domingo, 7 de outubro de 2012

Prova falsa - Stanislaw Ponte Preta





Quem teve a ideia foi o padrinho da caçula - ele me conta. Trouxe o cachorro de presente e logo a família inteira se apaixonou pelo bicho. Ele até que não é contra isso de se ter um animalzinho em casa, desde que seja obediente e com um mínimo de educação.

— Mas o cachorro era um chato — desabafou.

Desses cachorrinhos de raça, cheio de nhém-nhém-nhém, que comem comidinha especial, precisam de muitos cuidados, enfim, um chato de galocha. E, como se isto não bastasse, implicava com o dono da casa.

— Vivia de rabo abanando para todo mundo, mas, quando eu entrava em casa, vinha logo com aquele latido fininho e antipático de cachorro de francesa.

Ainda por cima era puxa-saco. Lembrava certos políticos da oposição, que espinafram o ministro, mas quando estão com o ministro ficam mais por baixo que tapete de porão. Quando cruzavam num corredor ou qualquer outra dependência da casa, o desgraçado rosnava ameaçador, mas quando a patroa estava perto abanava o rabinho, fingindo-se seu amigo.

— Quando eu reclamava, dizendo que o cachorro era um cínico, minha mulher brigava comigo, dizendo que nunca houve cachorro fingido e eu é que implicava com o "pobrezinho".

Num rápido balanço poderia assinalar: o cachorro comeu oito meias suas, roeu a manga de um paletó de casimira inglesa, rasgara diversos livros, não podia ver um pé de sapato que arrastava para locais incríveis. A vida lá em sua casa estava se tornando insuportável. Estava vendo a hora em que se desquitava por causa daquele bicho cretino. Tentou mandá-lo embora umas vinte vezes e era uma choradeira das crianças e uma espinafração da mulher.

— Você é um desalmado — disse ela, uma vez.

Venceu a guerra fria com o cachorro graças à má educação do adversário. O cãozinho começou a fazer pipi onde não devia. Várias vezes exemplado, prosseguiu no feio vício. Fez diversas vezes no tapete da sala. Fez duas na boneca da filha maior. Quatro ou cinco vezes fez nos brinquedos da caçula. E tudo culminou com o pipi que fez em cima do vestido novo de sua mulher.

— Aí mandaram o cachorro embora? — perguntei.

— Mandaram. Mas eu fiz questão de dá-lo de presente a um amigo que adora cachorros. Ele está levando um vidão em sua nova residência.

— Ué... mas você não o detestava? Como é que arranjou essa sopa pra ele?

— Problema da consciência — explicou: — O pipi não era dele.

E suspirou cheio de remorso.

Gatinha




Seu olhar me interroga
até abrir minha porta
meu coração acelera
e segue sua rota.

sábado, 6 de outubro de 2012

Dança


As bailarinas
do box do banheiro
dançam toda vez
que passo por lá.
Na dança de amores,
no toma-lá-dá-cá,
eu danço até ca(n)sar!

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Vou à luta


Vou à luta
como um cavalo 
              crioulo
puro sangue
numa cavalgada 
                       infinita.

É que meu signo previu
nota 10 em meu humor
e capacidade impar
de influenciar as pessoas...

Seria  o paraíso
se você soubesse disso
e desse a mínima pra mim!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Desafinado



Eu cantava 
           em sol
me ouvia em lá
quando o amor 
         desafinou
eu sofri 
          em bemol
essas coisas 
              do amor
me dão 
          dó maior!

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Sabiá

 
Sabiá
madrugador
chama clama
por amor

acordei
com seu cantar
acordei
pra me encontrar...

Sabiá
galanteador
como eu
procura
amor!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Blgueiro do ijui.com será o patrono da feira do livro de Ijuí/R.S


 
A abertura oficial da 23ª Feira do Livro Infantil do Sesc e da 20ª Feira do Livro de Ijuí acontece no dia 6 de novembro, às 20h, na Praça da República.

