segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
CANSADO DE FUGIR
Seu nome é John. Movido não sei se por respeito ou cumplicidade, ele me envia um breve e-mail resumindo o que fez e o que deixou de fazer como aprendiz do amor, ora enredando-se, ora escapulindo, nas teias de façanhas e culpas, no ano de 2008.
Em linhas gerais, diz que se esforçou para ser compreensivo, como ele acha que todo amante deve ser. Porém, assim que a janela de uma nova aventura se abria, era pressionado pelo medo e, covarde, apressava sua fuga. Todas as vezes a dona Razão convencia-o de que aquele amor seria breve e resultaria em fracasso.
Duas coisas John percebeu e relatou-me: está repetindo, para cada novo amor, os mesmos atos. Em segundo lugar, essa atitudes deixam-no infeliz. Completa, para finalizar: “como poderei, poeta, superar essa situação, se ‘estou cansado de fugir de quem me segue, e de correr atrás de quem foge de mim’”?
***
Ufa, John! Trezentos e sessenta e cinco dias em busca de aplausos, esbarrando nos diversos cenários e figurinos!
Nós dois sabemos, há tempos, o que insinuam os cínicos: “Capriche, faça de conta que estás vivendo o último dia de tua vida!”
Comediantes, dizem-se indiferentes à comédia. Preferem assistir, na primeira fila do cinema, filmes de suspense e de tragédia. Não creio que, no seu íntimo, torcem pra mocinha, em vez da vilã.
Para contrabalançar o stress e correr em busca de elogios, o melhor a fazer é sentar sóbrio no bar, num papo sério, sobre futebol e política, com os ébrios. Na mesa do bar não deves cometer o acinte de quintuplicar tuas desventuras amorosas. Quando fores ao banheiro, e a bebedeira assoprar no teu ouvido que deves jogar conversa mole pra cima da turma, erga a tampa, sente no vaso e dejete alguns fleches de tuas volúpias. Passe uma água gelada no rosto, tome uns goles d’água e volte, em silêncio, para o teu canto.
A ordem é não repetir. Não imitar o relato de façanhas, como o fazem aos borbotões por aí.
No quintal, a roseira fez pose e se ofereceu durante os doze meses que se passaram. Não reparaste se tinham cor, espinhos e perfume. Quantas rosas mulheres, enigmas, olhares e elogios, exibiram-se na mesinha do centro de tua sala, bem animadas no copo de cica com dois terços de água?
Não creio que a oportunidade vá passar apenas uma única vez...
A comédia sobre o palco, depois que o pano subiu, não nos vai convencer se somos tolos ou sábios, por ainda acreditarmos numa natureza humana. Sim. Acreditas no amor. Porém, teus lamentos mostram que há preocupação demais, e pouca ação. Deves conhecer o seguinte provérbio: “Quem ama muito, fala pouco”.
Muito falar e se queixar é supervalorizar os dilemas sentimentais.
O Amor sincero precisa de complemento e cuidado. Vamos carrega-lo nos braços como se fosse um filho amado!
Asseguro-te que dona Razão é péssima conselheira nos assuntos de amor. Em vez de dar-lhe ouvidos em demasia, abra as cortinas e janelas e se deixe inebriar pela brisa da paixão.
Faça parte da trupe, não esqueças de representar teu papel. Porque, nos assuntos de amor, é preferível se ator do que espectador!
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
PARIR É PRECISO
Mudança de ares, distanciamento. Afastar-se do espelho, beber imagens do mundo exterior, gestos de maestro conduzindo a orquestra de planos, tentativas, faltas, excessos. Ir em frente sem temer a noite, pois nem todos os gatos são bastardos.
Parir é preciso, como disse o amigo João. Antes disso há que ter solo e semente, e muita vontade aliada aos sonhos. Fazer nascer, e não repetir. Ser original, eis o desejo príncipe dos desejos, que seqüestra o sono. Eis a tarefa quixotesca, mas não vamos ligar se os outros recomendam escutar as censuras e medos.
Parir um filho que deposite seu olhar nas coisas simples, percepções que façam rir, chorar, sem ostentação. Livres de incertezas, receios e clichês. Filho que não vai ser o responsável pelo décimo terceiro e férias. Não é direito adquirido, nem averbado e guardado num cofre para ser usufruído amanhã.
Filho que não se acomoda com o pouco que já possui, e se prende às escassas expectativas que realiza mês após mês. Esse filho tecerá em seu coração, no silêncio da noite, planos audaciosos, afastando de seu caminho os medos do fracasso, e vai, sim, atrair imagens de sucesso e prosperidade.
