terça-feira, 16 de outubro de 2018
segunda-feira, 15 de outubro de 2018
sexta-feira, 12 de outubro de 2018
Caneladas e chutões
Dou
uma passada pelas redes sociais e
observo como está o jogo político.
Criaturas
de todas as idades se digladiam à direita e à esquerda,
a maioria fora de forma
com relação às regras da argumentação,
barrigudas, cansadas, amadoras.
Um
festival de voadoras e caneladas e chutões pro alto.
Mas
seguem jogando.
Sinto
que é quase uma obrigação,
como se o mundo fosse acabar amanhã.
As
pessoas estão com raiva,
inclusive alguns poetinhas.
Parodiando
Bukowski, é a única coisa em que são bons.
(B.
B. Palermo)
segunda-feira, 8 de outubro de 2018
segunda-feira, 1 de outubro de 2018
Pode ser que sim, pode ser que não
Encontros
aleatórios
pode
ser que sim
pode
ser que não
algumas
vezes é só beijo
outras
vezes a viagem é infinita
e
alegra-se um cadelão de alma suja.
Calma,
meu brother,
Nenhum
sentimento de culpa,
você
é um solitário nessas ruas.
As
estrelas apostam suas fichas em você.
Do
alto, coringas e outras cartas em suas mangas,
você
é um cara divertido aos olhos do firmamento.
Aprenda
a comunicar-se na hora do rusch.
Seja
simples e direto, mostre numa frase o que quer.
Às
vezes ganhará, às vezes não.
Nada
de romantismo exagerado, vê se aprende meu irmão.
Quando
nada funcionar, relaxa e pensa noutra coisa.
Sussurros
e gemidos e palavrões, use na dose certa,
ainda
mais se um bebê dorme no quarto ao lado
e
a porta está aberta.
Não
desista do romantismo.
O
beijo é muito importante.
Roçar
a pele, sentir o cheiro,
não
perder de vista o “Império dos sentidos”.
Ginástica
sexual é muito pouco,
mas
pode ser um bom começo.
Se
ela perguntar
“O
que você está fazendo?”,
“O
que vai fazer daqui a pouco?”,
“Bebendo
uma cerveja?”,
é
porque ela quer.
Faça
o seu melhor.
Se
deixar para depois, babau.
(B.
B. Palermo)
sábado, 29 de setembro de 2018
Os movimentos do amor
Quando
trouxer uma flor roubada,
não
me devolvas uma coroa de espinhos, meu bem.
Mesmo rejeitado, eu tiro de letra,
porque intuo os movimentos do amor,
como disse Drummond:
João amava Teresa
que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Podes
desdenhar, rir da minha cara,
contar
pra todo mundo o quanto sou ridículo,
mas
não esqueça que todos fingimos
que
deciframos as vontades do amor.
Desejamos
reter o amor e-ter-na-men-te.
Mas
a vida segue. O tempo brinca
com nossos
sentimentos,
ele
executa as mesmas funções da diarista,
que
varre e lava e limpa e passa...
quinta-feira, 27 de setembro de 2018
Talvez o amor seja como um local de descanso
Experimente
como se ganha um amor,
e
como se perde um amor,
ouvindo
boa música.
Você já experimentou a batida do berimbau?
Quando
você se humilha e liga e liga e ela nem aí,
ouça
de preferência um blues.
Amores
perdidos e ganhos,
os
que sequestraram nossas melhores energias,
devem
ser lembrados ouvindo sinfonias
ou
música erudita.
Não
tem graça carregar um par de chifres
e
suavizar a dor ouvindo som ruim.
Dor
de corno requer bom gosto musical.
Não
sofra demasiado se a paquera não deu certo,
ainda
mais se a gata tem gosto de quinta.
É
bom lembrar que você não é o cara,
ainda
mais se não percebeu que teu gosto é ultrapassado.
Você
precisa ter paciência
se
quiser fisgar aquela garota incomum.
Pode
ser chapada, bêbada ou mijada
mas,
por favor, que tenha um bom gosto musical.
Você
deve se livrar do tédio da unha bem feita,
do
cabelo pintado,
de
ser tão previsível como se vê por aí.
Evite
os impulsos.
A
moda passa,
vai
e volta,
enquanto
envelhecemos.
Fiquei
melancólico quando soube que a gata esperta
não
tem emprego nem carro,
mora
num beco e cria o filho sozinha.
mas
ela tem o que procuro numa mulher:
senso
de justiça e bom ouvido musical.
terça-feira, 25 de setembro de 2018
Rima com ão
Rima com ão:
ela
é um bom partido
que consome toda libido
mas
eu não passo de um chinelão.
