sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
Bomba de gasolina
Na bomba de gasolina
abasteço e corro como louco
verdadeiro animal alado
pra logo voltar e fitar
seu olhar molhado.
Antes,
minhas idas e vindas
diárias
se conformavam
com as chegadas e partidas
do ônibus da rodoviária.
Agora,
eu me perfumo
e abandono a sina de ermitão
só pra chamar sua atenção!
Como ela não tem nada com isso,
ensaio algumas danças
com as asas do pavão
e sonho meu destino
com a barby que se insinua
debaixo do macacão!
abasteço e corro como louco
verdadeiro animal alado
pra logo voltar e fitar
seu olhar molhado.
Antes,
minhas idas e vindas
diárias
se conformavam
com as chegadas e partidas
do ônibus da rodoviária.
Agora,
eu me perfumo
e abandono a sina de ermitão
só pra chamar sua atenção!
Como ela não tem nada com isso,
ensaio algumas danças
com as asas do pavão
e sonho meu destino
com a barby que se insinua
debaixo do macacão!
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Quarta-feira de cinzas
O morto
Eu estava dormindo e me acordaram
e me encontrei, assim, num mundo estranho e
louco...
E quando eu começava a compreendê-lo
um pouco,
já eram horas de dormir de novo!
(Mário Quintana).
A gurizada
bebe e urina
à noite no salão
na esquina
jorrando seu rim
num rio Potiribu.
O rio vai matar a nossa sede
de água pura destilada,
pois é o nosso destino
viver de vida reciclada.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
Carnaval
Não suporto a ideia de ser moralista
mas que nenhuma dessas gatas
que bebe todas no carnaval
me apareça grávida amanhã!
Pelo amor de Deus
saibam que do short apertado
cochas bronzeadas
seios estalados
e um rebolado insinuante
repleto de tchan, tchan, tchan
vai acabar em sexo
e algumas gatas barrigudas
amanhã de manhã...
Hoje não há tristeza
posso rir sem faz de conta
mandar a realidade pro espaço
e seguir o bloco da paixão
mas não deixo que a realidade
perca de vista
suas mentiras e verdades
e os tesouros perdidos
da liberade.
É que debaixo de minha cama
tem um bando de ex-amores
que perturbam quem me ama
"E debaixo dessa escrita
tem sangue em vez de tinta
e alguém calado que grita"
(Affonso Romano de Sant'anna).
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
O carnaval do símbolo - Celso Gutfreind
Não entendia o gosto de meu filho pelo WWE. E meu filho reclamava de minha indiferença. Lembro que ele dizia que essas lutas são de faz-de-conta, e de que sempre os personagens contam uma história. A partir de então, passei a assistir com ele e, no começo, me sentia um pouco sem graça... Agora eu leio este texto do Celso Gutfreind, poeta e psiquiatra, e percebo que o guri tinha razão, e de que tudo faz sentido...
No ano passado, o Ted Boy Marino morreu. Acusei o golpe. Ele foi meu ídolo nos anos 60. Deu-me o direito de ir dormir mais tarde. Eu sonhava acordado com inimigos imaginários. Ele foi o meu primeiro Dom Quixote. Nas lutas do telecatch, eu sorria quando o Ted vencia. E chorava se ele perdia, mas felizmente era raro. Desabei quando “quebraram” o seu braço. Pedi para engessarem o meu também. Eu o imitava dia e noite. Eu e toda a torcida do Flamengo, do Grêmio, do Inter.
Hoje seria como o UFC, com Anderson Silva. Mas não era. Tinha uma diferença. As lutas livres faziam um faz de conta, um “como se”. Até o menino de cinco anos sabia que não eram de verdade. Adultos e crianças, fingíamos juntos. O UFC não põe aspas para quebrar braços, machucar pernas, arrancar pedaços da orelha.
São anos de surra no símbolo. Na brincadeira. Na possibilidade de imaginar. A realidade vem sendo imposta direta demais. Há excesso de videogame e falta de convivência. Lutamos contra o desconhecido; ele pulsa com violência, dentro de nós. Seria mortal, caso não tivesse a festa de consertar. Mas o conserto depende de estar com o outro. Fingindo, brincando, fazendo de conta. Tocando. Da ilusão surge a criatividade. E fica, realmente, mais vivo.
O Mario Quintana falou disso, com poesia. Para ele, o ritmo é salvador. A pele entre o eu e o mundo, entre nós e as coisas. Feita com literatura, mas também com dança, música, cinema, esporte, trabalho. Com encontro. Somos, no fundo, salvos pelo teatro. Somos, no fundo, salvos pelo outro. Caso contrário, a solidão nocauteia com o soco da morte crua e verdadeira, que nos habita desde o nascimento.
O ritual das lutas sabia iludir até que nos sentíssemos prontos para lutar de fato, ou seja, metaforicamente. Crianças encontravam adultos capazes de organizar um espetáculo que representava a violência, mas não era a violência. O UFC cria pouca pele, não cava muito espaço.
Ainda não sei o que farei com a falta do Ted Boy Marino, mas aprendi a esperar. A descansar no símbolo e ficar triste à vontade sem que a realidade venha quebrar o braço, machucar a perna, danificar o cérebro. E, sobretudo, matar o coração.
Acho que vou contá-la, achar um ouvinte, estar junto até que a dor passe para eu poder ficar sozinho novamente. Atado à morte do Ted, há um fio comprido de mortos, do cão à irmã. Dos amigos de Porto Alegre a Santa Maria. Não posso deletá-los simplesmente. Sem ombro onde se apoiar, sem ter com quem falar, não haveria como sobreviver.
O faz de conta acompanhado ensinou a viver de verdade. A morrer, talvez. A prosseguir e, como se espantou o Quintana, vir à tona de todos os naufrágios.
Zero Hora, 09/02/2013
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