Artigo 1 - Fica criada a semana de três dias – sexta, sábado e domingo. Sexta será para a escola, no sábado e no domingo a gente folga.
Artigo 2 - Decreta-se o fim das fábricas de armas, tanques e outras porcarias de guerra.
Estas indústrias produzirão brinquedos e jogos em que a luta seja disputa amistosa.
Artigo 6 - Fica proibida a circulação de dinheiro, as coisas valerão o que elas são, e uma será trocada pela outra na grande praça a ser criada no centro e em cada bairro da cidade.
Artigo 7 - Fica decretado o fim das cercas, muros, portões, estacionamentos e edifícios comerciais.
Parágrafo único: No lugar de prédios imprestáveis serão plantados parques.
Artigo 8 - Toda cidade fica obrigada a ter pomares públicos, para que se possa subir em árvores e colher frutas.
Artigo 9 - Proíbe-se a entrada de carros nas cidades, eles permanecerão do lado de fora, como cavalos mansos, esperando a hora das viagens.
Parágrafo 1: Nas ruas só será permitido andar a pé ou de bicicleta, skate, pônei e patins.
Parágrafo 2: Todas as avenidas deverão ter canteiros com árvores, bancos, pássaros e, se possível, pingüins.
Artigo 10 - Fica permitido que qualquer criança dê sua opinião e que ela tenha tanto valor quanto a de um ancião.
Artigo 11 - Ficam esquecidas, a partir de hoje, as formas chatas de escrita (decretos, redação escolar, discursos); todo texto terá que ser música.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Estatutos de um Novo Mundo para as Crianças - Miguel Sanches Neto
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
SIMULTANEIDADE - Mário Quintana
sábado, 7 de novembro de 2009
VAMPIROMANIA
Se ela surgisse
vertendo sorrisos
desfiando a roupa
e cheia de planos
se me vasculhasse
tintim por tintim
com desejo ardente
de uma adolescente
se fosse vampira
que reaparecesse
a cada cem anos
pra sugar minha vida
com afiados caninos
bebendo meu sangue
fazendo tintim
com seu canudinho
e rindo de mim
chutaria o destino
pra tê-la comigo
lambendo meus sonhos
e rindo assim
se ela não fosse
vampiromaníaca
eu daria o fora
sem me despedir
e não me importa
que o monstro ou deus
agora se zangue
e suma pra sempre
e nunca mais faça
a coleta de sangue.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
FEIRA DO LIVRO DE IJUÍ
Num mundo repleto de individualismo, e também do imediatismo e velocidade que a tecnologia nos proporciona, retomar a cultura popular é valorizar a experiência coletiva. É isso que defendemos, através da contação de histórias: reconstruir o discurso coletivo. Principalmente para não sermos tragados e engolidos pelo mundo virtual. Enquanto que o tempo da cultura atual é o do imediatismo, do instante, a cultura popular nos coloca em tempos de longa duração.
Num segundo momento, desenvolvemos declamação de poemas, principalmente dos poetas brasileiros, Sérgio Capparelli e Ricardo da Cunha Lima. Ler poemas em voz alta não é bem ler: ao fazer isso, exploramos seu ritmo, sua musicalidade, com ouvidos bem atentos, e assim a experienciamos com mais profundidade.
A poesia está no cotidiano, e passa pelos nossos olhos e ouvidos. Está no lúdico, na alegria, nos brinquedos, na corporeidade. Isso as crianças vivem, diferente dos adultos que acham que poesia é algo difícil, distante. Nosso objetivo, com essas oficinas, é redescobrirmos a poesia que há na vida.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Paulo Leminski - do livro Caprichos e relaxos
domingo, 1 de novembro de 2009
PAPUDOS
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
MÁSCARA
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
METADES
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
DO LIVRO "TUDOS" - Arnaldo Antunes
não ouvi mais o cantar da musa.
A dúvida cobriu a minha vida
como o peito que me cobre a blusa.
Já a mim nenhuma cena soa
nem o céu se me desabotoa.
A dúvida cobriu a minha vida
como a língua cobre de saliva
cada dente que sai da gengiva.
A dúvida cobriu a minha vida
como o sangue cobre a carne crua,
como a pele cobre a carne viva,
como a roupa cobre a pele nua.
Estou cego a todas as músicas.
E se eu canto é como um som que sua.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
LIBERDADE - Fernando Pessoa
não cumprir um dever,
ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira
sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa,
de tão naturalmente matinal,
como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
a distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
esperar por D. Sebastião,
quer ver ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
flores, música, o luar, e o sol, que peca
só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
é Jesus Cristo,
que não sabia nada de finanças
nem consta que tivesse biblioteca...
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
ALEGRIAS E TRISTEZAS
De vez em quando eu tenho uma tristeza.
Acho que é porque eu fico só.
Meus amigos fogem da minha agenda
e dizem que estão exaustos
numa rotina de dar dó!
Eu tenho a companhia de uma folha em branco.
É daquelas que aguardam, pacientemente,
A visita de dona inspiração.
É meu diário.
Não, não é festa, som alto,
brindes, piadas e outros encontros.
É pôr do sol, céu estrelado
e muito silêncio.
Nessa hora,
triste por ser refém
da deusa da beleza,
encontro algumas palavras
e também, com alguma sorte,
alguns versos e um pouco de amor!
Ovelha desgarrada
Manhã de domingo, Beiço deu as caras: – Velho. Andei pensando. Está na hora do Cadelão parar de cair nas sarjetas próximas a bares para ...
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Nada a ver, menino! Baratas, sobreviventes neste planeta há 6 milhões de anos, passeiam pela sala cantarolando um samba do “Demô...