terça-feira, 2 de outubro de 2012

Sabiá

 
Sabiá
madrugador
chama clama
por amor

acordei
com seu cantar
acordei
pra me encontrar...

Sabiá
galanteador
como eu
procura
amor!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Blgueiro do ijui.com será o patrono da feira do livro de Ijuí/R.S


 
A abertura oficial da 23ª Feira do Livro Infantil do Sesc e da 20ª Feira do Livro de Ijuí acontece no dia 6 de novembro, às 20h, na Praça da República.

Durante o dia serão realizadas palestras e sessão de autógrafos com o jornalista, humorista e cartunista, Carlos Henrique Iotti. A solenidade de abertura contará com a apresentação artística do Centro Municipal de Arte e Educação Professor Pardal.

O patrono da Feira deste ano será o professor do Instituto Municipal de Ensino Assis Brasil, Américo Piovesan, que também é blogueiro do Portal ijuhy.com.

A feira deste ano se estende até o dia 11 de novembro. Peças de teatro, apresentações das escolas e o Concurso de História em Quadrinhos integram a programação.

A 23ª Feira do Livro Infantil do Sesc e a 20ª Feira do Livro de Ijuí serão realizadas na Praça da República. A Mostra de Trabalhos das Escolas é uma das atrações permanentes do evento. No dia 7 de novembro a programação contará com apresentações artísticas de escolas de todo o município, às 18h30 acontece o lançamento de publicações da Secretaria Municipal de Educação (Smed).

No dia 8 de novembro também serão realizadas apresentações artísticas e às 18h30 acontece o lançamento das publicações do “Letras fora da Gaveta”. A premiação do Concurso de História em Quadrinhos com o tema “De quadrinho em quadrinho desenhamos o mundo” será realizada no dia 10, às 9h.

O encerramento do evento será no dia 11 de novembro, e contará com brinquedos e mateada, além do show da Banda IDR, às 19h30.

Cisne



Na primavera
ele soltou
seu cisne



cria
motivos
sem qualquer
culpa

desculpas
pra mais um
brinde.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Arte do chá - Paulo Leminski



Ainda ontem
convidei um amigo
 para ficar em silêncio
comigo

 ele veio
meio a esmo
 praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo.

domingo, 23 de setembro de 2012

O sino


Bate o sino
no domingo
me transformo
em menino.

meus ouvidos
são a porta 
de entrada
da infância...

Bate o sino
e seu mimo
me convida
a ser criança!

O dia das abelhas - David Coimbra

Mel é vômito de abelha. Disse isso para o meu filho, e ele adorou. Contou para os amigos na escolinha, mas eles não acharam tão divertido. A professora também não. 

– A profe disse que mel não é vomito (ele diz “vomito”). Mas é, né, papai? – É, sim!

E é. A abelha recolhe o néctar das flores e o “engole”, digamos assim. Dentro dela, enzimas e outras secreções próprias do seu corpinho são acrescentadas ao néctar e, enquanto ela voa alegremente para a colmeia, a mistura vai se transformando em mel, só que mel aguado.

Na colmeia, ela vomita a substância, que outra abelha suga. E vomita. Aí outra suga. E vomita de novo. Assim, de vômito em vômito, a coisa vai se transformando em mel. Então, chega um cara com uma roupa de tela, rouba todo o produto do trabalho das abelhinhas, envasa e vende no súper. Dias depois, você come o vômito com pão ao café da manhã.

Conto tudo isso em homenagem a essa data querida de hoje, o começo da Primavera. Hoje, como você sabe, o dia terá exatamente a mesma duração da noite. A partir de amanhã, os dias aumentarão e as minissaias encurtarão, até que cheguem os dias cálidos e os praianos se mudem para a orla. Mas, além da mudança de clima, você também sabe que, na Primavera, as flores desabrocham e se colorem e liberam seus olores, o que tem a ver, exata e precisamente, com as abelhas.

É que elas, as flores, enfeitam-se e perfumam-se todas pelo mesmo motivo que as fêmeas humanas se enfeitam e se perfumam: para se tornarem atraentes. No caso das flores, óbvio, elas não pretendem atrair nenhum galalau barbudo de vinte e poucos anos de idade, e sim... as abelhas!

