terça-feira, 30 de outubro de 2018
terça-feira, 23 de outubro de 2018
segunda-feira, 22 de outubro de 2018
sexta-feira, 19 de outubro de 2018
Tão banal como uma folha em branco
O
letreiro amarelado do bar
e
os gritos vindos da mesa de sinuca chamam,
mas
uma voz que vem de um resto de consciência
pede
pra que volte pra casa.
Tenho
medo de voltar.
Moradores
do prédio vizinho rosnam,
e
a imagem que me vem é uma faca
atravessando
corpos na diagonal.
Garotas
espalham orgias pela noite
e
eu aqui melancólico.
Sei
que tudo se reinicia
e
sou livre e estou
rabiscando
essas neuras.
Posso
adotar um pet que me cuide,
posso
adotar uma garota que me chame
para
o café da manhã.
Livre,
porém paralisado. Sim, sei que
posso
fazer tantas coisas que ajudem a
suportar
as armadilhas.
Pode
ser um bom sinal o fato de achar engraçado
casaizinhos devorarem hambúrgeres gigantes.
Sei,
sei, isso tudo é banal, inclusive a melancolia
de
estar paralisado diante de uma folha em branco.
(B.
B. Palermo)
terça-feira, 16 de outubro de 2018
segunda-feira, 15 de outubro de 2018
sexta-feira, 12 de outubro de 2018
Caneladas e chutões
Dou
uma passada pelas redes sociais e
observo como está o jogo político.
Criaturas
de todas as idades se digladiam à direita e à esquerda,
a maioria fora de forma
com relação às regras da argumentação,
barrigudas, cansadas, amadoras.
Um
festival de voadoras e caneladas e chutões pro alto.
Mas
seguem jogando.
Sinto
que é quase uma obrigação,
como se o mundo fosse acabar amanhã.
As
pessoas estão com raiva,
inclusive alguns poetinhas.
Parodiando
Bukowski, é a única coisa em que são bons.
(B.
B. Palermo)
segunda-feira, 8 de outubro de 2018
quinta-feira, 4 de outubro de 2018
Uma calcinha vermelha
No
ano em que Elis veio de Curitiba me visitar, eu tinha um fusca azul com umas
rodas e um volante e um som que eram a minha cara.
Naqueles
dias, enquanto eu cheirava a cachaça, o fuscão cheirava a gasolina.
O
pobre do mecânico do bairro tirava o tanque, lavava o tanque, virava o tanque
do avesso e nada de encontrar o vazamento.
Assim
que chegou, Elis analisou o ambiente do meu lar e disse que umas cortinas nas
janelas da sala cairiam bem.
Percebi
que ela tinha planos para mim. Isso me deixou em pânico.
Tudo
veio abaixo quando ela remexeu o guarda-roupa e encontrou uma calcinha vermelha.
Pegou,
de uma gaveta, uma tesoura enferrujada e fez picadinho.
Não
consegui esconder certa satisfação com a sua raiva.
Ela retalhava e gritava:
Cadela! Piranha! Vadia!
Aos
seus olhos, CADELÃO era um garoto ingênuo e, por isso, um indefeso aos ataques
das vagabundas.
Eu
gostava daquele ciúme e me achava.
Falei
da loira, suas coxas musculosas, novinha e estudante de psicologia, de lábios
carnudos e que mordia minha boca sempre que gozava.
Elis
ouvia com atenção e com olheiras e queria saber mais detalhes.
Daí
a pouco emputeceu e sumiu o dia inteiro.
Voltou
à tardinha e me presenteou com um pijama de seda, trouxe também cortinas pras janelas e umas
compras do mercado.
Não
quis jantar fora, cozinhou nosso prato preferido: molho de galinha e massa, com
muito queijo e alho e pimenta.
Depois
de duas taças de vinho, Elis, mais serena, quis saber detalhes de como a
piranha loira e musculosa e cadela e novinha transava.
Mais
tarde ela disse que ia tomar banho e depois me ensinaria umas coisas.
Fiquei
meio nervoso, não queria ser um Cadelão traidor, pensar na loirinha musculosa
enquanto Elis cavalgasse.
Rapidinho,
suguei três doses de uísque do Paraguai.
Ao
sair do banho, Elis não quis saber de conversa e partiu pra aula prática.
Aprofundou-se
nos detalhes, repetimos, repetimos a lição.
Foi a primeira vez que dei uma trepada com
alguém rebolando a bunda daquele jeito.
Parecia
rainha de escola de samba num ensaio pro carnaval.
Elis
era uma especialista. Elis sabia ensinar.
Hoje,
contando pra vocês, eu morro de vergonha.
Eu
não sabia trepar.
(B.
B. Palermo)
segunda-feira, 1 de outubro de 2018
Pode ser que sim, pode ser que não
Encontros
aleatórios
pode
ser que sim
pode
ser que não
algumas
vezes é só beijo
outras
vezes a viagem é infinita
e
alegra-se um cadelão de alma suja.
Calma,
meu brother,
Nenhum
sentimento de culpa,
você
é um solitário nessas ruas.
As
estrelas apostam suas fichas em você.
Do
alto, coringas e outras cartas em suas mangas,
você
é um cara divertido aos olhos do firmamento.
Aprenda
a comunicar-se na hora do rusch.
Seja
simples e direto, mostre numa frase o que quer.
Às
vezes ganhará, às vezes não.
Nada
de romantismo exagerado, vê se aprende meu irmão.
Quando
nada funcionar, relaxa e pensa noutra coisa.
Sussurros
e gemidos e palavrões, use na dose certa,
ainda
mais se um bebê dorme no quarto ao lado
e
a porta está aberta.
Não
desista do romantismo.
O
beijo é muito importante.
Roçar
a pele, sentir o cheiro,
não
perder de vista o “Império dos sentidos”.
Ginástica
sexual é muito pouco,
mas
pode ser um bom começo.
Se
ela perguntar
“O
que você está fazendo?”,
“O
que vai fazer daqui a pouco?”,
“Bebendo
uma cerveja?”,
é
porque ela quer.
Faça
o seu melhor.
Se
deixar para depois, babau.
(B.
B. Palermo)
sábado, 29 de setembro de 2018
Os movimentos do amor
Quando
trouxer uma flor roubada,
não
me devolvas uma coroa de espinhos, meu bem.
Mesmo rejeitado, eu tiro de letra,
porque intuo os movimentos do amor,
como disse Drummond:
João amava Teresa
que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Podes
desdenhar, rir da minha cara,
contar
pra todo mundo o quanto sou ridículo,
mas
não esqueça que todos fingimos
que
deciframos as vontades do amor.
Desejamos
reter o amor e-ter-na-men-te.
Mas
a vida segue. O tempo brinca
com nossos
sentimentos,
ele
executa as mesmas funções da diarista,
que
varre e lava e limpa e passa...
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