terça-feira, 9 de julho de 2013

Medida provisória


Primeiros goles de cerveja
o gosto é amargo
eu soco soco
até descer.

A cabeça turbinada
zonza alucinada
pergunta o que será 
de mim sem você.

Prometo abraçar a natureza
dar ao povo educação e muita arte
muita saúde e pão na mesa
levar o amor pra toda parte.

Temo que a paixão corrupta
faça a cabeça do meu ser
para que venda a minha alma
só pra poder te corromper.

Meu novo projeto decreto
não será debatido no plenário
socado será medida provisória:
fazer decolar a nossa história!


quarta-feira, 3 de julho de 2013

Poema tirado de uma notícia de jornal - Manuel Bandeira


João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

É urgente, preciso falar...


É urgente.
Preciso falar
qualquer coisa
agora.
A espera
pelo fim do inverno
o re-começo da primavera,
que seja.
Dos projetos da hora
que me chamem pra dançar,
que seja.
Sonhos individuais
sonhos coletivos
meu lado comum, incomum,
adolescente, adulto, criança,
que seja.
Tentativas
acertos e erros
previstos e imprevistos
lembrados por uma amiga
na combustão mais sincera
de sua mais recente bebedeira.
Quero falar qualquer coisa, agora.
Para qualquer mente, ouvido
ou consciência virtual,
que seja.
O silêncio me incomoda.

Maria pintada de praia - Dalton Trevisan


GRANDALHÃO, voz retumbante, é adorado pelos filhos. João não vive bem com Maria ambiciosa, quer enfeitar a casa de brincos e tetéias. Ele ganha pouco, mal pode com os gastos mínimos. Economiza um dinheirinho, lá se foi com a asma do guri, um dente de ouro da mulher. Ela não menos trabalhadeira: faz todo o serviço, engoma a roupinha dos meninos, costura as camisas do marido. Inconformada porém da sorte, humilhando o homem na presença da sogra.

Para não discutir ele apanha o chapéu, bate a porta, bebe no boteco. Um dos pequenos lhe agarra a ponta do paletó:

— Não vá, pai. Por favor, paizinho.

Comove-se de ser chamado Paizinho. Relutante, volta-se para a fulana: em cada olho um grito castanho de ódio.

— O paizinho vai dar uma volta.

Tão grande e forte, embriaga-se fácil com alguns cálices. Estado lastimável, atropelando as palavras, é o palhaço do botequim. E, pior que tudo, sente-se desgraçado, quer o conchego do corpo gostoso da mulher.

Mais discutem, mais ele bebe e falta dinheiro em casa. Maria se emboneca, muito pintada e gasta pelos trabalhos caseiros. Desespero de João e escândalo das famílias, a pobre senhora, feia e nariguda, canta no tanque e diante do espelho as mil marchinhas de carnaval. Os filhos largados na rua, ocupada em depilar sobrancelha e encurtar a saia — no braço o riso de pulseiras baratas.

Com uma vizinha de má fama inscreve-se no programa de calouro:

— Sou artista exclusiva — ufana-se, com sotaque pernóstico. — A féria é gorda!

Aos colegas de rádio oferece salgadinhos e cerveja. João escapole pelos fundos, envergonhado da barba por fazer. Volta bêbado e Maria tranca a porta do quarto, obrigado a dormir no sofá da sala. Noite de inverno, o filho mais velho, ao escutá-lo gemer, traz um cobertor:

— Durma, paizinho.

A cada sucesso de Maria — o quinto prêmio da marchinha, o retrato no jornal, a carta com pedido de autógrafo:

— Ela ainda recebe uma vaia — é o comentário de João. - Com uma boa vaia ela aprende!

Ó não — essa aí quem é de cabelo oxigenado? Acompanhada a casa, horas mortas, pelo parceiro de vida artística. Ora o cantor de tangos, ora o mágico de ciências ocultas. Demora-se aos beijos na porta e as mães proíbem as crianças de brincar com os dois meninos. João sabe que é o fim — dona casada que tinge o cabelo não é séria. Vai dormir no puxado da lenha, encolhido na enxerga imunda, a garrafa na mão.

Dois dias fechado (assusta-lhe a própria força e jamais bate nos filhos), urra palavrão e desfere murro na parede. Maria faz as malas e, sem que os pequenos se despeçam de João, muda-se para casa dos pais.

