sábado, 1 de agosto de 2015

Metafísica


(São João Batista, de Leonardo da Vinci)

TECO – Parece bobeira perguntar, mas por que você olha tanto pro céu?
ET – Bobeira maior é responder àquilo que você já sabe!
TECO – Por que me ensinaram que, se é possível encontrar respostas pras grandes perguntas, elas virão quando olho pra cima?
ET – Quais perguntas?
TECO – “De onde viemos?”, “Para onde vamos?”
ET- Eu desci do céu, kkkkkk. Mas não sei pra onde vou... Procurar respostas para a morte e a vida após a morte é como procurar agulha num palheiro... É como dormir e não saber se vai acordar... E, se por acaso acordar, viver a surpresa de não saber o que virá pela frente!


(Tiradas do Teco, o Poeta Sonhador)

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Sonhos


Perdidos no universo, meus sonhos são pequenos, parecem brinquedos que carrego no bolso. Mas quando anoitece, eles são gigantes que me protegem, e aquecem as avenidas frias do meu coração.
(TIRADAS do Teco, o poeta sonhador.)

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Todos os poemas de amor são ridículos


- Tchê, aconteceu... Não consegui evitar...
- Mas o que foi que houve??
- Acho que tô apaixonado...
- Ah, não! Vai começar tuudo de novo! Vai ser duro te aguentar escrevendo aqueles poemas ridículos!!


 (Tiradinhas do Teco, o poeta sonhador)


(do poema Todas as cartas de amor são ridículas, de Álvaro de Campos).

terça-feira, 30 de junho de 2015

Homo roboticus



Teco – Muitos humanos, no início do século XX, dedicaram boa parte de sua vida apertando milhões de parafusos em fábricas de automóveis.
ET – Meu Deus! Deixaram de ser homo sapiens e se tornaram homo roboticus!
...
ET – Ah... Robôs com defeitos humanos: mal-humorados, deprimidos, fracassados...

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Teco e os devaneios sobre a garota de Ijuí



Primeira tirinha do Teco, e da parceria Téoura&Américo



Primeira tirinha do Teco, e da parceria Téoura&Américo.`
É com muita alegria aceitei o convite do Américo pra desenhar as tirinhas do Teco, o que está sendo um desafio muito recompensador para mim. Grande parceria, muitas possibilidades. Estou feliz. Agradeço ao Américo Piovesan por colocar o Teco nas minhas mãos e também ao Mauricio Azevedo pelo apoio no processo de criação.
Até mais!
Téoura.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Me dê motivos



    TECO - Ele foi pregado na cruz                ET - Caramba! Eles arranjam
porque dizia que os humanos deviam             cada motivo para matar!
    ser legais uns com os outros.

sábado, 30 de maio de 2015

GRANDE PRESENÇA!



TECO - Você acha que o Américo merece presente de aniversário?
ET - Você não ama a vida que leva? Graças a ele você tá aqui!
- Tá... mas ele é muuuito chato. Não me deixa fazer o que quero!
- Relativiza, relativiza... Já disse Renato Russo que teus pais são crianças como você...
- Sim. E a Elis Regina disse que nós ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais. kkkk...

- Já sei o presente que o Américo vai ganhar!
- Qual?
- Ele sempre poderá contar com minha GRAAANDE PRESENÇA!! 

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Sentimento TUMTUMTUM



Eis que passa um carro com o som a toda...
TUM, TUM, TUM, TU, TU, TU, TUM, TUM, TUM!!!
ET – O que eles querem com tanto barulho??
TECO – Sei lá... Acho que é falta de assunto.

Teco apresenta algumas músicas para seu amigo.
TECO – Quando ouço as “Quatro estações” do Vivaldi, parece que sinto a mudança das estações do ano...
Nisso, passa um carro com o volume do som a mil...
TUM, TUM, TUM,TU, TU, TU, TUM, TUM, TUM!!!
ET – Caramba! Que estação é essa??
TECO – Isso tá mais pra terremoto ou tsunami!...

Pouco depois circula outro carro:
TU, TU, TU, TUM, TUM, TUM, TU, TU, TU!!!
TECO – O que será que eles sentem nessas horas??
ET – Captei o sentimento deles!!
TECO – E qual é??

