quinta-feira, 14 de julho de 2016

Cadência da gatinha


A gatinha entrou no bar com a elegância de quem sabe provocar. O salto alto fez por merecer a cadência do bumbum. Um ir e vir nem linear nem militar, um eclipse de quem sabe o que quer. Ou não... (Vou manter a surpresa só pra poder imaginar). Um, dois... Um, dois... Um, dois... O poeta finalmente descobriu que há compasso no tesão.


(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)

quarta-feira, 13 de julho de 2016

José - Drummond


Bela contribuição da MPB para a poesia brasileira...


Poema do Menino Jesus - Alberto Caeiro


Alberto Caeiro, heterônomo de Fernando Pessoa, busca com sua poesia uma visão original da natureza, sem o véu da linguagem (sem se apoiar no sobrenatural ou no místico). Para o poeta, "pensar é estar doente dos olhos"; e "conhecer é nunca ter visto pela primeira vez".


Memórias do subsolo - Fiódor Dostoiévski


Literatura totalmente filosófica. Nele está a visão de mundo do autor. Quando Nietzsche localizou Memórias do subsolo numa livraria, ele vibrou. Sua filosofia também está contida neste livro.



segunda-feira, 11 de julho de 2016


Acho que Fernando Pessoa sacou o que todos nós, num dia qualquer, vamos sentir.

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?



Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...