Onde a lua cheia deixou o seu saco noturno de farinha?
Se já estou morto e não sei, a quem devo perguntar as horas? Me diga, a rosa está nua ou tem apenas esse vestido? Há alguma coisa mais triste no mundo que um trem imóvel na chuva? A fumaça fala com as nuvens? Por que se suicidam as folhas quando se sentem amarelas? Quantas abelhas tem o dia? E é paz a paz da pomba? O leopardo faz a guerra? Quantas perguntas tem um gato? Onde estão aqueles nomesdoces como as tortas de antigamente? Para onde foram as Donanas, as Felisbertas, as Bizuzas? Para quem sorri o arroz com infinitos dentes brancos? Como a laranjeira e as laranjas dividem o sol entre si? Quem gritou de alegria quando nasceu a cor azul? Como ganhou sua liberdade a bicicleta abandonada? É verdade que no formigueiro os sonhos são obrigatórios? Já percebeste que o Outono é como uma vaca amarela? Quem canta no fundo da água na lagoa abandonada? De que ri a melancia quando a estão assassinando? Posso perguntar ao meu livro se é verdade que o escrevi? Então não era verdade que Deus vivia na lua? Quando o preso pensa na luz, é a mesma que te ilumina? Por que vivem em farrapos todos os bichos-da-seda? Onde encontrar uma sineta que soe dentro de teus sonhos? A quem posso perguntar que vim fazer neste mundo? Há coisa mais boba na vida que chamar-se Pablo Neruda?
ENTREVISTA para as alunas Taiane e Alessandra, da turma 43, do IMEAB – Instituto Municipal de Educação de Ijuí – R.S. - para a primeira edição de seu jornal.
Ao responder as perguntas que essas meninas me fizeram, pude rememorar, aos poucos, alguns dos primeiros (pequenos) passos como escritor. Percebo que, ao responder suas perguntas desse jeito, estou omitindo tantas outras coisas, mas não tem como escapar – quando narramos certos acontecimentos, sempre fazemos um recorte da realidade.
Professor Américo, qual foi a iniciativa para o senhor escrever seus livros?
Desde criança eu gostava de ler e escrever. Quando tinha uns 14 anos, eu escrevia redações na escola, que eram elogiadas pelas professoras. Algum tempo depois passei a publicar poemas num jornal semanal de minha cidade natal – Frederico Westphalen/R.S. Mudei para Ijui/R.S. para cursar a universidade (curso de filosofia) e também para trabalhar. Durante anos trabalhei na gráfica e editora da UNIJUI. Nessa época rabiscava poemas nos cadernos de aula, mas não publicava. Escrevia alguns textos para os jornais da cidade, que eram do gênero crônica. Depois da graduação em filosofia, comecei a dar aulas na universidade (nas disciplinas de lógica e filosofia). Cursei pós-graduação em filosofia política e fiz mestrado em filosofia e metodologia das ciências. Durante uns quinze anos me dediquei à carreira acadêmica (até início de 2006). A partir daí saí da universidade, morei durante alguns meses no litoral (é um desejo morar próximo do mar) e, não tendo o que fazer, decidi retomar os escritos. Acho que o fato de ser pai (meu filho, hoje, está com 9 anos) tem também influência na decisão de escrever e publicar livros para crianças.
Professor Américo, que histórias contam os seus livros?
No primeiro livro, Teco, o poeta sonhador, em: os mistérios do porão, inicia-se uma aventura no porão da casa onde o personagem mora. Ele encontra uma porta que não conhecia... Quando consegue abrir aquela porta, uma sucessão de acontecimentos inesperados vão se sucedendo. Isso é sonho, fantasia, imaginação ou realidade? Deixo para o leitor (a) decidir! Igualmente, o que vai acontecer no final. No livro, Teco toma contato com a história de seus antepassados, através de objetos que eles usavam no seu dia-a-dia.
O segundo livro, Teco, o poeta sonhador, em: os segredos do coração, trata da escolha do time do coração – Grêmio ou Inter... É uma história divertida, com rimas, que nos faz refletir a respeito de como as crianças, influenciadas pelos pais, tios, avós, etc., fazem suas escolhas.
Professor Américo, quando deu vontade de escrever um livro?