ET - É o sentimento TUMTUMTUM!!!

terça-feira, 26 de maio de 2015

Assassinaram a Mafalda



ET – Vê se não enrola. Deve haver algum personagem que você se identifica...
TECO – Bem, não queria espalhar isso... Você sabe como tem gente fofoqueira por aí.
ET – Então conta só pra mim. Sabes que sou um túmulo!
TECO – Certo. Eu me amarro na Mafalda.
ET – E quais tirinhas dela te vêm à mente agora?
TECO – Pra dizer a verdade, gosto de todas as tiras dela. Mas fiquei chocado com o que um amigo argentino falou a respeito da pessoa dela...
ET – O que ele falou??
TECO – Ele disse que a Mafalda está com 65 anos. E um amigo dele, que a conheceu, disse que ela trabalhou numa boate e namorou um traficante. Ah, e passou seis meses numa clínica de reabilitação por ter se viciado em bugigangas de camelódromos.
ET – Por acaso esse teu amigo argentino se chama Gustavo Héctor Brun?
TECO – sim.

 ET – Não embarque na conversa dele! Ele morre de ciúmes dela!!

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Fome



ET – Mas... Boa parte da angústia adolescente deve-se à dúvida sobre a possibilidade de haver vida após a morte...

TECO – Fodam-se! Eu tento não me angustiar quando penso que quase um bilhão da população mundial passa fome!

(Fotografia de Sebastião Salgado. Do livro Gênesis)

domingo, 24 de maio de 2015

Meu carro minha vida


ET - Cara, você não acha estranho as pessoas desfilarem em carros de luxo, escondidos pelos vidros escuros?
TECO – Não. Hoje em dia os carros valem mais do que as pessoas.

ET – Hum... Palmas para o presidente Mujica, que dirigiu seu país pilotando um fusca!


quinta-feira, 21 de maio de 2015

Paixões intergaláticas



Cara, me explica          É tudo muito normal.       Bah, não entendi       É aquela troca
como funciona uma      Enquanto vocês vivem                nada!            de fluidos que
paixão extraterrestre.   o amor Platônico, nós                                  demora anos-luz
                                vivemos o amor  etônico.                              pra  se realizar.

(Tiradinhas do Teco, o Poeta Sonhador)

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Self service do amor


Uns beijam, outros não. Os que iniciaram há mais tempo, sonham atingir o último degrau do amor. Outros, porém, se enfeitiçaram e se enredaram com novas modas.
Basta ter sede para ampliar a lista de contatos, e um bom aparelho que capte os sinais, fascinantes como outdoors.
Seja bem-vindo, apocalipse!
Não há tempo disponível para se arriscar com carinho, amizade, cumplicidade e, enfim, criar vínculos. Abrir pra ela a porta do carro, espalhar bilhetes apaixonados pelos caminhos.
Quando a serpente das “coisas virtuais” seduziu a intimidade dos Adões e Evas atuais, o amor partiu cabisbaixo, convencido de que é um inútil, uma perda de tempo.
Sabores instantâneos no whatsapp. Vídeos para todos os gostos. Performances sexuais, ingênuas ou atrevidas. Câmera do celular ligada, corpos despidos num aposento qualquer. “Abra as pernas, garota! Deixa que eu abro (fecho) portas e janelas. ‘É nóis!!’ Vamos alcançar um milhão de curtidas. Comigo você vai ganhar o mundo!” – diz o cafetão play boy.
Meninos e meninas, no pouco espanto que resta, baixam fotos e vídeos, e compartilham a santa ceia da tecnologia. Repartem o pão e o vinho da nudez sem segredos, sozinhos em seu quarto, atrás da tela do computador.

Neste self service de sabores instantâneos, como massa miojo, quase ninguém percebe um amor genuíno: o passeio, de mãos dadas, do casal de velhinhos.

domingo, 10 de maio de 2015

Particípio


Amado e idolatrado, sou particípio de um tempo bem porreta. Ela não se tocou mas seu verbo soou falso. O mundo anda engraçado. Depois do sonho da noite deixei de ser careta. Verbo que desfilou pelado na despedida de solteiro. Epicentro de uma dúzia de ninfetas. Um verbo invocado, que fugiu do dicionário. Verbete temerário aos moralistas de plantão. Verbete vacinado contra o vírus do lugar comum!