São as abelhas que, ao sugar o néctar, se roçam no pólen, que fica grudado aos seus pequenos pés. Como elas passam o dia de flor em flor, levam pólen de uma para outra. E o pólen é, toscamente definindo, o esperma das flores. Logo, são as abelhas que fecundam as flores. Quando você vê uma abelha numa flor está, de certa forma, vendo uma cena de sexo vegetal, com a inclusão de um animal.

A primavera é mesmo uma festa. 

sábado, 22 de setembro de 2012

Fera adormecida


Foi uma princesa 
bela fera adormecida
era um dos sete anões
fiel sempre a segui-la
agora a bruxa 
com suas rugas
meio monstras
me encontra e me sorri
nem preciso me espelhar
pra saber que envelheci.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Paraíso


O pátio tem mato até o pescoço, 
e os vizinhos observam, desconfiados, 
eu receber a visita de cães, cobras, gatos e lagartos. 
- Vizinhos, os bichos daqui não são inimigos!
Eles ainda não foram expulsos do paraíso!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Poeta pateta!





Tudo corria bem, obrigado
até notar a flor amarela
na cabeça dela
aí eu fiquei grilado
uma flor desse tamanho
na sua cabeça castanha
até pensei dizer a ela
meu deslumbramento
com a descoberta
porém desisti, é claro,
não queria passar
por sujeito estranho
e até meio pateta
que ainda não descobriu
como se faz
pra ser poeta!

Passos de bailarina



As carinhas que cruzei na calçada, 
pareciam vacilar de-vagar pelas quebradas. 
Esquisita sina, não encontrei nenhum passo de bailarina.
Todo mundo anda com medo, 
ou isso é coisa de poeta louco, 
e só eu percebo?

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Apólogo brasileiro sem véu de alegoria - Antônio de Alcântara Machado


