terça-feira, 27 de novembro de 2012

Ou eles, ou nós!


Acendi a luz de casa e um vulto me trouxe de volta à superfície da realidade: um pequeno rato (pequeno camundongo seria redundância?) passou a mil pelo corredor, como um Fórmula Um!
A primeira coisa que me veio à cabeça, foi: "Ou ele, ou eu!" E a seguinte imagem se formou em minha mente cansada: "Cuidado, leptospirose!"
Lembrei imediatamente onde guardo o veneno, que não usava já a algum tempo... E é claro que ele comeu todo o alimento granulado... Pobres animais, não têm nenhum poder diante da racionalidade e soberania humanas!
Pobre rato! Pobre? Será? Apenas ele é um coitado diante dos fatos? Pois é, ele morreu pela boca. Aiaiai... Eu, astuto animal racional, elimino o bicho que suponho me faça mal, seduzindo-o com comida envenenada.
Mas, não é o que faço todos os dias, me matar ao me alimentar, seja com fast-food, seja com a farta opção de frutas e hortaliças impregnadas de agrotóxicos?...
Será que toda  a rede de produção/distribuição/consumo de alimentos não pensa assim: "Ou eles, ou nós!"?


***

Ontem a RBS TV mostrou alguns gremistas fazendo uma caminhada desde Uruguiana até POA para a inauguração da Arena, em dezembro. Tudo normal, não fosse a audácia de um torcedor do Inter, de também participar da caminhada. Vi a imagem na TV e levei um alegre susto. O gesto de colocar a amizade acima da rivalidade e paixão, pelo time do coração, só pode ser bem-vinda.
Legal a ideia de não exclusão do rival pois, em vez de se render à seguinte fórmula, "Ou eles, ou nós!", faz valer a outra fórmula: "Eles e nós!".
Pequenos (grandes) acenos como esses nos convidam à reflexão. Permitem pensar sobre o senso comum (hegemônico) da rivalidade, da corneta, etc. Não vamos nos deixar seduzir pelo apartheid, seja cultural, étnico, econômico, ou no futebol.
Figura diferente, a desse colorado! Não ligou para o pensamento de manada, o da unanimidade, que não suporta conviver com quem pensa e age diferente. 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Pulsar

 
No seu pulsar maluco, a cidade me expulsa. 
Só que nesse pulsar do inferno, de pneus rangendo e freios sem governo, eu consigo ver um carinho, no toque dos dedos, no beijo dos apaixonados.
No pulsar do oleo diesel, do caminhão matraqueando, eu sinto meu amor distante pulsar apaixonada, na declaração do torpedo...
Seu amor me tira do sério, um tornado em meu quintal, um gato, um cão abandonado, a indagar sinceridade.
No pulsar que estou vendo, nem tudo são negócios, férias, décimo terceiro... Tudo são ensaios, às vezes de braços cruzados, ou de passos desencontrados.
Na dança bufante do ônibus, no seu ir e vir, a cada fim de noite a brisa vem tudo acalmar. E ganho sem reclamar horas e horas de insônia, para não parar de pensar...
Esse meu coração não escapa do pulsar de rodas, freadas, subidas e decidas pra acelerar...
Vejo-me jogado no meio do jogo. O tudo, o nada, um Deus, um estorvo, uma aposta, um sonho.

Ranzinha

 
A  ranzinha estava ali
falando pelos tubos
rindo de mim nas conexões...
e eu, indeciso como sempre,
sonhado em meus gargalos,
estraçalhando corações...

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Aiaiai


Fu-ra-fu-ra-fu-ra-dei-ra
bebê chora uiva cão
minha rua sal-ta-e-gri-ta
sai de perto vem dra-gão!
de algum lugar
a mons-tra-bro-ta
mas ela passa...
e nem-me-no-ta?!
ai-ai-ai...

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O que passou, passou? - Paulo Leminski



Antigamente, se morria.
1907, digamos, aquilo sim
é que era morrer.
Morria gente todo dia,
e morria com muito prazer,
já que todo mundo sabia
que o Juízo, afinal, viria
e todo o mundo ia renascer.
Morria-se praticamente de tudo.
De doença, de parto, de tosse.
E ainda se morria de amor,
como se amar morte fosse.
Pra morrer, bastava um susto,
um lenço no vento, um suspiro e pronto,
lá se ia nosso defunto
para a terra dos pés juntos.
Dia de anos, casamento, batizado,
morrer era um tipo de festa,
uma das coisas da vida,
como ser ou não ser convidado.
O escândalo era de praxe.
Mas os danos eram pequenos.
Descansou. Partiu. Deus o tenha.
Sempre alguém tinha uma frase
que deixava aquilo mais ou menos.
Tinha coisas que matavam na certa.
Pepino com leite, vento encanado,
praga de velha e amor mal curado.
Tinha coisas que têm que morrer,
tinha coisas que têm que matar.
A honra, a terra e o sangue
mandou muita gente praquele lugar.
Que mais podia um velho fazer,
nos idos de 1916,
a não ser pegar pneumonia,
e virar fotografia?
Ningém vivia pra sempre.
Afinal, a vida é um upa.
Não deu pra ir mais além.
Quem mandou não ser devoto
de Santo Inácio de Acapulco,
Menino Jesus de Praga?
O diabo anda solto.
Aqui se faz, aqui se paga.
Almoçou e fez a barba,
tomou banho e foi no vento.
Agora, vamos ao testamento.
Hoje, a morte está difícil.
Tem recursos, tem asilos, tem remédios.
Agora, a morte tem limites.
E, em caso de necessidade,
a ciência da eternidade
inventou a crônica.
Hoje, sim, pessoal, a vida é crônica.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Feira do livro de Ijuí e Cidadania