Lá deixa os meninos e amiga-se com um pianista de clube noturno. Mais uma bailarina, que obriga os clientes a beber. O pianista, vicioso e tísico, toma-lhe o dinheiro e, se a féria não é gorda, ainda apanha.

Cansada de surra, volta à casa dos pais. Então a velha sai em busca de João e sugere as pazes.

— Ela que fique onde está. Não quero Maria, nem pintada de prata.

Despedido da fábrica por embriaguez, sobrevive com biscates. Ao vestir o paletó, da manga surge uma cobra e, aos berros, lança-o no fogo. Aranha cabeluda morde-lhe a nuca; inútil esmagá-la com o sapato, de uma nascem duas e três — enrodilha-se medroso a um canto e esconde nos joelhos a cabeça.

Domingo recebe a visita dos filhos, enviados pela sogra. Divertem-se no Passeio Público a espiar os macaquinhos. O pai compra amendoim e pipoca, que os três mordiscam deliciados. Afasta-se de mansinho e, atrás de uma árvore, empina a garrafa saliente no bolso traseiro da calça — as mãos cessam de tremer. Os meninos desviam os olhos: sapato furado, calça rasgada, paletó sem botão. Alisando a mão gigantesca:

— Não, paizinho. Não beba mais, pai.

Lágrimas correm pelo narigão de cogumelo encarnado. Despede-se com sorriso sem dentes. Na esquina gorgoleja a cachaça até a última gota.

Em delírio na sarjeta, recolhido três vezes ao hospício. A crise medonha da desintoxicação, solto quinze dias mais tarde. Mal cruza o portão, entra no primeiro boteco.

Maria cai nos braços do mágico de ciências ocultas e, proibida de cantar com voz tão horrorosa, consola-se no tanque de roupa. Nem o amante nem os velhos querem saber dos piás, internados no asilo de órfãos.

Cada um aprende seu ofício e, no último domingo do mês, com permissão da freira, vão bem penteadinhos à casa do pai. Ainda deitado, curte a ressaca; com alguns goles sente-se melhor. Os pequenos varrem a casa, acendem o fogo, olhinho irritado pela fumaça. No almoço apresentam café com pão e salame rosa. Sentado na cama, o pai contenta-se em vê-los comer. Sorri em paz, um deles enxuga-lhe o suor frio da testa. Sem coragem de abandoná-lo, os filhos a seu lado durante a noite: fala bobagem, treme da cabeça aos pés, bolhas de escuma espirram no canto da boca.

Os meninos adormecem, ouvindo o ronco feio do afogado. O maior acorda no meio da noite, vai espiar o pai em sossego, olho branco. Fala com ele, não se mexe. Tem medo e chama o irmão:

— O paizinho morreu.

Sem chorar, encolhidos na beira da cama, à escuta dos pardais da manhã.



Texto extraído do livro “20 Contos Menores”, Editora Record – Rio de Janeiro, 1979, pág. 43.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Tinha uma pedra no meu poema



Tinha uma pedra no meu poema
no meu poema tinha uma pedra
jamais esquecerei esse sufoco
nas pupilas de minha vida tão dilatada
tinha uma pedra no meu poema
no meu poema tinha uma pedra.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Pôquer interminável I - Luis Fernando Verissimo



