etc., por si só não possuem conteúdo. O conteúdo de fato vem das histórias (narrativas), que ganham vida através da nossa imaginação e da criatividade.
Os objetos por si só não nos tornam melhores, ou mais, ou menos sensíveis. Nossa base de emoções se dá, em boa medida, pelas nossas leituras. Elas é que nos dão suporte, ou nos ajudam a suportar (e enfrentar) essa cultura de individualismos, competição e consumismo.
Pretendemos que na infância, além do brincar, sejam despertadas a sensibilidade e a habilidade de ler, escrever e interpretar, ter opinião própria, autonomia para fazer escolhas e, sempre, ter um horizonte ético que dê o norte correto para o convívio social. Estudos mostram que, quanto mais cedo a criança começar  a ler, mais cedo aprenderá e desenvolverá a concentração. Além disso, sua desenvoltura, disciplina, cooperação e bons índices de aprendizagem têm relação direta com o número de livros por ela lidos.
Notamos, em elevado grau, a falta de imaginação, individual e coletiva. E o espaço da escola contribui, ou para manter isso, ou para se contrapor a esse quadro. Diante dessa realidade é que propomos ir às escolas (enquanto escritor e contador de histórias), com o objetivo de mostrar que ler e escrever não é privilégio de poucos, mas sim algo próximo de todos nós, e é nessa “prática” ou “exercício” que vamos emoldurando o “quadro” (retrato) de nossa história. A partir dessas vivências cotidianas é que vamos percebendo nosso papel na sociedade.
Não vamos nos contentar com muito pouco. Iludidos, buscamos a satisfação nas coisas, no dinheiro, e não percebemos que o valor maior (o TESOURO HUMANO) está na AUTORIA de nós mesmos, que em boa medida só é possível pelos livros e a leitura.
Queremos de público agradecer à administração municipal, à SMED e ao IMEAB pelo espaço a nós proporcionado, de poder dedicar 20 horas semanais para contar histórias e apresentar livros e autores aos nossos alunos. Desse exercício na escola é que fomos tomando consciência desse importante papel de formar leitores.
Uma ótima Feira do Livro Municipal 2012 a todos nós!

(Discurso do Patrono da Feira do Livro de Ijuí, (Américo Piovesan) no dia do lançamento da feira, no SESC).

domingo, 21 de outubro de 2012

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...