Piratinha, permita-me piratear tua vontade de viver.
O gesto de heroína, Piratinha, essa sede de alegria.
Deixe-me piratear o teu sorriso e roubar o novo dia.
Piratear a esperança no olhar, amor que embeleza e atravessa portas e e janelas.
Deixe-me piratear teu faz-de-conta, humor e fantasia.
Deixe-me roubar de volta o que - para ficarmos grandes - abandonamos um dia.
Piratinha, tenha pena de nós, marmanjos, que vivemos com pressa, dor no corpo e consciência, por causa dos negócios e das contas.
Deixe-me piratear o vento no rosto, viver o instante, sem o dever do novo dia.
Deixe-me piratear tua presença e liberdade, teu olhar que nos mostra o que realmente interessa.
Piratinha, nossos pés se acostumaram a ficar presos no mesmo chão. Cabeça, ombros, tudo se curva, são nossos medos que se apossaram de nós.
Felizes e infelizes, sem querer e querendo, vamos criando raízes e nos prendendo.
Piratinha, andamos perdidos. Vivos, temos medo do abismo, e muitas vezes nos assustamos com os caminhos que escolhemos.
Deixe-me piratear o susto, o espanto, mais do que um bocejo, um espreguiçamento.
Você é nosso canto, enquanto ainda sentimos o sopro do sol e do vento.
Com carinho e amor, do Teco, o poeta sonhador.