Cinco jogadores em volta de uma mesa. Muita fumaça. Toca a campainha da porta. Um dos jogadores começa a se levantar.
        Jogador 1 - Onde é que você vai? Ninguém sai.
Os outros - Ninguém sai. Ninguem sai.
        jogador 2 - Bateram na porta. Eu vou abrir.
        Jogador 1 - A sua mulher não pode abrir?
        Jogador 2 - A minha mulher saiu de casa. Levou os filhos e foi pra casa da mãe dela.
        Jogador 1 - Sua mulher abandonou você só por causa de um joguinho de pôquer?
jogador 2 - E que nós estamos jogando há duas semanas.
jogador 1 - E dai?
Jogador 2 - Ela disse: "Ou os seus amigos saem, ou eu saio".
jogador 1 - Ninguém sai.
        Os outros - Ninguém sai. Ninguem sai.
        (A campainha toca outra vez. O dono da casa vai abrir, sob
o olhar de suspeita dos outros. É um garoto. O garoto se dirige ao
Jogador 1).
        Garoto - A mãe mandou perguntar se o senhor vai voltar
para casa.
Jogador 1 - Quem é a sua mãe?
Garoto - Ué. A minha mãe é a sua mulher.
        Jogador 1 - Ah. Aquela. Diz que agora eu não posso sair.
Os outros - Ninguém sai. Ninguém sai.
        Garoto - Eu trouxe uma merenda para o senhor.
        jogador 3 - Epa. O golpe do sanduíche. Mostra!
        Jogador 4 - Vê se não tem uma seqüência dentro.
        jogador 1 - Não tem nada. Só mortadela.
        Garoto - A mamãe também mandou pedir dinheiro.
        (todos os jogadores cobrem as suas fichas.)
        Todos - Ninguém dá. Ninguém dá.
        Jogador 1 - Diz pra sua mãe que eu estou com um four de ases na mão. Como ninguém vai ser louco de querer ver, esta mesa é minha e nós estamos ricos.
        Jogador 2- Se você tem four de ases então tem sete ases no baralho, porque eu tenho trinca.
        Jogador 1 - Diz pra sua mãe que o cachorrão falhou.
        (toca o telefone. O dono da casa se levanta para atender.)
        Jogador 3 - Mas o quê? Não se joga mais? Ninguém sai.
        Os outros - Ninguém sai. Ninguém sai.
        (Apesar dos protestos, o dono da casa vai atender o telefone. Volta.)


jogador 2 - Era a mulher do Ramiro dizendo que o nené já vai nascer.
Jogador 4 - O Meu filho vai nascer. Tenho que ir lá.
        Jogador 6 - Ninguém sai.
Os outros - Ninguém sai. Ninguém sai.
        Jogador 4 - Mas é o meu filho.
        Jogador 3 - Você vai pro batizado. Quem é que joga?

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Isso ou aquilo


Não sei se fico com a Ritinha
ou se vou pra rua protestar
Ritinha não me dá bolo
Ritinha só me dá bola
Ritinha se a-vi-zi-nha
carinhosa só quer amar

todo mundo foi pra rua
lá eu solto a cantoria
lá eu jogo a democracia
lá eu quero transformar

não sei se vou mudar o mundo
ou se me afago com a vizinha
se ganho abraço se ganho beijo
se levo bala se levo bomba
se levo chute se levo tombo
se levo abraço ou se levo flor

meus olhos são
   espelhos caia
                          dos
que vertem lágrimas
la
   cri
       mo
            gê
                neas
por que não sei 
o que eu faço:
Ritinha pra me amar
ruazinha pra protestar.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Falta espaço no Brasil - David Coimbra



Tenho procurado fazer leituras lúcidas, em meio a essa torre de Babel de informações que me deparo a toda hora, com relação aos manifestos que estão ocorrendo no país. Me chamou especial atenção o texto abaixo, com sua lucidez crítico-literária que o diferencia da maioria dos colunistas que tenho lido. 