Acho que desde quando eu era pequeno. E tem a ver com os livros que eu lia, as histórias que ouvia. Principalmente o incentivo de minhas professoras. Muitas vezes, depois de adultos ficamos com medo de publicar, achando que vamos ser criticados. Esse medo da crítica acaba sendo uma enorme barreira. Não que devamos publicar qualquer coisa. Uma maneira de enfrentar os medos é treinando muito (lendo e escrevendo muito). Não ficar satisfeito muito rapidinho com o que escrevemos. Temos que tentar melhorar sempre. Há um ditado que diz: 99% é transpiração e o resto é talento e inspiração! O certo é que sem vontade, coragem e muito sacrifício, não vamos a lugar nenhum em qualquer profissão. Mas, acima de tudo, é importante gostar do que se faz. No caso do escritor (a), o grande desafio é escrever aquilo que toque no coração do leitor!
Sábado de manhã, início de feriado e, num movimento brusco (e estabanado/ridículo), ecorreguei diante da porta de casa. Bati com toda a força no vidro da porta... Um desmaio (mais que surreal, já que repleto de sonhos) de uns dois ou três minutos - segundo relato de meus amigos... e cinco pontos no pulso da mão direita.
Poderiam até dizer, se eu tivesse vocação para suicida, que estava ensaiando passar dessa para outra...
Cá estou, digitando com a mão esquerda, sem ter me acostumado com o ócio da mão direita. Um vizinho disse que o acontecimento deve ser o prenúncio de algo bom. Quem sabe? Torço para que traga muita inspiração!
Mas está servindo para alguma coisa, o fato de estar em casa, em vez de passear nos parques deste feriado. Já estou fazendo o balanço de 2009, e projetando o ano de 2010.
Ah, na semana anterior, a semana da criança, a peça de teatro baseada no livro Teco, o poeta sonhador, em: segredos do coração, adaptada ensaiada pela professora e atriz Eloisa Borkenhagen, juntamente com os seus alunos da Escola Estadual Pedro Maciel, do Itaí/R.S, fez cinco apresentações no IMEAB/Ijuí-RS, para alunos de pré-escola a quinta séries. A adaptação do livro pela Eloísa está excelente, e temos planos para que o "drama tragicômico" vivido por TECO chegue a escolas e comunidades de outras regiões de nosso estado. Esse é um dos desafios para o ano de 2010.
Outro motivo de grande alegria e orgulho (por conhecê-la e ser seu amigo) foi a presença, também no IMEAB, da jovem escritora Daiana Dal ross, de Catuípe/RS. Foi palestrante, para os alunos de terceira a quinta série, na biblioteca infantil desta escola, da qual sou responsável. Com seus dez anos de idade (está prestes de fazer 11), Daiana fez sete palestras, durante a manhã e tarde de quarta-feira (dia 07/10).
Seu entusiasmo e inteligência deixam-nos cada vez mais motivados e felizes, porque nessas horas vemos como vale a pena "sofrer de juventude" (como disse, certa vez, Tom Zé).
No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra.
Ao espiar o montão de arquivos esquecidos no computador, me deparei com esta história que meu filho, Giovanni, ajudou a escrever, quando ele tinha uns sete anos.
Era uma vez uma saracura que adorava passear, sempre vestida de saia.
Ela tinha pernas compridas e bumbum alto, igual um avião a jato.
Toda vez que ventava, ela levantava vôo e subia para o céu, pensando que era um balão.
Um dia o balão estourou e sua imaginação, que estava dentro do balão, saiu voando alegre por aí.
Imediatamente a saracura partiu à procura de sua imaginação. Voou para o sul, voou para o leste, para o oeste e, também, para o norte.
A saracura encontrou, finalmente, o primeiro pedaço de sua imaginação.
Nesse lugar havia uma flecha que apontava para baixo. A saracura voou nessa direção e, daí a pouco, encontrou uma cidade. Então a saracura procurou procurou, em cada uma das janelas das casas.
Na ultima janela a saracura encontrou cinco pedaços do quebra cabeça, cujo nome era “imaginação.”
A saracura saiu dali feliz da vida, achando que tinha recuperado a imaginação inteira, mas ela não sabia que o pior ainda estava por acontecer: o menino que, com uma flecha, tinha furado o balão da saracura, havia chegado em casae vistoque o balão da saracura era um troço que nem ele chamava de balão.
O menino saiu rapidamente de casa e foi atirando todas as flechas de brinquedo que ele tinha nas coisas que as pessoas tinham nas mãos.