domingo, 1 de novembro de 2009
PAPUDOS
Onde moro
os grilos falam mais alto.
Não sei se festejam
não sei se reclamam
não sei se me enchem de vida
não sei se me enchem o saco.
São grileiros papudos
que fizeram um pacto
com Deus ou com o diabo.
Mas que incomodam, incomodam!
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
MÁSCARA
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
METADES
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
DO LIVRO "TUDOS" - Arnaldo Antunes
não ouvi mais o cantar da musa.
A dúvida cobriu a minha vida
como o peito que me cobre a blusa.
Já a mim nenhuma cena soa
nem o céu se me desabotoa.
A dúvida cobriu a minha vida
como a língua cobre de saliva
cada dente que sai da gengiva.
A dúvida cobriu a minha vida
como o sangue cobre a carne crua,
como a pele cobre a carne viva,
como a roupa cobre a pele nua.
Estou cego a todas as músicas.
E se eu canto é como um som que sua.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
LIBERDADE - Fernando Pessoa
não cumprir um dever,
ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira
sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa,
de tão naturalmente matinal,
como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
a distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
esperar por D. Sebastião,
quer ver ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
flores, música, o luar, e o sol, que peca
só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
é Jesus Cristo,
que não sabia nada de finanças
nem consta que tivesse biblioteca...
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
ALEGRIAS E TRISTEZAS
De vez em quando eu tenho uma tristeza.
Acho que é porque eu fico só.
Meus amigos fogem da minha agenda
e dizem que estão exaustos
numa rotina de dar dó!
Eu tenho a companhia de uma folha em branco.
É daquelas que aguardam, pacientemente,
A visita de dona inspiração.
É meu diário.
Não, não é festa, som alto,
brindes, piadas e outros encontros.
É pôr do sol, céu estrelado
e muito silêncio.
Nessa hora,
triste por ser refém
da deusa da beleza,
encontro algumas palavras
e também, com alguma sorte,
alguns versos e um pouco de amor!
terça-feira, 20 de outubro de 2009
COLUNA POLICIAL
O jornal está aberto
na coluna policial.
Alguém bateu
alguém brigou
alguém morreu
deram tiro
arrombaram
assaltaram
Leio o jornal
de trás pra frente
é piada
é horóscopo
é futebol
pan, pan, pan, pan!...
Uma criança
pede algo
pra comer.
A geladeira
não fez feira
só tem maçã.
- Só isso?!
Fico triste
com a miséria
desse mundo
um alarme
estressado
do meu bairro
quer socorro
ergo muros
boto grades
piso fundo...
Tenho medo de morrer
tenho medo de morrer
tenho medo de morrer!
domingo, 18 de outubro de 2009
ATÉ O FIM
Vou até o fim
fim lândia
vou até o final
final mente
até o fim
fim lândia
não vou sentar
pra ver o fim
fim lândia
nem chorar
antes do fim
fim lândia
vou lutar até o fim
fiel mente
jogar até acabar
o tempo
até o final do final
final mente...
Sei que eu vou até o fim
fim lândia
finalmente até o fim
Finlândia!
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
LIVRO DAS PERGUNTAS - Pablo Neruda
Onde a lua cheia deixou
o seu saco noturno de farinha?
Se já estou morto e não sei,
a quem devo perguntar as horas?
Me diga, a rosa está nua
ou tem apenas esse vestido?
Há alguma coisa mais triste no mundo
que um trem imóvel na chuva?
A fumaça fala com as nuvens?
Por que se suicidam as folhas
quando se sentem amarelas?
Quantas abelhas tem o dia?
E é paz a paz da pomba?
O leopardo faz a guerra?
Quantas perguntas tem um gato?
Onde estão aqueles nomes doces
como as tortas de antigamente?
Para onde foram as Donanas,
as Felisbertas, as Bizuzas?
Para quem sorri o arroz
com infinitos dentes brancos?
Como a laranjeira e as laranjas
dividem o sol entre si?
Quem gritou de alegria
quando nasceu a cor azul?
Como ganhou sua liberdade
a bicicleta abandonada?
É verdade que no formigueiro
os sonhos são obrigatórios?
Já percebeste que o Outono
é como uma vaca amarela?
Quem canta no fundo da água
na lagoa abandonada?