Sinto falta da Dívida Externa nessas manifestações. Houve um tempo em que todo mundo falava da Dívida Externa. Existia até um cálculo de quanto cada brasileiro devia já ao nascer. Nas manifestações de então, as pessoas carregavam faixas ou pichavam as paredes com a frase clássica: "Fora FMI!".
Tinha uma mulher do FMI que vinha para cá. Ela usava talleur e carregava uma pasta. Era uma mulher muito séria. Obviamente, estava insatisfeita com o Brasil e se reunia com os ministros e o presidente para fazer cobranças. Eu via fotos daquela mulher sisuda nos jornais e ficava com raiva dos Estados Unidos. Malditos ianques! O Briza é quem tinha razão quando falava dos interésses.
Lembro de altruístas na faculdade que juravam que, se ficassem bilionários, pagariam a Dívida Externa. Com o pagamento da Dívida Externa matariam o dragão da inflação e a serpente do desemprego, e o Brasil estaria salvo. Aqueles meus colegas devem ter ficado bilionários, porque a Dívida Externa se extinguiu como as máquinas de escrever, o dragão da inflação virou lagartixa e a serpente do desemprego agora é uma minhoca. Mas, que coisa, o Brasil ainda não foi salvo.
Hoje, nas manifestações, ninguém mais reclama dos Estados Unidos, da Dívida Externa ou do FMI. O inimigo não está mais no Exterior, embora continue no lado de fora e acima do brasileiro: é o Estado, o Sistema ou até a "Grande Mídia" e os empresários. Trata-se de uma atitude muito saudável. Alivia a pressão psicológica interna. Se você compra peças de carro roubadas, faz gato na TV a cabo, superfatura a nota, sonega imposto ou fura a fila, você faz porque o patrão e o Estado o oprimem e a Grande Mídia não denuncia.
Você vive mal, a classe média vive mal. Não teria como viver bem: 80 milhões de pessoas ascenderam de classe social no Brasil, nos últimos 10 anos. São 80 milhões se movimentando, como os hunos pressionando os germanos e os germanos derrubando o Império Romano. 80 milhões ocupando um espaço que antes não ocupavam. O Brasil foi feito para menos gente. Não há tantas estradas, médicos, engenheiros, energia elétrica, pintores, pedreiros e água para tantos consumidores. Falta estrutura para crescimento tão rápido, e quem devia prever a estrutura gastou em corrupção, inchaço da máquina pública, tudo o que sabemos.
Quando o menino cresce rápido, doem-lhe os ossos. Gera mal-estar.
O mal-estar da classe média desbordou para as ruas. A vida está ruim e alguém precisa resolver isso logo. Quem? Alguém que está do lado de fora e acima. É lá que reside o Mal. Não mais nos Estados Unidos, não mais no FMI, talvez nos gabinetes arejados do poder, talvez dentro dos carros com vidros escuros, talvez até debaixo dos capacetes da polícia. Sabe-se lá. Mas isso tudo alguém vai ter que resolver.
* Texto publicado na Zero Hora desta sexta-feira, 21/06/2013.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Nada pessoal


De-fi-ni-ti-va-men-te
eu já não suportava
morar na primeira pessoa
(me sufocava)

glo-ba-li-za-do
olho aberto
peguei no tranco
engatei segunda
           terceira
             quarta
quinta pessoas, eu acho.

- Onde você andou, bicho do mato?
Ela cutuca onça com vara curta, eu acho.

poeticamente
politicamete
(ou vice-versa, tanto faz,
não nessa ordem)
vou soltar o verbo
trocar a marcha
seguir a marcha
o que mais importa
é soltar freio
       da boca
andar numa primeira
acomodado
alienado
é besteira
é vidinha à toa
morar na primeira
pessoa
- eu acho.