(B.
B. Palemo)
segunda-feira, 24 de setembro de 2018
segunda-feira, 17 de setembro de 2018
Uma aquariana bipolar
Chegamos os três na
boate, meus dois amigos pareciam os Três Porquinhos e eu estava pra Lobo Mau.
Logo avistei, numa banquinho junto ao balcão, aquele cabelo e aquela pele
morena. Várias gatinhas de minissaia, corpos na feira, e ela numa saia discreta. Nossas mãos se tocaram e um arrepio me percorreu, Meu Deus, encontrei
minha alma gêmea. Alcancei-lhe dez reais e disse Escolha as músicas que você
gosta e ela foi direto em Raul e Legião Urbana e começou a dançar e quando
sentou abriu seu coração e eu escutei durante horas. Ergueu a saia e mostrou a
tatuagem na coxa direita, uma Fênix que ia da virilha até perto do joelho e
acho que isso foi a gota d’água. Cinco horas da manhã a conta disparou e o
Beiço sabia que eu andava duro e então ele passou o cartão.
No carro, Dr. Biza
anunciou que não podia voltar para casa, disse à sua companheira que havia
viajado. Eles comentaram sobre o belo clima que experimentei com Lili e de
imediato me disseram Seu frouxo, como você deixa escapar a oportunidade de fazer
um sexo gostoso? Afinal, não é todo dia que o céu nos presenteia com tamanha
química. Em vez de nos deixar em casa, Dr. Biza disse que iriamos atrás de uma
garrafa d’água e de uns copos descartáveis. Nos dirigimos até um posto de
combustíveis, um dos poucos que ainda estava aberto naquela hora. Diluiu dois
sachês do Pó do amor nos três copos, brindamos a Eros e voltamos pra boate. Em
minutos meu sexo acordou, depois de um tempo hibernando, e queria mostrar suas
qualidades, mas já eram seis e pouco e ela precisava voltar pra casa e levar a filhinha
ao colégio. O Pó do amor deixou meu voluntarioso endiabrado, ele latejava e
protestava, queria libertar-se da cueca e então, horas depois, eu não parei de
mandar mensagens apaixonadas e ela só rindo, rindo e curtindo.
No sábado ela veio à
minha casa. Estava sóbrio e, por isso, temia me decepcionar, ela poderia não
ser tudo aquilo. Assim que desceu do táxi, o cabelão e o salto alto me deixaram
babando. Era tudo aquilo e muito mais. Yes, dessa vez não fui enganado pelo puto
do Dioniso. Trazia na mão uma garrafa de vinho importado, dos bons, e falou o
tempo todo com aquele vocabulário sofisticado e aqueles dentes e boca lindos e
o seu cabelo me atraía feito imã. Meus olhos se iluminaram mais e mais. Pode
ter sido pelo cabelo ou pelo timbre de sua voz ou aquela boca perfeita ou o
lábio inferior generoso ou foi seu gosto musical ou seu vocabulário rico em
expressões, quase sempre ausentes em garotas da noite.
Pediu que não a visse
como prostituta, ela não era, ela estava, e eu disse Sim e então ela descreveu
dúzias de traumas adolescentes e o custo que pagou por ser a negra mais linda
entre primas e amigas e tias e outras garotas. Detalhes do estupro que sofreu de
um tio, aos quinze anos, umedeceram meus olhos e me levaram a sugar várias
latas de cerveja. Mamãe e titias, todas mulheres da noite, e eu pensei no
destino e, que merda, parece que tudo se repete, e falou da personalidade
explosiva e de tantos empregos que jogou fora. Cenas detalhadas de como chegava
aos orgasmos e aí eu cada vez mais sacava que não ia rolar sexo naquela noite.
Ela foi pela terceira vez no banheiro e disse que não iria trabalhar na boate
porque estava meio alta, fez questão de mostrar todo o seu repertório, mesmo
com vinte e poucos anos. Montada naquele corpão, veio com tudo e enroscou a
língua úmida e quente na minha e pressionou seu sexo no meu e eu sussurrei Vou
te lamber todinha, excitadíssima ela implorou Vamos, vamos pro quarto... Lambi
e lambi e ela ergueu a voz Me beija, Cadelão escroto, me beija, daí veio por
cima e quis me escravizar, rápido assumi o controle e passei a fazer uns
movimentos vigorosos naquela posição que me torna o dono do mundo e murmurei
Quem é o pai? Quem é o pai? Logo seus gemidos aumentaram e eu saquei que ela
gostou das técnicas que aprendi ao colocar em prática manuais da vida longa que
tive. Tudo rolou, rolou e foi bom. Cadelão estava fora de forma, mas é como
andar de bicicleta, Cadelão não desaprendeu.