Programete Papo cidadão 05/11/2012- Américo Piovesan


http://www.cidadaniaparatodos.com/publicacao-430-Programete_Papo_cidadao_05_11_2012-_Americo_Piovesan.fire

Espaço Literário - E. M. F. Tomé de Souza


Neste ano o Espaço Literário contou também com a presença do professor Américo Piovesan, escritor e patrono da Feira do Livro.


A Escola Municipal fundamental Tomé de Souza, realizou no dia 1؟ de novembro o 3º Espaço Literário que é um momento de encontro com a literatura, o qual tem como objetivo incentivar os alunos à leitura.
A culminância deste evento aconteceu através da apresentação e sistematização de algumas leituras realizadas durante o ano letivo com alunos de Pré a 8ª série.
Houve grande envolvimento tanto dos professores quanto dos alunos que enceram histórias, poesias e músicas.
Neste ano o Espaço Literário contou também com a presença do professor Américo Piovesan, escritor e patrono da Feira do Livro.
O escritor contou histórias e recitou poesias aos alunos do quinto a oitava série, em sua fala destacando sempre a importância da Leitura.
http://www.ijui.com/noticias/educacao/41772-escola-tome-de-souza-realiza-3o-espaco-literario

Ninguém sabe o que é um poema - Ricardo Azevedo





Ninguém sabe o que é um poema
Se é solução ou problema
Se pretende ser um lema
Se imita o canto da ema

Ninguém sabe o que é um poema
Se vira e mexe é esquema
Se finge ou tem um dilema
Se às vezes vai so cinema

Ninguém sabe o que é um poema
Se morde, xinga e blasfema
Se é perfume de alfazema
Se gosta de teorema

Ninguém sabe o que é um poema
Se é a seca em Borborema
Se é a praia em Ipanema
Se é a fome em Diadema

Ninguém sabe o que é um poema
Se mata como enfisema
Se prende feito uma algema
Ou se é medida extrema

Ninguém sabe o que é um poema
Se é só palavra sem tema
Se é uma arte suprema
Ou se é mero estratagema.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Participações especiais - Bah! Produção Cultural




Como toda entidade cultural que se preze, nós da Bah! Produção Cultural não podíamos ficar de fora da 23ª Feira do Livro Infantil do SESC e 20º Feira do Livro de Ijuí.
Como meta de nossa entidade, queremos participar ativamente dos eventos culturais do município, ora divulgando, ora trabalhando de forma efetiva. 
E nesta edição da feira, iniciamos nossos trabalhos com a cobertura do lançamento dos livros dos autores Américo Piovesan, Dieison Groff, Lucênio Arno Schultz e Geraldo C. Coelho e também com a participação especial do músico e professor de Educação Musical da Escola IMEAB, Jair Gonçalves, grande colaborador e um dos fundadores do projeto Bah! Produção Cultural.
Com excelência em seu trabalho como músico, Jair nos brindou com grandes clássicos da música brasileira e músicas nativistas, demonstrando todo o seu talento ao público presente.
Outra participação do músico foi o acompanhamento musical na declamação dos poemas do autor Américo Piovesan.

Sossego


Desde que roubei seu beijo
nunca mais ganhei sossego!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Rebelde sem causa - Ultraje a rigor



Meus dois pais me tratam muito bem
(O que é que você tem que não fala com ninguém?)
Meus dois pais me dão muito carinho
(Então porque você se sente sempre tão sozinho?)
Meus dois pais me compreendem totalmente
(Como é que cê se sente, desabafa aqui com a gente!)
Meus dois pais me dão apoio moral
(Não dá pra ser legal, só pode ficar mal!)
MAMA MAMA MAMA MAMA
(PAPA PAPA PAPA PAPA)
Minha mãe até me deu essa guitarra
Ela acha bom que o filho caia na farra
E o meu carro foi meu pai que me deu
Filho homem tem que ter um carro seu
Fazem questão que eu só ande produzido
Se orgulham de ver o filhinho tão bonito
Me dão dinheiro prá eu gastar com a mulherada
Eu realmente não preciso mais de nada
Meus pais não querem
Que eu fique legal
Meus pais não querem
Que eu seja um cara normal
Não vai dar, assim não vai dar
Como é que eu vou crescer sem ter com quem me revoltar
Não vai dar, assim não vai dar
Pra eu amadurecer sem ter com quem me rebelar

Ovelha desgarrada

  Manhã de domingo, Beiço deu as caras: – Velho. Andei pensando. Está na hora do Cadelão parar de cair nas sarjetas próximas a bares para ...