segunda-feira, 13 de março de 2017
sábado, 11 de março de 2017
Somos amadores e carentes... de poesia
Meu poema não reivindica
amores frustrados. Não humaniza estrelas e endeusa a lua cheia. O poema se
engraçou com o novo bar repleto de chinelões mal-encarados, putas e carinhas
drogados que se apavoram com o passado e se embebedam para suportar o amanhã.
O amor magoado proíbe que o
poema sangre que a metáfora lateje e a febre goze. É uma temporada de tempo
abafado, raiva a zero grau.
Mágoas de amor se engraçam no
escândalo e submissão, no homicídio e suicídio raivosos. Só depois se tornam
poemas.
Fazer poesia para se
purificar de amores mal-amados é roubar o emprego do analista.
Mas Cadelão - diz uma Ninfa
enluarada e esperta - o mundo está carente de poetas. Não critiques os
enamorados, os que despertaram e vivem de paixões, e também os que gangrenam
suas dores insuportáveis, não deboches por se dedicarem à poesia. Afinal, são
tão poucos os sensíveis neste mundo frio e cruel.
Sim, garota esperta, você tem
razão. Mario Quintana também o disse:
"Eu acho que todos
deveriam fazer versos. Ainda que saiam maus, não tem importância. É preferível,
para a alma humana, fazer maus versos do que fazer nenhum. O exercício da arte
poética representaria, no caso, como que um esforço de auto-superação. É fato
consabido que esse refinamento de estilo acaba trazendo necessariamente o
refinamento da alma. Sim, todos devem fazer versos. Contanto que não venham
mostrar-me" (Caderno H).
(Diário de B. B. Palermo)
sexta-feira, 10 de março de 2017
segunda-feira, 6 de março de 2017
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017
NOTAS DE UM CADELÃO
Estava no centro da cidade e cruzei por duas garotas cujas
camisetas estampavam o nome CÉLINE. Será que elas leram o grande livro dele,
"Viagem ao fim da noite"? Ou pelo menos ouviram falar desse grande
escritor, a época que viveu, sua escolhas na política (apoiou o anti-semitismo),
a desgraça de ter caído no esquecimento na última parte de sua vida... Talvez
as peculiaridades, e também a visão de mundo, desses gênios signifique nada
para grande parte das gerações atuais. Será que teriam razão em bradar que não
têm nada a ver com histórias, artes e ideias de gerações passadas? Ah, esqueci
de dizer: as estampas das camisetas eram bem bonitas!
OBS.: acabei de consultar o Google e percebi meu erro: as
estampas não têm nada a ver com o escritor Louis-Férdinand Céline, mas sim com
outra marca. Foi mal.
Já que estamos nessa, vou trazer aqui algumas frases... do
escritor:
“Quando não se tem imaginação, morrer é pouca coisa, quando
se tem, morrer é demasiado.”
“A maior parte das pessoas morre apenas no último momento;
outras começam a morrer e a ocupar-se da morte vinte anos antes, e às vezes até
mais. São os infelizes da terra.”
“Confiar nos homens é já deixar-se matar um pouco.”
(Diário de B. B. Palermo)
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