Cheguei no bar do Telmo com uns trocos
que surrupiei do caixa eletrônico,
bolsos forrados de extratos bancários
amassados.
Ela tomava sua Heineken
dentro de um short preto
justíssimo.
Eu não uso viseiras,
eu bebo pra estreitar a vista,
eu bebo pra enxergar o que desejo.
Não me saía da cabeça
o que o poeta Chacal
me falou:
Cadelão, a vida é curta pra ser pequena!
Ela rebolava os quadris
no ritmo de sua música imaginária,
e sorria, e dizia baixinho
Eu sei o que tu quer,
mas eu não vou dar...
Eu entornava um copo atrás do outro
como um maluco
que desfolha margaridas
bem-me-quer-mal-me-quer,
vai-dar-não-vai
vai-dar-não-vai...
não-não-não-vai-dar-não!
Sentado do meu lado esquerdo
o Cesinha lembrou dos versos
de um blues do Saco de Ratos
Esqueça a loira, "somos cada vez mais
velhos, bêbados e barrigudos".
Eu sabia, todos sabiam, que o Cesinha
nunca ia entender que eu precisava
compreender o conteúdo
da caixa preta da loira,
e não sacava qual o pecado nisso.
Sentada do meu lado direito
a poeta lésbica bebia e ria,
enquanto dizia
Cadelão, tu nunca vai entender
o conteúdo da caixa preta
de uma mulher!
Eu me vejo nessa escrita escrota e verdadeira do cadelão, cada vez mais me vejo!
ResponderExcluirRapaz, devem ser tão poucos meu leitores...
ExcluirTe ver por aqui é uma dádiva.
Abraços.
Visito este blog já há algum tempo, não sei como vim parar por aqui, mas nunca mais deixei de passar por aqui.
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