Durante o dia serão realizadas palestras e sessão de autógrafos com o jornalista, humorista e cartunista, Carlos Henrique Iotti. A solenidade de abertura contará com a apresentação artística do Centro Municipal de Arte e Educação Professor Pardal.

O patrono da Feira deste ano será o professor do Instituto Municipal de Ensino Assis Brasil, Américo Piovesan, que também é blogueiro do Portal ijuhy.com.

A feira deste ano se estende até o dia 11 de novembro. Peças de teatro, apresentações das escolas e o Concurso de História em Quadrinhos integram a programação.

A 23ª Feira do Livro Infantil do Sesc e a 20ª Feira do Livro de Ijuí serão realizadas na Praça da República. A Mostra de Trabalhos das Escolas é uma das atrações permanentes do evento. No dia 7 de novembro a programação contará com apresentações artísticas de escolas de todo o município, às 18h30 acontece o lançamento de publicações da Secretaria Municipal de Educação (Smed).

No dia 8 de novembro também serão realizadas apresentações artísticas e às 18h30 acontece o lançamento das publicações do “Letras fora da Gaveta”. A premiação do Concurso de História em Quadrinhos com o tema “De quadrinho em quadrinho desenhamos o mundo” será realizada no dia 10, às 9h.

O encerramento do evento será no dia 11 de novembro, e contará com brinquedos e mateada, além do show da Banda IDR, às 19h30.

Cisne



Na primavera
ele soltou
seu cisne



cria
motivos
sem qualquer
culpa

desculpas
pra mais um
brinde.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Arte do chá - Paulo Leminski



Ainda ontem
convidei um amigo
 para ficar em silêncio
comigo

 ele veio
meio a esmo
 praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo.

domingo, 23 de setembro de 2012

O sino


Bate o sino
no domingo
me transformo
em menino.

meus ouvidos
são a porta 
de entrada
da infância...

Bate o sino
e seu mimo
me convida
a ser criança!

O dia das abelhas - David Coimbra

Mel é vômito de abelha. Disse isso para o meu filho, e ele adorou. Contou para os amigos na escolinha, mas eles não acharam tão divertido. A professora também não. 

– A profe disse que mel não é vomito (ele diz “vomito”). Mas é, né, papai? – É, sim!

E é. A abelha recolhe o néctar das flores e o “engole”, digamos assim. Dentro dela, enzimas e outras secreções próprias do seu corpinho são acrescentadas ao néctar e, enquanto ela voa alegremente para a colmeia, a mistura vai se transformando em mel, só que mel aguado.

Na colmeia, ela vomita a substância, que outra abelha suga. E vomita. Aí outra suga. E vomita de novo. Assim, de vômito em vômito, a coisa vai se transformando em mel. Então, chega um cara com uma roupa de tela, rouba todo o produto do trabalho das abelhinhas, envasa e vende no súper. Dias depois, você come o vômito com pão ao café da manhã.

Conto tudo isso em homenagem a essa data querida de hoje, o começo da Primavera. Hoje, como você sabe, o dia terá exatamente a mesma duração da noite. A partir de amanhã, os dias aumentarão e as minissaias encurtarão, até que cheguem os dias cálidos e os praianos se mudem para a orla. Mas, além da mudança de clima, você também sabe que, na Primavera, as flores desabrocham e se colorem e liberam seus olores, o que tem a ver, exata e precisamente, com as abelhas.

É que elas, as flores, enfeitam-se e perfumam-se todas pelo mesmo motivo que as fêmeas humanas se enfeitam e se perfumam: para se tornarem atraentes. No caso das flores, óbvio, elas não pretendem atrair nenhum galalau barbudo de vinte e poucos anos de idade, e sim... as abelhas!

São as abelhas que, ao sugar o néctar, se roçam no pólen, que fica grudado aos seus pequenos pés. Como elas passam o dia de flor em flor, levam pólen de uma para outra. E o pólen é, toscamente definindo, o esperma das flores. Logo, são as abelhas que fecundam as flores. Quando você vê uma abelha numa flor está, de certa forma, vendo uma cena de sexo vegetal, com a inclusão de um animal.

A primavera é mesmo uma festa. 

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...