Dias depois
emprestei-lhe uma grana pra fazer mercado e farmácia e na quinta-feira baixou
um temporal que inundou seu barraco, sua cama estava sem os pés e ficou
inutilizada e então consultei uns amigos pra ver quem poderia fazer uma doação.
De novo aquele medo de
me apaixonar e assumir uma garota jovem, mãe de uma criança. É que ela é uma
aquariana muito louca, uma bipolar, que intercala bom humor com gestos e
sentimentos expansivos e ausência no mundo, como quem passa da bebedeira pra
sobriedade ou do torpor do pó cheirado e curtido pra realidade deprimente do
horas depois que aquilo passa. O pior é que ela quis me enquadrar. Sim, o maior
motivo pra me afastar ocorreu depois que ela insistiu pra que eu frequentasse
com ela, todos os domingos, a Igreja
Evangélica Abominação À
Vida Torta.
(B. B. Palermo)
sábado, 15 de setembro de 2018
Bárbara, meu amor
Bárbara, meu amor, eu
não me importo que você goste de música sertaneja, nem me importo que você
devore, num apetite absurdo, os lanches de mamãe.
Quando você vem do
trabalho, quando você desce do carro, quando você atravessa a rua e vem pra
mim, dispara meu coração. Mas você não vem pra mim, você vai pro fundo do bar e
dá Oi, Benção mamãe, benção papai.
Eu peço outra cerveja,
caneta e papel humilhados, apenas meus olhos se alegram.
Bárbara, você dá Oi,
tudo bem?, como se quisesse me respeitar, mas sei que você vive me zoando.
Você anda distraída
pelo bar. O canto do teu olho me observa... Não, não, não, isso é fruto da
minha imaginação.
Você é sereia demais na
praia que curto. Teu abraço é aeroporto pra Jumbo, e eu não passo de um
vacilão.
Bárbara, posso te
ensinar de tudo. Esportes, estética, filosofia e economia, mas não inflaciones
meu coração.
Meu amor, eu não me
importo que você não me queira. Eu só preciso te ver pra saber que você está bem.
(B. B. Palermo)
quinta-feira, 13 de setembro de 2018
Saco de pancadas
Preso a labirintos surreais, estou embriagado de ilusões.
Uma parte de mim é
estatística, outra parte é mitologia.
Não me conformo, pois
sinto nos ossos que a estatística, raio-x, atravessa meus órgãos feito
ultrassom.
Algo resiste, não
quantificável, um sensível bebedor.
As pesquisas conhecem
uma fatia de mim, o rosto da vitrine, outdoors nas esquinas.
Os números me chamam
pra dançar, mas os ritmos estonteiam. Dá vontade de vomitar.
No embalo da dança,
socos bem direcionados me embretam, jabs de esquerda e de direita entram
direto, golpes na linha da cintura e supercílios e rins mutilados.
Lutador vencido, aqui
estou, saco de pancadas, jogado aos leões.
(B. B. Palermo)
terça-feira, 11 de setembro de 2018
Animalzinho assustado
Arredio, lembro que
olhava para todos os lados, mas não sabia pra onde ir. Um animalzinho cercado
por predadores. De sua aldeia distante, meu corpo berrava, enviava sinais, cãibras
nas pernas, dedos trêmulos, suores noturnos, dores de barriga inexplicáveis, coração
disparado.
Com o passar do tempo
domei medos e deveres. Me afastei do mundo para sobreviver.
Também fui ovelha
seguindo ordens, mas aos poucos recusei convites para ser um líder.
Nas urnas
periódicas simpatizo cada vez mais com teclas de brancos e nulos.
Quando crescer saberei
o que fazer.
(B. B. Palermo)
domingo, 9 de setembro de 2018
sábado, 8 de setembro de 2018
quinta-feira, 6 de setembro de 2018
Vai com tudo, James Bond
Não tenhas medo da paixão. Enfrente essas garotas,
James Bond.
Tua Sharon Stone te aguarda, num silêncio carinhoso,
pra te libertar das fantasias impublicáveis.
Como podes ter medo, se fazes repetidos planos, da
vigília da noite ao frescor da manhã?
Pise fundo nas façanhas sentimentais, lubrifica teu
coração.
Dizem que o amor vive da falta e da procura, mas
sossega quando faz o bem.
