terça-feira, 20 de outubro de 2009

COLUNA POLICIAL


O jornal está aberto

na coluna policial.


Alguém bateu

alguém brigou

alguém morreu


deram tiro

arrombaram

assaltaram


Leio o jornal

de trás pra frente

é piada

é horóscopo

é futebol


pan, pan, pan, pan!...


Uma criança

pede algo

pra comer.


A geladeira

não fez feira

só tem maçã.


- Só isso?!


Fico triste

com a miséria

desse mundo


um alarme

estressado

do meu bairro

quer socorro


ergo muros

boto grades

piso fundo...


Tenho medo de morrer

tenho medo de morrer

tenho medo de morrer!

domingo, 18 de outubro de 2009

ATÉ O FIM



Vou até o fim

fim lândia


vou até o final

final mente


até o fim

fim lândia


não vou sentar

pra ver o fim

fim lândia


nem chorar

antes do fim

fim lândia


vou lutar até o fim

fiel mente


jogar até acabar

o tempo


até o final do final

final mente...


Sei que eu vou até o fim

fim lândia


finalmente até o fim

Finlândia!


sexta-feira, 16 de outubro de 2009

LIVRO DAS PERGUNTAS - Pablo Neruda


Onde a lua cheia deixou
o seu saco noturno de farinha?



Se já estou morto e não sei,
a quem devo perguntar as horas?

Me diga, a rosa está nua

ou tem apenas esse vestido?

Há alguma coisa mais triste no mundo

que um trem imóvel na chuva?


A fumaça fala com as nuvens?


Por que se suicidam as folhas

quando se sentem amarelas?

Quantas abelhas tem o dia?


E é paz a paz da pomba?

O leopardo faz a guerra?


Quantas perguntas tem um gato?


Onde estão aqueles nomes
doces
como as tortas de antigamente?


Para onde foram as Donanas,

as Felisbertas, as Bizuzas?

Para quem sorri o arroz

com infinitos dentes brancos?


Como a laranjeira e as laranjas

dividem o sol entre si?

Quem gritou de alegria

quando nasceu a cor azul?

Como ganhou sua liberdade

a bicicleta abandonada?

É verdade que no formigueiro

os sonhos são obrigatórios?

Já percebeste que o Outono

é como uma vaca amarela?

Quem canta no fundo da água

na lagoa abandonada?

De que ri a melancia

quando a estão assassinando?

Posso perguntar ao meu livro

se é verdade que o escrevi?

Então não era verdade

que Deus vivia na lua?

Quando o preso pensa na luz,

é a mesma que te ilumina?

Por que vivem em farrapos

todos os bichos-da-seda?

Onde encontrar uma sineta

que soe dentro de teus sonhos?


A quem posso perguntar

que vim fazer neste mundo?

Há coisa mais boba na vida

que chamar-se Pablo Neruda?

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

DIA DOS NAMORADOS - Poema de Giovanni Pasquali Piovesan



Era uma noite

toda estrelada

claro que depois

virou madrugada

com ela veio a lua

toda enfeitada

tinha brinco, batom

e blusa decotada

do horizonte veio o sol

todo arrumado

trazia um buquê de flores

era dia dos namorados!


terça-feira, 13 de outubro de 2009

ENTREVISTA





ENTREVISTA para as alunas Taiane e Alessandra, da turma 43, do IMEAB – Instituto Municipal de Educação de Ijuí – R.S. - para a primeira edição de seu jornal.



Ao responder as perguntas que essas meninas me fizeram, pude rememorar, aos poucos, alguns dos primeiros (pequenos) passos como escritor. Percebo que, ao responder suas perguntas desse jeito, estou omitindo tantas outras coisas, mas não tem como escapar – quando narramos certos acontecimentos, sempre fazemos um recorte da realidade.


Professor Américo, qual foi a iniciativa para o senhor escrever seus livros?


Desde criança eu gostava de ler e escrever. Quando tinha uns 14 anos, eu escrevia redações na escola, que eram elogiadas pelas professoras. Algum tempo depois passei a publicar poemas num jornal semanal de minha cidade natal – Frederico Westphalen/R.S. Mudei para Ijui/R.S. para cursar a universidade (curso de filosofia) e também para trabalhar. Durante anos trabalhei na gráfica e editora da UNIJUI. Nessa época rabiscava poemas nos cadernos de aula, mas não publicava. Escrevia alguns textos para os jornais da cidade, que eram do gênero crônica. Depois da graduação em filosofia, comecei a dar aulas na universidade (nas disciplinas de lógica e filosofia). Cursei pós-graduação em filosofia política e fiz mestrado em filosofia e metodologia das ciências. Durante uns quinze anos me dediquei à carreira acadêmica (até início de 2006). A partir daí saí da universidade, morei durante alguns meses no litoral (é um desejo morar próximo do mar) e, não tendo o que fazer, decidi retomar os escritos. Acho que o fato de ser pai (meu filho, hoje, está com 9 anos) tem também influência na decisão de escrever e publicar livros para crianças.


Professor Américo, que histórias contam os seus livros?


No primeiro livro, Teco, o poeta sonhador, em: os mistérios do porão, inicia-se uma aventura no porão da casa onde o personagem mora. Ele encontra uma porta que não conhecia... Quando consegue abrir aquela porta, uma sucessão de acontecimentos inesperados vão se sucedendo. Isso é sonho, fantasia, imaginação ou realidade? Deixo para o leitor (a) decidir! Igualmente, o que vai acontecer no final. No livro, Teco toma contato com a história de seus antepassados, através de objetos que eles usavam no seu dia-a-dia.



O segundo livro, Teco, o poeta sonhador, em: os segredos do coração, trata da escolha do time do coração – Grêmio ou Inter... É uma história divertida, com rimas, que nos faz refletir a respeito de como as crianças, influenciadas pelos pais, tios, avós, etc., fazem suas escolhas.


Professor Américo, quando deu vontade de escrever um livro?


Acho que desde quando eu era pequeno. E tem a ver com os livros que eu lia, as histórias que ouvia. Principalmente o incentivo de minhas professoras. Muitas vezes, depois de adultos ficamos com medo de publicar, achando que vamos ser criticados. Esse medo da crítica acaba sendo uma enorme barreira. Não que devamos publicar qualquer coisa. Uma maneira de enfrentar os medos é treinando muito (lendo e escrevendo muito). Não ficar satisfeito muito rapidinho com o que escrevemos. Temos que tentar melhorar sempre. Há um ditado que diz: 99% é transpiração e o resto é talento e inspiração! O certo é que sem vontade, coragem e muito sacrifício, não vamos a lugar nenhum em qualquer profissão. Mas, acima de tudo, é importante gostar do que se faz. No caso do escritor (a), o grande desafio é escrever aquilo que toque no coração do leitor!


Viagem ao fim da noite

O cachorro passa mancando... não me percebe. Compreendo: a vida é busca, é movimento. Quem prova isso é o motoboy e sua descarga barul...