domingo, 8 de novembro de 2015

Tragedia humana e ambiental em Mariana - MG


Quando me deparo com tragédias como a de Mariana, conforme notícia abaixo, lembro do seguinte poema de José Paulo Paes:

COMO ARMAR UM PRESÉPIO

pegar uma paisagem qualquer 
 
cortar todas as árvores e transformá-las em papel de im-
prensa
 
enviar para o matadouro mais próximo todos os animais
 
retirar da terra o petróleo ferro urânio que possa eventual-
mente conter e fabricar carros tanques aviões mísseis nu-
cleares cujos morticínios hão de ser noticiados com destaque
 
despejar os detritos industriais nos rios e lagos
 
exterminar com herbicida ou napalm os últimos traços de
vegetação
 
evacuar a população sobrevivente para as fábricas e cortiços
da cidade
 
depois de reduzir assim a paisagem à medida do homem
 
erguer um estábulo com restos de madeira cobri-lo de cha-
pas enferrujadas e esperar
 
esperar que algum boi doente algum burro fugido algum
carneiro sem dono venha nele esconder-se
 
esperar que venha ajoelhar-se diante dele algum velho pas-
tor que ainda acredite no milagre
 
esperar esperar
 
quem sabe um dia não nasce ali uma criança e a vida reco-
meça?


Na quinta-feira, 5 de novembro, na linda cidade histórica de Mariana-MG, no distrito de Bento Rodrigues, romperam-se duas barragens de rejeitos de mineração da mineradora Samarco, causando uma enxurrada de lama que inundou casas e levou tragédia aos moradores da região.
As causas do acidente ainda não foram esclarecidas e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e de Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) criou um comitê para averiguação e avaliação da situação. Um inquérito civil também será instaurado para responsabilizar os culpados pelo acidente.
(...) s danos ao ambiente poderão ser percebidos mais cedo ou mais tarde. Existe o medo de que a lama seja muito tóxica, pois teria como componente os reagentes químicos normalmente usados na mineração. (...) Exploram nossas riquezas públicas em busca de enriquecimento privado e na hora de um acidente, os moradores inocentes da região se veem na situação de desabrigados de suas casas. Enquanto não se verificam as causas, as culpas, os danos, etc, estas pessoas precisam de ajuda.
 (Do site http://www.greenme.com.br/informar-se/ambiente/2479-tragedia-humana-e-ambiental em-mariana-mg).



sábado, 7 de novembro de 2015

Poeta anarquista



ET - Todos buscam alguma coisa. Enquanto muitos andam de skate ou aprendem a dançar, outros querem ficar milionários. E você, Teco, o que quer fazer?
TECO - Eu só observo, e me espanto ao ver todo mundo preocupado em ser útil!

ET - Bah, a humanidade precisa conhecer este poeta anarquista!

(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)

terça-feira, 3 de novembro de 2015

O peso do amor. Ou: fazendo uma lipo no amor!


A prefeitura de Paris deu início aos trabalhos de retirada dos tão simbólicos "cadeados do amor" presos às grades da Pont Des Art. O peso dos milhares de cadeados estaria ameaçando a estrutura da ponte, construída no século 19.

Essa moda começou em 2008. Casais apaixonados selavam o amor com os cadeados nas grades da ponte e depois jogavam a chave no rio Sena. A Pont des Arts foi o primeiro alvo dessa moda que se espalhou não somente por outras pontes de Paris, mas também por toda a Europa.

Em junho de 2014, um dos primeiros painéis caiu e tinha uma sobrecarga de 500 quilos, quatro vezes a carga máxima permitida de acordo com a prefeitura. Imagine só o peso da ponte depois de quase 1 ano?

Para solucionar o problema a prefeitura vai substituir as grades por painéis de acrílico. Cerca de 1 milhão de cadeados pesando 45 toneladas serão removidos!



ET - Cara, por que o amor anda tão pesado??
TECO - Amor preso, pessoas presas... O amor devia era libertar!


domingo, 1 de novembro de 2015

Ets não conhecem poesia



Os ets são incríveis. Até leem os pensamentos dos humanos. Mas têm dificuldades para compreender a linguagem poética.
TECO -  A poesia usa imagens em vez de pensamentos. 
Vou te dar um exemplo:
- Quando ela me encontra / me entrelaça / agasalha e amarra.
ET - Entendi a tua metáfora: Ela te deu um nó!
TECO - Ela me enlaça / e nós dois / somos um nós...
ET - Droga! Já não entendi de novo. Como a poesia desses humanos é complicada!

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Retórica etílica


Respeitosa, a platéia faz vários sins com o movimento da cabeça, diante da leitura solene do especialista num filósofo europeu. 
Meu corpo se coça na cadeira, enquanto a alma se perde nas ruas limpíssimas de Toledo.
O ser e o ente, cravados no mundo fático, empurram pra longe a brisa que vem da janela, dando lugar ao bafo morno da sala de aula.
Procuro compreender esses rituais acadêmicos e seu potencial para tocar nos problemas do mundo. Algumas pontadas pelos lados dos rins e do fígado, e sinto a verdadeira realidade.
Esta tarde aprendi uma lição muito clara: se você quer sobreviver pro dia de amanhã, em meio a tanta retórica etílica, corra logo atrás de algum sonho!

O crepúsculo de Van Gogh

As nuvens eram criaturas selvagens e ‒ ao mesmo tempo ‒ gatos, cães, jacarés e lagartos, perfilados no horizonte próximo. piscaram...