O trenzinho recebeu em Maguari o pessoal do matadouro e tocou para Belém. Já era noite. Só se sentia o cheiro doce do sangue. As manchas na roupa dos passageiros ninguém via porque não havia luz. De vez em quando passava uma fagulha que a chaminé da locomotiva botava. E os vagões no escuro.
Trem misterioso. Noite fora noite dentro. O chefe vinha recolher os bilhetes de cigarro na boca. Chegava a passagem bem perto da ponta acesa e dava uma chupada para fazer mais luz. Via mal e mal a data e ia guardando no bolso. Havia sempre uns que gritavam:
 – Vá pisar no inferno! 
Ele pedia perdão (ou não pedia) e continuava seu caminho. Os vagões sacolejando.
O trenzinho seguia danado para Belém porque o maquinista não tinha jantado até aquela hora. Os que não dormiam aproveitando a escuridão conversavam e até gesticulavam por força do hábito brasileiro. Ou então cantavam, assobiavam. Só as mulheres se encolhiam com medo de algum desrespeito.
Noite sem lua nem nada. Os fósforos é que alumiavam um instante as caras cansadas e a pretidão feia caía de novo. Ninguém estranhava. Era assim mesmo todos os dias. O pessoal do matadouro já estava acostumado. Parecia trem de carga o trem de Maguari.
Porém aconteceu que no dia 6 de maio viajava no penúltimo banco do lado direito do segundo vagão um cego de óculos azuis. Cego baiano das margens do Verde de Baixo. Flautista de profissão, dera um concerto em Bragança. Parara em Maguari.
Voltava para Belém com setenta e quatrocentos no bolso. O taioca guia dele só dava uma folga no bocejo para cuspir.
Baiano velho estava contente. Primeiro deu uma cotovelada no secretário e puxou conversa. Puxou à toa porque não veio nada. Então principiou a assobiar. Assobiou uma valsa (dessas que vão subindo e depois descendo, vêm descendo), uma polca, um pedaço do “Trovador”. Ficou quieto uns tempos. De repente deu uma coisa nele. Perguntou para o rapaz:
– O jornal não dá nada sobre a sucessão presidencial?
O rapaz respondeu:
– Não sei: nós estamos nos escuro.
– No escuro?
– É.
Ficou matutando calado. Claríssimo que não compreendia bem. Perguntou de novo:
– Não tem luz?
Bocejo.
– Não tem.
 Cuspada.
Matutou mais um pouco. Perguntou de novo:
– O vagão está no escuro?
– Está.
De tanta indignação bateu com o porrete no soalho. E principiou a grita dele assim:
– Não pode ser! Estrada relaxada! Que é que faz que não acende? Não se pode viver sem luz! A luz é necessária! A luz é o maior Dom da natureza! Luz! Luz! Luz!
E a luz não foi feita. Continuou berrando:
– Luz! Luz! Luz!
Só a escuridão respondia.
Baiano velho estava fulo. Urrava. Vozes perguntaram dentro da noite:
– Que é que há?
Baiano velho trovejou:
– Não tem luz!
Vozes concordaram:
– Pois não tem mesmo.
Foi preciso explicar que era um desaforo. Homem não é bicho. Viver nas trevas é cuspir no progresso da humanidade. Depois a gente tem a obrigação de reagir contra os exploradores do povo. No preço da passagem está incluída a luz. O governo não toma providências? Não toma? A turba ignara fará valer seus direitos sem ele. Contra ele se necessário. Brasileiro é bom, é amigo da paz, é tudo quanto quiserem: mas bobo não. Chega um dia e a coisa pega fogo.
Todos gritavam discutindo com calor e palavrões. Um mulato propôs que se matasse o chefe do trem. Mas João Virgulino lembrou:
– Ele é pobre como a gente.
Outro sugeriu uma grande passeata em Belém com banda de música e discursos.
– Foguetes também?
– Foguetes também.
– Be-le-za!
Mas João Virgulino observou:
– Isso custa dinheiro.
– Que é que se vai fazer então?
Ninguém sabia. Isto é, João Virgulino sabia. Magarefe-chefe do matadouro de Maguari, tirou a faca da cinta e começou a esquartejar o banco de palhinha. Com todas as regras do ofício. Cortou um pedaço, jogou pela janela e disse:
– Dois quilos de lombo!
Cortou outro e disse:
– Quilo e meio de toicinho!
Todos os passageiros magarefes e auxiliares imitaram o chefe. Os instintos carniceiros se satisfazem plenamente. A indignação virou alegria. Era cortar e jogar pelas janelas. Parecia um serviço organizado. Ordens partiam de todos os lados. Com piadas, risadas, gargalhadas.
– Quantas reses, Zé Bento?
– Eu estou na quarta, Zé Bento!
Baiano velho quando percebeu a história pulou de contente. O chefe do trem correu quase que chorando.
– Que é isso? Que é isso? É por causa da luz?
Baiano velho respondeu:
– É por causa das trevas!
O chefe do trem suplicava:
– Calma! Calma! Eu arranjo umas velinhas.
João Virgulino percorria os vagões apalpando os bancos.
– Aqui ainda tem uns três quilos de colchão mole!
O chefe do trem foi para o cubículo dele e se fechou por dentro rezando. Belém já estava perto. Dos bancos só restava armação de ferro. Os passageiros de pé contavam façanhas. Baiano velho tocava a marcha de sua lavra chamada Às armas cidadãos! O taioquinha embrulhava no jornal a faca surrupiada na confusão.
Tocando a sineta o trem de Maguari fungou na estação de Belém. Em dois tempos os vagões se esvaziaram. O último a sair foi o chefe muito pálido.
Belém vibrou com a história. Os jornais afixaram cartazes. Era assim o título de um: Os passageiros no trem de Maguari amotinaram-se jogando os assentos ao leito da estrada. Mas foi substituído porque se prestava a interpretações que feriam de frente o decoro das famílias. Diante do teatro da paz houve um conflito sangrento entre populares.
Dada a queixa à polícia foi iniciado o inquérito para apurar as responsabilidades.
Perante grande número de advogados, representantes da imprensa, curiosos e pessoas gradas, o delegado ouviu vários passageiros. Todos se mantiveram na negativa menos um que se declarou protestante e trazia um exemplar da Bíblia no bolso. O delegado perguntou: 
– Qual a causa verdadeira do motim?
O homem respondeu:
– A causa verdadeira do motim foi a falta de luz nos vagões.
O delegado olhou firme nos olhos do passageiro e continuou:
– Quem encabeçou o movimento?
Em meio da ansiosa expectativa dos presentes o homem revelou:
– Quem encabeçou o movimento foi um cego!
Quis jurar sobre a Bíblia mas foi imediatamente recolhido ao xadrez porque com a autoridade não se brinca.

Histórias de humor. São Paulo: Scipione, 2004. 

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...