Inspira-te nos santos, já que acreditas que devemos
mudar o mundo.
Amigo, queres ter muito dinheiro, pagar pelos
amores, pra descartá-los depois.
Tens medo do quê?
Pergunte à mamãe, pergunte ao Édipo, pergunte à
terapeuta – aquela ninfeta!
Eu sei que ela sempre vai responder:
- É um mistério, é um mistério...
(Teco, o poeta sonhador)
quarta-feira, 5 de setembro de 2018
Olhar assustado
(Poema Abertura, de Arnaldo Antunes)
Leio poemas de Cacaso. Um susto: batem à porta. Uma criança
pede algo para comer. A geladeira, quase vazia, guarda uma maça. Entrego-lhe
assustado, protegido atrás da porta entreaberta.
- Só isso?
Espio Cacaso sobre a mesa. Ele me devolve um olhar
assombrado. Também de violência e miséria vive nosso país.
(Poema de Cacaso)
(Teco, o poeta sonhador)
terça-feira, 4 de setembro de 2018
segunda-feira, 3 de setembro de 2018
Capitu
Um olhar de gata lambida apontou-me a trilha,
mas não me deu pilhas e lanterna,
apenas quilômetros de
subida.
- Tudo você pode, basta me seguir.
Olhei-a no fundo dos olhos, como quem espreme uma
laranja,
seu olhar dissimulado me piscou, e o que me veio na
hora, foi:
- Grande mentirosa.
Com ar de promessa, ela sussurrou:
- Você é o Superman, eu sou a Jane.
Algo ela disse que sempre evapora,
como dinheiro no bolso e paixões explosivas.
Seja você mesmo – ela disse.
Não se pareça com moleques samocos,
que têm na cabeça um coco sem água.
Não carregue mágoas – ela disse.
Olhou-me, eu guardava remelas no nariz.
- Você é ator, eu sou a atriz.
Você é o cara – ela disse. Venha comigo, não seja
cínico – ela disse.
Fitei-a com olhos de paixão voraz, e ela simplesmente
desviou o olhar.
Não sou muleta. Não tenho colo. Não há promessas. Não
sou mamãe – ela disse.
Ela não quer saber de fantasias.
Nu, pés descalços, retornarei ao lar.
O amor me chama noutro lugar.
O silêncio tudo me dirá.
Silêncio frio e molhando
judiando meu rosto
como esse inverno de agosto.
(Teco, o poeta sonhador)
sábado, 1 de setembro de 2018
Nuvem passageira
Quem sou eu?
Sangue
átomo
matéria
espírito
assovio
roubado pelo vento.
Uma cabeça confusa
com seu olhar embaçado
pelas cores e formas
do lixo que me sufoca.
Sou amigo dos bichos.
Me espanto com pássaros
acasalando,
com a música de grilos
metálicos.
Acredito em todos os meus sentidos,
e sinto a
presença de Deus nesses jardins abandonados,
na carcaça da cigarra presa no
tronco, no olhar do cão abandonado.
Um dia vou morrer. Por isso quero sentir tudo, aqui
e agora.
Sem pensar na recompensa. Se vai ser o fim de tudo,
ou um novo recomeço.
Vai, nuvem passageira. Não pense demais. Deixar para amanhã pode ser
tarde.
(Teco, o poeta sonhador)
segunda-feira, 27 de agosto de 2018
A selfie perfeita
Desejo a selfie perfeita, a imagem divina que vai agitar
o seu mundo.
Não sei em que lugar gatas exibem seus aparelhos, se
estão na balada ou no jardim da praça.
Quero ser capturado por aqueles dedos e sentimentos
ágeis.
Quero ter para mim seu tempo sagrado.
Quero amansar sua obsessão pelas fofocas das redes
sociais.
Minha performance nesse palco precisa abrir as
cortinas de suas varandas.
Mas, confortavelmente sentadas, elas passeiam por
outras nuvens virtuais.
Perco meu tempo. Desperdiço minha energia com a
imagem que quero mostrar para os outros. Outros fazem o mesmo. Todos fazem o
mesmo cálculo, todos decoram a mesma canção.
Admitamos. Vivemos um desfile de egos. E ninguém
liga para ninguém. Pelo menos até aqueles dias de insônia que amanhecem sombrios.
sábado, 25 de agosto de 2018
Tudo sempre igual
Abro o jornal, fico sem graça com a coluna policial.
Tudo sempre igual. Muita informação, tragédias, dilemas, nenhuma crônica ou
poema.
Jornal não educa para a sensibilidade. Para vender,
exagera no que ocorre de pior.