Por que o jovem não deve ler - Ulisses Tavares

Calma, prezado leitor, nem você leu errado, nem eu pirei de vez. Este artigo pretende isso mesmo: dar novos motivos para que os moços e moças de nosso Brasil continuem lendo apenas o suficiente para não bombar na escola.
             E continuem vendo a leitura como algo completamente estapafúrdio, irrelevante, anacrônico, e permaneçam habitando o universo ágrafo dos hedonistas incensados nos realitys shows.            (Êpa, acho que exagerei. Afinal, quem não lê, muito dificilmente vai conseguir compreender esta última frase. Desculpem aí, manos:  eu quis dizer que os carinhas, hoje, precisam de dicionário pra entender gibi da Mônica, na onda dos sarados e popozudas que vêem na telinha, e que vou dar uma força  pra essa parada aí, porra.)            Eu explico mais ainda: é que, aproveitando o gancho do Salão do Livro Infanto-Juvenil, em novembro agora no Parque do Ibirapuera, Sampa, pensei em escrever sobre a importância da leitura. Algo leve mas suficiente para despertar em meia dúzia de jovens o gosto pela leitura (de que? De tudo! De jornais a livros de filosofia; de bulas de remédio a conselhos religiosos; de revistas a tratados de física quântica; de autores clássicos a paulos coelhos.)            Daí aconteceram três coisas que me fizeram mudar de rumo e de idéia.            Primeiro eu li que fizeram, alguns meses atrás, um teste de leitura com estudantes do ensino fundamental de uma dezena de vários países. Era para avaliar se eles entendiam de verdade o que estavam lendo. Adivinhem quem tirou o último lugar, até mesmo atrás de paizinhos miseráveis e perdidos no mapa mundi? Acertou, bródi: o nosso Brasil.            Logo depois, li uma notícia boa que, na verdade, é ruim: o (des)governo de São Paulo anuncia maior número de crianças na escola. Mas adotou a política da não reprovação. Traduzindo: neguinho passa de ano, sim, mas continua tecnicamente analfabeto. Porque ler sem raciocinar é como preencher um cheque sem saber quanto se tem no banco.            E, por último, li em pesquisa publicada recentemente nos jornais, que para 56% dos brasileiros entre 18 e 25 anos comprar mais significa mais felicidade, pouco se importando com problemas ambientais e sociais do consumo desenfreado. Ou seja, o jovem brasileirinho gosta de comprar muitas latinhas de cerveja, mas toma todas e joga todas nas ruas ou nas estradas, sem remorso.            Viram como ler atrapalha?            A gente fica sabendo de fatos que, se não soubesse, teria mais tempo para curtir o próprio umbigo numa boa, sem ficar indignado e preocupado com a situação atual de boa parte de nossa juventude.            E também faz o tico e o teco (nossos dois neurônios que ainda funcionam no cérebro, já que se dividirmos o quociente de inteligência nacional pelo número de habitantes não deve sobrar mais que isso per capita) malharem e suarem, em vez de ficarmos admirando o crescimento do bumbum e do muque no espelho das academias de musculação.            Por isso que, num momento de desalento, decidi que, de agora em diante, como escritor e professor, nunca mais vou recomendar a ninguém que leia mais, que abra livros para abrir a cabeça.            A realidade é brutal e desmentiria em seguida qualquer motivo que eu desse para um jovem tupiniquim trocar a alienação pela leitura.            Eu reconheço: a maioria está certa em não ler.            E tem, no mínimo, 5 razões poderosas , maiores e melhores que meus frágeis argumentos ao contrário:
 1.      Se ler, vai querer participar como cidadão dos destinos do País. Não vale à pena o esforço. Como disse o Lula (que não teve muita escola, mas sempre leu pra caramba), a juventude não gosta de política, mas os políticos adoram. Por isso que eles mandam e desmandam há séculos;
2.      Se ler, vai saber que estão mentindo e matando montes de jovens todos os dias em todos os lugares do Brasil impunemente; principalmente porque esses jovens não percebem nem têm como saber (a não ser lendo) a tremenda cilada que é acreditar que bacana é mentir e matar também;
3.      Se ler, vai acordar um dia e se perguntar que diabo é isso que anda acontecendo neste lugar, onde só ladrões, corruptos, prostitutas e ignorantes, aparecem na mídia;
4.      Se ler, vai ficar mais humano e, horror dos horrores, é até capaz de sentir vontade de se engajar num trabalho comunitário, voluntário e parar de ser egoísta;
5.      Se ler, vai comparar opiniões, acontecimentos, impressões e emoções e acabar descobrindo que sua vida andava meio torta, meio gado feliz.
            O espaço está acabando e me deu vontade de lembrar que ninguém -nem mesmo alguém que não vê utilidade na leitura – pode achar que há um belo futuro aguardando uma juventude que vai de revólver pra escola e, lá, absorve não conhecimentos mas um baseado ou uma carreirinha maneira. Sim, é outra pesquisa que li, esta dando conta que sete entre dez estudantes brasileiros andam armados, três entre dez se drogam na escola, sete entre dez bebem regularmente.            Mas paro por aqui já que, apesar destes tristes tempos verdes e amarelos (as cores do vômito, papito), lembro também de tantos poetas, jornalistas e escritores que, ao longo de minha vida de leitor apaixonado, me deram toques de esperança, força e fé na mudança.            De um especialmente – o poeta Tiago de Melo – com seu verso comovido e repleto de coragem:            “Faz escuro, mas eu canto!”            Talvez meu pequeno cantar sirva de guia do homem (e mulher) de amanhã. E que, lendo mais, ele/ela evite de ter como única alternativa para mudar de vida dar a bunda (e a alma) ou engolir baratas (e a dignidade) diante das câmeras de televisão.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Ela disse

Que diabos ela disse
não se faça de difícil
não reclame do roteiro
não atropele o script
não me venha com milongas
não se faça songamonga
ela disse songamonga
juro juro ela disse
não me roube a paciência
com essa cara de inocência
amar assim é impossível
com romance de alto nível
risos lágrimas e platéia
não me venha com tragédia
me amar de noite e dia
não me venha com fobia
amar com rima ou sem rima
numa prosa que não acaba
ela disse te ajeita seu vagaba
ela disse ela disse não se faça 
não se faça não se faça...
Imbecil.

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...