(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Amor Amor - Cacaso





Quando o mar
quando o mar tem mais segredo
não é quando ele se agita
nem é quando é tempestade
nem é quando é ventania
quando o mar tem mais segredo
é quando é calmaria
quando o amor
quando o amor tem mais perigo
não é quando ele se arrisca
nem é quando ele se ausenta
nem quando eu me desespero
quando o amor tem mais perigo
é quando ele é sincero
http://letras.mus.br/cacaso/240023/

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Abobado



Acho que esse meu tempo
é um tempo de antigamente
onde fico abobado
sonhando um passo na frente
tropeçando acordado
meio bicho meio gente.

Amo tanto minha vida
se penso fico contente
amo Rosa e Margarida
quero ficar pra semente
só não quero acordar
retardado e demente!

(Tiradas do Teco Poeta Sonhador)

segunda-feira, 4 de maio de 2015

O poeta... - Mario Quintana


O poeta adolescente traz no
bolso
o soneto que fez ontem de
noite:
só isso basta para justificar a
vida,
o soneto não presta, a vida é
boa,
os sinos chamam por amor!

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Assim caminha a pós-modernidade


Quando Pascal olhou pro céu                         Quando ET viu as gatinhas
e se viu pequeno diante de um                   dançando num baile funk, disse:
  universo infinito, disse:                                  "O rebolado desses
"O silêncio desses espaços                              bumbuns alucinados
      infinitos me apavora."                                    me apavora!"


(TIRADINHAS do Teco Poeta Sonhador)

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Afinal, o que é inteligência? - Isaac Asimov


Quando eu estava no exército, fiz um teste de aptidão, solicitado a todos os soldados, e consegui 160 pontos.
A média era 100.
Ninguém na base tinha visto uma nota dessas e durante duas horas eu fui o assunto principal.
(Não significou nada – no dia seguinte eu ainda era um soldado raso da KP – Kitchen Police)
Durante toda minha vida consegui notas como essa, o que sempre me deu uma ideia de que eu era realmente muito inteligente. E eu imaginava que as outras pessoas também achavam isso.
Porém, na verdade, será que essas notas não significam apenas que eu sou muito bom para responder um tipo específico de perguntas acadêmicas, consideradas pertinentes pelas pessoas que formularam esses testes de inteligência, e que provavelmente têm uma habilidade intelectual parecida com a minha?
Por exemplo, eu conhecia um mecânico que jamais conseguiria passar em um teste desses, acho que não chegaria a fazer 80 pontos. Portanto, sempre me considerei muito mais inteligente que ele.
Mas, quando acontecia alguma coisa com o meu carro e eu precisava de alguém para dar um jeito rápido, era ele que eu procurava. Observava como ele investigava a situação enquanto fazia seus pronunciamentos sábios e profundos, como se fossem oráculos divinos.
No fim, ele sempre consertava meu carro.
Então imagine se esses testes de inteligência fossem preparados pelo meu mecânico.
Ou por um carpinteiro, ou um fazendeiro, ou qualquer outro que não fosse um acadêmico.
Em qualquer desses testes eu comprovaria minha total ignorância e estupidez. Na verdade, seria mesmo considerado um ignorante, um estúpido.
Em um mundo onde eu não pudesse me valer do meu treinamento acadêmico ou do meu talento com as palavras e tivesse que fazer algum trabalho com as minhas mãos ou desembaraçar alguma coisa complicada eu me daria muito mal.
A minha inteligência, portanto, não é algo absoluto mas sim algo imposto como tal, por uma pequena parcela da sociedade em que vivo.
Vamos considerar o meu mecânico, mais uma vez.
Ele adorava contar piadas.
Certa vez ele levantou sua cabeça por cima do capô do meu carro e me perguntou:
“Doutor, um surdo-mudo entrou numa loja de construção para comprar uns pregos. Ele colocou dois dedos no balcão como se estivesse segurando um prego invisível e com a outra mão, imitou umas marteladas. O balconista trouxe então um martelo. Ele balançou a cabeça de um lado para o outro negativamente e apontou para os dedos no balcão. Dessa vez o balconista trouxe vários pregos, ele escolheu o tamanho que queria e foi embora. O cliente seguinte era um cego. Ele queria comprar uma tesoura. Como o senhor acha que ele fez?”
Eu levantei minha mão e “cortei o ar” com dois dedos, como uma tesoura.
“Mas você é muito burro mesmo! Ele simplesmente abriu a boca e usou a voz para pedir”
Enquanto meu mecânico gargalhava, ele ainda falou:
“Tô fazendo essa pegadinha com todos os clientes hoje.”
“E muitos caíram?” perguntei esperançoso.
“Alguns. Mas com você eu tinha certeza absoluta que ia funcionar”.
“Ah é? Por quê?”
“Porque você tem muito estudo doutor, sabia que não seria muito esperto”
E algo dentro de mim dizia que ele tinha alguma razão nisso tudo.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Jiboias virtuais