Jornal visa ao leitor indiferente, frio, que apenas
repete fatos parecidos uns com os outros.
Papagaios atualizam para outros papagaios as desgraças
do dia.
Sensibilidade nasce com a gente ou se educa? Sensacionalistas,
nossos jornais querem vender. Educar exige tempo e esforço, e não dá lucro.
Papagaios alimentam papagaios. Uns, livres para
narrar. Outros, engaiolados a escutar.
A coluna policial do jornal vira poema quando eu
espremo e verte sangue.
(Teco, o poeta sonhador)
sexta-feira, 24 de agosto de 2018
No olho da paixão
Quando você aparece entro em curto.
luzes acendem e apagam, como se estivesse
cercado por viaturas policiais,
ou por um festival de vaga-lumes.
Palavras fogem, fogem os gestos,
basta experimentar o teu perfume.
Não encontro motivos pra resistir
ao teu sorriso. E isso me enlouquece,
e sofrer assim não compartilho.
Estou ansioso e indeciso.
Eu sei que há tanta coisa no mundo.
Mas é em você, só em você,
que ando preso.
Eis a pergunta que me faço toda manhã:
será que um dia me libertarei do olho da paixão?
(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)
quarta-feira, 1 de agosto de 2018
sábado, 28 de julho de 2018
Sinto tua falta
Quem vive fazendo arte, vive do excesso e da falta.
Muita chuva e pouco sol
acabam em melancolia e nenhuma poesia.
Neste espelho, escutando
teu silêncio, perdi o verbo, a paciência e o humor.
Alegres, garrafas e adegas
e amigos aguardam para brincar com suas verdades.
Roupas no varal que não
secam, folhas em branco que aguardam meus versos.
Quis fotografar e
compartilhar com anônimos o eclipse lunar, mas o personagem principal, o sol,
não apareceu.
“Pense grande. “Tudo
está em tuas mãos. “Você é o centro do mundo”, dizem os gurus. Distribuem uma
luz em múltiplas parcelas. Ingênuos, esquecem que a lâmpada precisa acender no
interior de cada um.
Quero ser do tamanho do
amor que me falta.
Por favor, alguém
lembre o sol de te avisar que estou implorando pra você voltar.
(B. B. Palermo)
sexta-feira, 20 de julho de 2018
quinta-feira, 19 de julho de 2018
quarta-feira, 18 de julho de 2018
Perspectivas (otimistas) de mulheres e homens
“As mulheres são
ingênuas, acreditam que o seu homem vai correr atrás delas a vida toda (...).
As mulheres cultivam a fantasia de que o verdadeiro amor é capaz de transformar
os homens. Quando isso não acontece, e isso nunca acontece, elas perdem o orgulho
e viram esses farrapos que a gente vê por aí” (Fernanda Torres. Fim).
“Abano o rabo, lambo a
mão, e ela me acusa, dedo em riste. Está sempre pronta pra dar o bote, o
conselho, a ameaça mil vezes repetida. Românticas e verdadeiras, até parece,
depois de te fisgarem, correm atrás de uns pilantras. Ninguém sabe o que uma
mulher quer. Tenho um amigo que sempre repete: ‘Me diz quem tu tá pegando e te
direi o que sobrou de ti’. O ingênuo se juntou a uma psiquiatra. Reclama que
não consegue respirar, mas não salta fora. Me garante que o poder feminino é
ancestral, já está escrito nas narrativas mitológicas. De sua experiência
própria, chegou à seguinte conclusão: o objetivo de uma mulher é destruir um
homem (B. B. Palermo. Palermices).
sábado, 14 de julho de 2018
quarta-feira, 11 de julho de 2018
terça-feira, 26 de junho de 2018
On the road - Pé na estrada - Jack Kerouac
Pessoas mesmo são os
que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que
querem tudo ao mesmo tempo, aqueles que nunca bocejam e jamais dizem coisas
comuns...
***
No bar eu disse: " Porra, cara, sei muito bem que você não me procurou só porque tá a fim de virar escritor e, afinal de contas, o que é que eu posso te dizer sobre isso a não ser que você tem que mergulhar nessa história com a mesma energia com que um viciado se droga?" E ele disse: "Sim, é claro, entendo exatamente o que você quer dizer e também já tinha pensado nesses problemas, mas o caso é que eu realmente tô a fim de concretizar todos meus anseios, só que, como qualquer outra realização íntima, eles parecem depender, de alguma forma, da dicotomia de Schopenhauer que, por sua vez..." e assim por diante, dessa maneira tão ininteligível para mim quanto para ele.
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