Estou em dúvida sobre cinco coisas: o título desta crônica não deveria ser Alegria, só no São Luis!? Nicolas é jogador tão bom assim? Como se escreve Nicolas? O filhote de gato, que eu adotei, é macho ou fêmea? Com que nome vai ser batizado?
No jogo de quarta-feira, 2 X 1 do São Luis sobre o Novo Hamburgo, observei algumas situações curiosas e engraçadas dentro do estádio. Legal foi notar a grande presença de mulheres e crianças (famílias ou não). E é inevitável perguntar: quem mobiliza tanto a comunidade de Ijuí como o São Luis? Como podem tantos ijuienses permanecerem indiferentes a esse clube que representa toda uma extensão geográfica de nosso estado, ao fazer parte da elite do Gauchão? Dá a impressão de que nosso clube tem que se desculpar a toda hora, por ter tal história, por usar de tais cores, etc. Mas isso é assunto para os experts...
Vamos à parte engraçada. Nem bem havia ocorrido cinco minutos de jogo, alguns torcedores (Pai? Sogro? Sogra? Tios? Namorada? Primos? Fã Clube??) começaram a gritar para o técnico Beto Campos - a distância entre esses torcedores e o técnico não passava de 10 metros:
- Ô, Beto, coloca o Nicolas!
- Vamo tirá o Marreta e colocá o Nicolas!
A primeira reação dos torcedores que estavam por perto foi de estranhamento: afinal, o jogo estava apenas começando, e o nosso time vinha muito bem. Perguntei a um torcedor que estava ali por perto se de fato o Nicolas era tão bom assim, e ele confirmou. O Nicolas era muito bom! Em dois jogos havia marcado dois gols! Os pedidos (com ar de xingamento ao técnico) eram freqüentes e insistentes. Eu e outros torcedores, que não conhecíamos o Nícolas, botamos pra funcionar nossa imaginação: Nicolas deve ser forte e veloz como um puma! Deve driblar e enganar os zagueiros com a agilidade de um gato! Puxa, a Baixada está revelando para o mundo mais um craque!
Foi tanta a insistência do fã clube do Nicolas que, aos quinze minutos do segundo tempo, o técnico tirou o Marreta e o colocou em seu lugar. De fato, o jovem mostrou que conhece! Enquanto teve forças, infernizou a vida dos zagueiros, forçando-os a serem punidos com cartões amarelos.
Na saída do estádio meu filho, o Giovanni, comentou sobre o Nicolas:
- Pai, tu não acha que aqueles torcedores exageraram, pedindo a entrada do Nicolas já no primeiro tempo?
- Concordo, filho. Mas sabe como é o torcedor. É pura emoção! Mas me diga uma coisa, se você for comparar o Nicolas com um bicho, por exemplo, um gato ou um puma, com qual dos dois ele mais se parece?
- Pai, tu não acha que aqueles torcedores exageraram, pedindo a entrada do Nicolas já no primeiro tempo?
- Concordo, filho. Mas sabe como é o torcedor. É pura emoção! Mas me diga uma coisa, se você for comparar o Nicolas com um bicho, por exemplo, um gato ou um puma, com qual dos dois ele mais se parece?
Aí o Giovanni, com a autoridade de quem treina há três anos em escolinha de futebol, respondeu:
- Pai, ele ainda parece com um filhote de gato.
- Por que, filho?
- Ah, ele é ágil, veloz e tudo o mais, mas ainda não é um puma. Ele precisa aumentar a força para escapar da violência dos zagueiros e chegar diante do goleiro com a gana dos grandes artilheiros.
Pouco depois lembrei de dizer ao meu filho que eu havia adotado um gatinho cinza. Só não lhe disse que ele é muito arisco e que não me deixou agarra-lo pra mim saber se é macho ou fêmea. Como sou democrático em algumas coisas, disse a meu filho que ele poderia escolher um nome para o gato.
Assim que chegamos em casa e o gatinho surgiu diante de seus olhos - todo desconfiado e arredio - o Giovanni falou, com ar de torcedor vitorioso:
- Já sei, pai. O gatinho vai se chamar Nicholas!