sexta-feira, 17 de junho de 2016
segunda-feira, 13 de junho de 2016
Albert Camus
Um adolescente me perguntou sobre Camus. O "cara" foi citado numa música de uma banda que ele gosta. O jovem não sabia a pronúncia... "Se escreve 'Camus'?". Disse-lhe que a pronúncia é em francês, "Cami". Contei um pouco do que sabia desse grande escritor, inclusive uma das suas frases mais citadas...
domingo, 12 de junho de 2016
A doida fez poesia
Cada passo com o salto alto, com a bíblia na mão
direita erguida, a doida foi poeta e não sabia.
Às vezes não sei que faço. Às vezes você não sabe o
que faz. Nem a velhinha, o aposentado, no caixa eletrônico necessitando ajuda
para sacar o pouco dinheiro, às vezes não sabem o que fazem. Nem para onde
devem ir. Às vezes saímos em busca da multidão e não queremos encontrar
ninguém. Às vezes queremos um palco, olhares e ouvidos sintonizados, como aquela
doida na sexta-feira de tarde.
A doida subiu no palanque da praça, diante do prédio
da prefeitura e dos carros e pessoas que circulavam. Fez um
discurso. Compreendi alguns fragmentos: “Chegará o dia...” “Lembrai-vos
dele...”. Usava um vestido longo, coberto por uma capa colorida e calçava salto
alto. Daí a pouco partiu em direção à avenida, a mão direita erguendo um livro,
que parecia ser a bíblia. Agora cantava e sua voz fazia bem aos ouvidos.
Aguardava minha hora no dentista e a performance dessa
mulher, de uns trinta e poucos anos, chamou-me a atenção.
Será que isso tem
algo a ver com a poesia? Considerei que sim, pois ambas fogem dos clichês
cotidianos. A poesia não faz o que costumeiramente fazemos, que é enquadrar uma
cena como essa, definindo-a como normal ou anormal. Talvez a poesia (e a
literatura) sejam primas-irmãs da loucura.
Enquanto a mulher descia pela avenida cantando e com
a mão direita segurando tal livro, diante de uma farmácia um senhor e uma vendedora comentavam:
- Coitada, saiu do prumo.
- É. Tá fora do ponto.
Ao chegar em casa, zonzo com a cena que presenciara,
perguntei a alguns poetas sobre o que é a poesia. Para maiakówsky, a poesia “é
uma viagem ao desconhecido”. Bem,
pensei, faz sentido. Enquanto a doida viaja com naturalidade pelo mundo dos
mistérios, convicta da sua e da nossa redenção, a poesia se espanta ao ver isso
e, com versos, pinta imagens de tal momento. Podemos dizer que a poesia sente-se
em casa quando a realidade gera espanto, isto é, deixa de ser previsível.
Goethe diz que a poesia “fala do infalável”. Sendo
assim, penso que tanto a doida quanto o poeta arriscam-se a mergulhar nas águas
escuras e profundas do mar da linguagem e da realidade.
Para Fernando Pessoa, a poesia é “um fingimento,
deveras”. Poxa, será que a doida não é doida coisa nenhuma? Poderia estar fazendo uma performance
teatral. Bom, de qualquer maneira tal fingimento produz maior espanto,
assombro, do que a vida “normal”, mecanicamente planejada.
Se eu encarar tudo como sendo normal, creio que
jamais serei poeta.
Para finalizar, diz Garcia Lorca que poesia é “lo
impossible hecho possible”. Então é isso. Tanto a louca quanto o poeta vivem
daquele acontecer (cotidiano) que sai do prumo ou do ponto. E se todos nós
muitas vezes não sabemos o que fazemos, o mero espanto convida-nos a ser poetas.
quinta-feira, 9 de junho de 2016
Emoticons
Não quis ser indireto
com ela. Não sei usar truques. Falei do mau tempo e que no meu reino as
condições climáticas são imprevisíveis. Tentei obter pelo menos um Oi na
conversa no facebook. Como seu silêncio me oprimia, escrevi Desculpe. Alguns segundos
depois visualizei sua resposta. Um sinal positivo.
Ela é que foi direta,
poeta. O mundo pipoca emoticons e você ainda vive tagarela. Quem se vira com suas emoções, economiza palavras.
Poeta, você
não tem o direito de pensar que ela tem uma tristeza nervosa. E o mundo significa emoticons, só você não vê. E muitas garotas se atrapalham num oceano de emoções
e não verbalizam aquela insegurança latente. Sossega, poeta, ela deve estar
pensando Como anda solitário esse projeto de adulto infantil.
Ela não se tocou que o
que senti podia ser amor. E amor, hoje em dia, significa tanto. Mas não delire. Você devaneia porque ficou frustrado. Enquanto esperava um coraçãozinho
vermelho apaixonado, ela clicou no emoticon positivo.
Enganos acontecem todo
os dias. Você se convenceu de que os poetas, bem como a fauna e a flora, estão
em extinção. Ridículo. Você apenas não suportou a sinceridade de um emoticon.
(Tiradas do Teco, o
poeta sonhador)
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