quinta-feira, 9 de julho de 2009
RECOMPENSA
Ansiamos
pela notícia
bombástica
que vai nos alegrar.
Sustos fogem
num tropel de asas
investimentos
tantos
em sonhos
que um dia vão escalar
outros caminhos.
O menino encontrou
uma moedinha
de dez centavos
estava tão alegre
que nem ligou
se era noite
ou se era dia
abriu um sorriso imenso
pois ganhou na loteria!
terça-feira, 7 de julho de 2009
FUGA
domingo, 5 de julho de 2009
VÊ É UMA CAIXA - Valéria Belém
O que fazer para nos conhecermos melhor? Nos últimos séculos as ciências desbravaram imensos territórios, na busca pelo conhecimento. Um dos territórios investigado foi o da subjetividade, cabendo às psicologias e à psicanálise essa tarefa.
Costuma-se dizer que os outros auxiliam na compreensão de nós mesmos. Seus comentários podem iluminar nossos auto-julgamentos. Bem, desde que tenhamos coragem de nos voltarmos para nós mesmos!
No livro de Valéria Belém, Vê é uma caixa, algumas crianças resolvem fazer uma brincadeira: comparar seus colegas e amigos com objetos. “Vê é uma caixa, Mauro é puro livro, pois está sempre cheio de histórias, e Diná é como um chiclete”. Como reagiu cada um, ao ser comparado com TAL objeto? Vê, passado o susto, decidiu assumir “seu jeitinho caixa de ser”. Foi além: começou a fazer caixas, para dá-las de presente.
Essa atitude desencadeou uma série de eventos afetivos nas pessoas que eram de seu convívio. “Todos a-ma-vam” os presentes que recebiam, inclusive uma mulher mal-humorada, que morava na rua da escola e que tinha um jardim. “Tanto azedume não combinava com flores perfumadas!” (p. 18). Bastou ela receber de presente uma caixa, do formato e do tamanho de uma chave, que seu coração se abriu.
Essa história nos permite questionar a respeito de quantos sentimentos e emoções trancamos na nossa caixa interior, o nosso coração, e que deixamos de dividir, perdendo a oportunidade de fazer novas amigos, seja no trabalho, nas escola ou até nossos vizinhos.
Os livros também são caixas que, ao serem lidos, nos presenteiam com aventuras, dramas, suspense, comédias, tragédias... São “caixinhas de surpresa” que vão abrir, não apenas nosso coração, mas também a nossa mente. “Caixinhas de surpresa” podem ser também as pessoas, pois suas atitudes deixarão de lado a indiferença, alterando a ordem dos acontecimentos, como fez VÊ, na história de Valéria Belém.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
RICARDO AZEVEDO - Ninguém sabe o que é um poema.
Com mais de cem livros infantis publicados, Ricardo Azevedo, nascido em São Paulo, considera-se um “bagunceiro da linguagem”. Segundo ele, poetas são sujeitinhos inconvenientes, que gostam de fazer bagunça e mudar tudo de lugar. Bagunçam a verdade, mexem com a inocência das palavras, seu som, seu peso, sua cor e seu ritmo que, muitas vezes, se insinua entre duas sílabas. Dessa forma, contrariam hábitos e convenções, “acordando” a linguagem de uma espécie de sono, enriquecendo-a com novos sentidos.
Esse “bagunceiro” não pretende explicar, mas sim partilhar suas inquietações: sobre violência, amadurecimento pessoal, o mistério que são os outros e a própria poesia.
POEMA DO TEMPO
Tem o importante que sabe que é comum
Tem o comum que se acha importante
Tem o diamante que sabe que é pedra
Tem a pedra que se acha diamante
Enquanto isso, o tempo passa levando
comuns, importantes, pedras e diamantes
Ao lermos em voz alta o poema Eu passei um dia inteiro, percebemos que o texto possui um ritmo, uma cadência que organiza as frases: isso é muito comum em poesia. De acordo com Ricardo Azevedo, esse gênero esteve ligado à música em diferentes circunstâncias históricas.
Eu passei um dia inteiro
pra fazer essa modinha,
você chega e vem dizer
que a modinha não é minha?
A modinha é minha, sim,
quem não sabe, vai saber,
não tem como duvidar,
vou provar por a mais b.
Veja só o jeito dela:
confusa, desajeitada,
coitada, destrambelhada,
capenga, desengonçada.
Basta olhar pra cara dela:
disforme, deselegante,
quadrada, mal-ajambrada,
mixórdia marca barbante.
Rima pobre, manquitola,
arremedo incompetente,
tentativa que não cola,
só amola, infelizmente.
Sem assunto, sem idéia,
banal, batida, bisonha,
lengalenga, logorréia,
sem sentido, nem vergonha.
Tal bobice é um bagulho
é tolice atrapalhada,
é só burrada e barulho,
de poesia não tem nada.
Vou parando por aqui,
já chega de picuinha.
Quero ver quem vai dizer
que a modinha não é minha!
Ao ser perguntado sobre “o que é a poesia”, Ricardo Azevedo diz que o ser humano é um ser que pergunta, e a poesia tem a ver com isso. “Para responder a suas constantes indagações, o homem inventou as religiões, as ciências, as filosofias e também as artes. Vejo a poesia e a própria literatura, ou seja, as artes feitas com palavras, como formas de perguntar, interpretar, discutir e de compartilhar, por meio da ficção, assuntos que emocionam, encantam ou perturbam a todos nós”.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
ADELIA PRADO - BAGAGEM
O PATIFE tá enrolando de novo
Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...
-
Quando os caras atravessam as fronteiras do sensato e embarcam no ridículo, navegam numa certa loucura. Mas nesse tipo de paraíso vis...
-
Irmãos, está aberta a temporada de fiascos, atiramos pra tudo quanto é lado, sem ligarmos pra possibilidade de cruzar nosso caminho uma b...