sábado, 25 de agosto de 2018

Tudo sempre igual

Abro o jornal, fico sem graça com a coluna policial. Tudo sempre igual. Muita informação, tragédias, dilemas, nenhuma crônica ou poema.

Jornal não educa para a sensibilidade. Para vender, exagera no que ocorre de pior.
Jornal visa ao leitor indiferente, frio, que apenas repete fatos parecidos uns com os outros.
Papagaios atualizam para outros papagaios as desgraças do dia.
Sensibilidade nasce com a gente ou se educa? Sensacionalistas, nossos jornais querem vender. Educar exige tempo e esforço, e não dá lucro.
Papagaios alimentam papagaios. Uns, livres para narrar. Outros, engaiolados a escutar.
A coluna policial do jornal vira poema quando eu espremo e verte sangue. 

(Teco, o poeta sonhador)

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

No olho da paixão


Quando você aparece entro em curto.
luzes acendem e apagam, como se estivesse
cercado por viaturas policiais,
ou por um festival de vaga-lumes.

Palavras fogem, fogem os gestos,
basta experimentar o teu perfume.

Não encontro motivos pra resistir
ao teu sorriso. E isso me enlouquece,
e sofrer assim não compartilho.

Estou ansioso e indeciso.
Eu sei que há tanta coisa no mundo.
Mas é em você, só em você,
que ando preso.

Eis a pergunta que me faço toda manhã:
será que um dia me libertarei do olho da paixão?

(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Dança


As bailarinas do box do banheiro
dançam quando passo por lá.
Vivo a dança de amores 
- um toma lá dá cá.
E sempre danço.
(Teco, o poeta sonhador)

sábado, 28 de julho de 2018

Sinto tua falta

Quem vive fazendo arte, vive do excesso e da falta.
Muita chuva e pouco sol acabam em melancolia e nenhuma poesia.
Neste espelho, escutando teu silêncio, perdi o verbo, a paciência e o humor.
Alegres, garrafas e adegas e amigos aguardam para brincar com suas verdades.
Roupas no varal que não secam, folhas em branco que aguardam meus versos.
Quis fotografar e compartilhar com anônimos o eclipse lunar, mas o personagem principal, o sol, não apareceu.
“Pense grande. “Tudo está em tuas mãos. “Você é o centro do mundo”, dizem os gurus. Distribuem uma luz em múltiplas parcelas. Ingênuos, esquecem que a lâmpada precisa acender no interior de cada um.
Quero ser do tamanho do amor que me falta.
Por favor, alguém lembre o sol de te avisar que estou implorando pra você voltar.

(B. B. Palermo)

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Várias vidas



Perspectivas (otimistas) de mulheres e homens



“As mulheres são ingênuas, acreditam que o seu homem vai correr atrás delas a vida toda (...). As mulheres cultivam a fantasia de que o verdadeiro amor é capaz de transformar os homens. Quando isso não acontece, e isso nunca acontece, elas perdem o orgulho e viram esses farrapos que a gente vê por aí” (Fernanda Torres. Fim).

“Abano o rabo, lambo a mão, e ela me acusa, dedo em riste. Está sempre pronta pra dar o bote, o conselho, a ameaça mil vezes repetida. Românticas e verdadeiras, até parece, depois de te fisgarem, correm atrás de uns pilantras. Ninguém sabe o que uma mulher quer. Tenho um amigo que sempre repete: ‘Me diz quem tu tá pegando e te direi o que sobrou de ti’. O ingênuo se juntou a uma psiquiatra. Reclama que não consegue respirar, mas não salta fora. Me garante que o poder feminino é ancestral, já está escrito nas narrativas mitológicas. De sua experiência própria, chegou à seguinte conclusão: o objetivo de uma mulher é destruir um homem (B. B. Palermo. Palermices).

quarta-feira, 11 de julho de 2018

A moral da deusa



A deusa de gesso daquele jardim, vestida de um jeitinho indecente, sexualmente impossível, diverte-se do meu (desa)broxar. Não tenho raiva. Tenho pena. Enquanto sou livre para escolher e tentar de novo, ela passará a vida imóvel, exposta à chuva, ao frio e ao sol.  
                                                     
(B. B. Palermo)

terça-feira, 26 de junho de 2018

On the road - Pé na estrada - Jack Kerouac


Pessoas mesmo são os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo, aqueles que nunca bocejam e jamais dizem coisas comuns...
***
No bar eu disse: " Porra, cara, sei muito bem que você não me procurou só porque tá a fim de virar escritor e, afinal de contas, o que é que eu posso te dizer sobre isso a não ser que você tem que mergulhar nessa história com a mesma energia com que um viciado se droga?" E ele disse: "Sim, é claro, entendo exatamente o que você quer dizer e também já tinha pensado nesses problemas, mas o caso é que eu realmente tô a fim de concretizar todos meus anseios, só que, como qualquer outra realização íntima, eles parecem depender, de alguma forma, da dicotomia de Schopenhauer que, por sua vez..." e assim por diante, dessa maneira tão ininteligível para mim quanto para ele.


O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...