Acendi a luz de casa e um vulto me trouxe de volta à superfície da realidade: um pequeno rato (pequeno camundongo seria redundância?) passou a mil pelo corredor, como um Fórmula Um!
A primeira coisa que me veio à cabeça, foi: "Ou ele, ou eu!" E a seguinte imagem se formou em minha mente cansada: "Cuidado, leptospirose!"
Lembrei imediatamente onde guardo o veneno, que não usava já a algum tempo... E é claro que ele comeu todo o alimento granulado... Pobres animais, não têm nenhum poder diante da racionalidade e soberania humanas!
Pobre rato! Pobre? Será? Apenas ele é um coitado diante dos fatos? Pois é, ele morreu pela boca. Aiaiai... Eu, astuto animal racional, elimino o bicho que suponho me faça mal, seduzindo-o com comida envenenada.
Mas, não é o que faço todos os dias, me matar ao me alimentar, seja com fast-food, seja com a farta opção de frutas e hortaliças impregnadas de agrotóxicos?...
Será que toda a rede de produção/distribuição/consumo de alimentos não pensa assim: "Ou eles, ou nós!"?
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Legal a ideia de não exclusão do rival pois, em vez de se render à seguinte fórmula, "Ou eles, ou nós!", faz valer a outra fórmula: "Eles e nós!".
Pequenos (grandes) acenos como esses nos convidam à reflexão. Permitem pensar sobre o senso comum (hegemônico) da rivalidade, da corneta, etc. Não vamos nos deixar seduzir pelo apartheid, seja cultural, étnico, econômico, ou no futebol.
Figura diferente, a desse colorado! Não ligou para o pensamento de manada, o da unanimidade, que não suporta conviver com quem pensa e age diferente.