De que ri a melancia
quando a estão assassinando?
Posso perguntar ao meu livro
se é verdade que o escrevi?
Então não era verdade
que Deus vivia na lua?
Quando o preso pensa na luz,
é a mesma que te ilumina?
Por que vivem em farrapos
todos os bichos-da-seda?
Onde encontrar uma sineta
que soe dentro de teus sonhos?
A quem posso perguntar
que vim fazer neste mundo?
Há coisa mais boba na vida
que chamar-se Pablo Neruda?
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
DIA DOS NAMORADOS - Poema de Giovanni Pasquali Piovesan
terça-feira, 13 de outubro de 2009
ENTREVISTA
ENTREVISTA para as alunas Taiane e Alessandra, da turma 43, do IMEAB – Instituto Municipal de Educação de Ijuí – R.S. - para a primeira edição de seu jornal.
Ao responder as perguntas que essas meninas me fizeram, pude rememorar, aos poucos, alguns dos primeiros (pequenos) passos como escritor. Percebo que, ao responder suas perguntas desse jeito, estou omitindo tantas outras coisas, mas não tem como escapar – quando narramos certos acontecimentos, sempre fazemos um recorte da realidade.
Professor Américo, qual foi a iniciativa para o senhor escrever seus livros?
Desde criança eu gostava de ler e escrever. Quando tinha uns 14 anos, eu escrevia redações na escola, que eram elogiadas pelas professoras. Algum tempo depois passei a publicar poemas num jornal semanal de minha cidade natal – Frederico Westphalen/R.S. Mudei para Ijui/R.S. para cursar a universidade (curso de filosofia) e também para trabalhar. Durante anos trabalhei na gráfica e editora da UNIJUI. Nessa época rabiscava poemas nos cadernos de aula, mas não publicava. Escrevia alguns textos para os jornais da cidade, que eram do gênero crônica. Depois da graduação em filosofia, comecei a dar aulas na universidade (nas disciplinas de lógica e filosofia). Cursei pós-graduação em filosofia política e fiz mestrado em filosofia e metodologia das ciências. Durante uns quinze anos me dediquei à carreira acadêmica (até início de 2006). A partir daí saí da universidade, morei durante alguns meses no litoral (é um desejo morar próximo do mar) e, não tendo o que fazer, decidi retomar os escritos. Acho que o fato de ser pai (meu filho, hoje, está com 9 anos) tem também influência na decisão de escrever e publicar livros para crianças.
Professor Américo, que histórias contam os seus livros?
No primeiro livro, Teco, o poeta sonhador, em: os mistérios do porão, inicia-se uma aventura no porão da casa onde o personagem mora. Ele encontra uma porta que não conhecia... Quando consegue abrir aquela porta, uma sucessão de acontecimentos inesperados vão se sucedendo. Isso é sonho, fantasia, imaginação ou realidade? Deixo para o leitor (a) decidir! Igualmente, o que vai acontecer no final. No livro, Teco toma contato com a história de seus antepassados, através de objetos que eles usavam no seu dia-a-dia.
O segundo livro, Teco, o poeta sonhador, em: os segredos do coração, trata da escolha do time do coração – Grêmio ou Inter... É uma história divertida, com rimas, que nos faz refletir a respeito de como as crianças, influenciadas pelos pais, tios, avós, etc., fazem suas escolhas.
Professor Américo, quando deu vontade de escrever um livro?
Acho que desde quando eu era pequeno. E tem a ver com os livros que eu lia, as histórias que ouvia. Principalmente o incentivo de minhas professoras. Muitas vezes, depois de adultos ficamos com medo de publicar, achando que vamos ser criticados. Esse medo da crítica acaba sendo uma enorme barreira. Não que devamos publicar qualquer coisa. Uma maneira de enfrentar os medos é treinando muito (lendo e escrevendo muito). Não ficar satisfeito muito rapidinho com o que escrevemos. Temos que tentar melhorar sempre. Há um ditado que diz: 99% é transpiração e o resto é talento e inspiração! O certo é que sem vontade, coragem e muito sacrifício, não vamos a lugar nenhum em qualquer profissão. Mas, acima de tudo, é importante gostar do que se faz. No caso do escritor (a), o grande desafio é escrever aquilo que toque no coração do leitor!
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