- Você viu no livro O pequeno príncipe um desenho de um chapéu?
- Nada disso. É o desenho de uma jiboia que engoliu um elefante!
- Então você viu uma coisa e eu vi outra...
- Hum... Olhamos de paradigmas diferentes.
- Percebes como não existe verdade única? A realidade ( e a verdade) está atrelada à perspectiva de quem olha.

- Hoje em dia damos o nome de jiboia para outra coisa.
- Como assim?
- Jiboias são aquelas pessoas que "engolem" tudo o que é postado no facebook.

(Tiradas do Teco Poeta Sonhador)

terça-feira, 21 de abril de 2015

Quebra-cabeça



Toda vez que penso em você, te levo pra passear nos meus sentimentos. Mas tua imagem escapa, ou diz "não, não quero". Pra suportar o vazio, guardei uma fotografia, em silêncio. Só que, de tanto meu olhar te perseguir, teu rosto perdeu a resolução. Quebro a cabeça com lembranças, sons, ruídos, mas você diz "não, não quero, não quero", até zunirem meus ouvidos.  Pirei quando caiu a ficha do que vivo neste momento: teu rosto é a peça que falta no quebra-cabeças dos meus sentimentos!

(TIRADAS do Teco, o poeta sonhador)

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Mi, bi, tri - Arnaldo Antunes



q u a n t o s   m i,   b i,  t r i


lhões  de  murros  no  muro


s e r ã o    n e c e s s á r i o s


a t é  q u e,  a o  t o c á – l o,


m e u      p u n h o      p o s s 


a                                         a


t  r  a  v  e  s  s  á   –   l  o  ?


(Do livro n.d.a. São Paulo: Iluminuras, 2010, p. 51) 

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Levaram os seis filhotes - Affonso Romano de Sant'Anna



Levaram os seis filhotes dessa cachorrinha
que chora 
geme de desespero
procura suas crias pelos cantos da casa
sob a mesa
no jardim
na lareira
e pede socorro com seus olhos
exigindo explicação.
Perplexo a contemplo:
- não sabemos de nada.
Um mistério, uma pulsão de vida
nos trespassa
e a perda, e a morte
nos horrorizam e nos esmagam
numa impotente solidão.

(Do livro Sísifo desce a montanha)

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Ontem já era


Foi-se a infância. 
Depois da escola, torturamos 
os irmãos mais novos. 
Temos vergonha se estamos nuns. 
Mas os brinquedos, desesperados, 
gritam da sua utilidade. 
Ontem já era. 
Sedutoras, gatinhas temporonas 
brincam de esconde-esconde 
nas ruas e becos da cidade.

(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)


quarta-feira, 8 de abril de 2015

Diálogo entre um pré-adolescente e um ET



- Deus existe?
- Sim.
- Mas aonde??
- Nos lugares onde é bem-vindo. 
- Sinto Deus quando escuto a música das esferas celestes, do sol e da lua, dos rios e das montanhas...
- Como age Deus?
- Acho que as coisas de Deus são um mistério... Nessa vida moderna, em que temos pressa para ter, ter e ter, ficamos perdidos e esquecemos a alma no meio do caminho.

- O que chama a atenção de Deus? Riqueza? Poder?
- Acho que é algo simples, como um brinquedo que desperta a atenção de uma criança...

- Pra você, o que é a verdade?
- Hum... Acho que é não prejudicar os outros.
- A verdade é sempre a mesma?
O ET responde com uma pergunta: 
- O mundo não está sempre em movimento?

- O que você gostaria de fazer agora?
- Sei lá... Alguma coisa fora do comum...
- Dançar no meio da rua?!
- Brincar na chuva?!
- Abraçar um desconhecido?!
- Olhar o pôr-do-sol?!

(Inspirado na leitura do livro Maktub, de Paulo Coelho)

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...