O filho não perderá tempo com vaidades, inveja, arrogância, falsos elogios para não magoar os amigos. Descerá a ladeira no seu primeiro ensaio na bicicleta do irmão mais velho, pouco importa o quanto a aterrissagem vai ralar seus joelhos. Fará o gol mais bonito, mesmo que seu time não ganhe de goleada.
Parir sem pressa, menos dor e mais prazer, se possível. Obter a sensação mais “estranha” e arrancar, da obsessão de chegar ao novo, a visão incomparável, capaz de rasgar ao meio o lençol da noite sonolenta!
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
NATAL E ANO NOVO - Mensagem do Teco aos seus leitores e amigos!
Já é final do mês, e a esperança se renova OUTRA vez.
Chegou o momento de meus avós remarem contra o vento...
É que o remédio está caro, e eles ganham pouco...
Mas não entregam os pontos.
Fazem suas caminhadas
sempre, TOOODOS os dias,
para amenizar as jornadas
e duplicar a alegria!
Eles dizem que não podemos parar
e só ver o TEMPO passar.
Precisamos renovar
nosso estoque de sonhos.
E, agora, no final do ano
as pessoas se reencontram
depois de TAAANTO trabalhar.
Repensam seus papéis
e até se tornam papais noéis!
Na minha cidade, TODOS se enfeitam para o Natal.
Lojas cheias de gente, crianças, adultos,
lista de compras de PRESENTES...
Num piscar de olhos
Papai Noel nem chega e JÁ se vai!
O sol se põe, e no palco da noite
CONTOS DE FADA desfilam histórias e heróis!
- Neste sol quente, não esqueça
o chapéu de palha! - Dizia vovó.
Todo dia ela costurava memórias
sem tirar o olho do seu bordado...
Contava mais uma história
trançava as palhas do trigo.
Sua varinha mágica nos deu de presente
luvas, cachecóis, aventuras
e chapéus coloridos!
Já o vovô, antes de contar novas histórias, SEEEMPRE repetia:
Os sonhos e as lembranças
que brotaram dos verdes anos de meus pais
se ajeitavam na carroça,
e nos enchiam de esperança!
Naquele tempo as máquinas derrubavam o mato
e a fumaça do óleo diesel e o palheiro de meus tios
fumegavam o progresso...
Aí, seu olhar se perdia no horizonte, e ele SUSPIRAVA:
A terra que nos sustenta é a mesma dos velhos tempos...
O trator cava a terra anêmica
faz ela gemer e germinar
milho, arroz, trigo, feijão...
A terra se esforça e pede ajuda
pra chuva, pro sol e pro vento,
e muitas promessas são feitas
pra Santa Padroeira.
Décadas e décadas parindo alimento,
a terra, banguela, implora descanso,
mas esqueceram de avisar
esses HOMENS AVARENTOS!
Para não ver seus netos preocupados
com seu futuro e das crianças que virão,
vovô narrava as façanhas
de seus pais, tios e primos
e também de seus AVÓS...
Otimistas, eles faziam planos
enquanto as mãos ágeis
domavam as palhas do trigo
no sol mais BRAVO do céu
e assim ficávamos protegidos
com aqueles ENOORMES chapéus!
A palha zunia, se retorcia, corria pra TOODO lado,
mas logo logo se acalmava no trançado!
Agora eu percebo que o nascer do chapéu
é o nascimento de histórias,
de saudades e de amizades.
Nosso coração se abre
e acolhe com AMOR
TODOS os nossos irmãos,
sejam ricos ou pobres,
ganhem BRINQUEDOS OU NÃO!
O DIÁLOGO é a semente
que vai brotar, crescer e amadurecer
em TODOS os corações
fará respeitar nossos irmãos,
em qualquer estação,
sejam velhinhos ou não!
Nasce CHAPÉU e AMIZADE
e vai nos proteger de TODOS os males
nesse NATAL e ANO NOVO!
Assinar:
Postagens (Atom)
O PATIFE tá enrolando de novo
Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...
-
Quando os caras atravessam as fronteiras do sensato e embarcam no ridículo, navegam numa certa loucura. Mas nesse tipo de paraíso vis...
-
Irmãos, está aberta a temporada de fiascos, atiramos pra tudo quanto é lado, sem ligarmos pra possibilidade de cruzar nosso caminho uma b...