sábado, 23 de fevereiro de 2013

Jogo de palavras - Tulio Milman

Um guri de 14 anos foi ao futebol e não voltou. Aconteceu na Bolívia.
Um guri de 14 anos foi atingido no olho por um sinalizador.
E morreu.
Sentido figurado: essa areia movediça que é, ao mesmo tempo, refúgio e inferno. Ninguém aguenta uma vida literal, onde a distância entre cada palavra e seu significado se resume a uma linha reta. Mas tem hora e lugar para tudo.
Bando de loucos.
Só um louco aponta um sinalizador para uma arquibancada cheia de gente. E loucos, em bando, podem tudo. Porque são loucos. Porque ser louco é bacana. Porque só os loucos fazem parte do bando.
Jogadores, cartolas, jornalistas. Todos reproduzimos e induzimos, olhos vidrados, aos gritos: "Bando de loucos".
Batalha, exército, guerra, inimigo, morte súbita, guerreiro, matador. Termos que deveriam ser banidos para sempre do futebol. Porque a fronteira entre o literal e o figurado se apaga em um ecossistema contaminado pela paixão. É lindo morrer de amor. Na poesia. É lindo matar a saudade. Com um abraço. Num estádio de futebol lotado, ninguém está autorizado a matar. Ou morrer.
Sobe a placa: sai inimigo, entra adversário. Sai matador, entra artilheiro.
O maior jogador de todos os tempos se chama Pelé. Só. Duas sílabas que inspiram sorrisos, magia, poesia. E tem o gol do raio de sol, a folha-seca, a bicicleta, o balãozinho.
Não sei em que momento o futebol se transformou em guerra. Mas sei exatamente em que momento deveríamos depor as armas.
E esse momento já passou faz tempo.

Zero Hora de 23/02/2013 - Informe Especial - Tulio Milman

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Babysol


Como é bom ir dormir
agarradinho ao lençol
que esticou toda a tarde
espreguiçadinho ao sol
viu tudo o que passava
igualzinho a um farol
e de noite me acolheu
com seu cheirinho babysol!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

De luto




Canção de um dia de vento - Mario Quintana





O vento vinha ventando
pelas cortinas de tule.

As mãos da menina morta
estão varadas de luz.
No colo, juntos, refulgem
coração, âncora e cruz.

Nunca a água foi tão pura...
Quem a teria abençoado?
Nunca o pão de cada dia
teve um gosto mais sagrado.

E o vento vinha ventando
pelas cortinas de tule...

Menos um lugar na mesa,
mais um nome na oração,
da que consigo levara
cruz, âncora e coração

(E o vento vinha ventando...)

Daquela de cujas penas
Só os anjos saberão!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Esses cães...

"A verdade é que os bichos, quando imitam as pessoas, perdem toda a dignidade"
(Mario Quintana).

Esses cães que passeiam
por festas e bares
são jovens amantes 
reencarnados
ou são Ets espiões 
fantasiados
que buscam ensinamentos
sobre nossas danças de 
acasalamento.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Saudade animal


Às vezes na minha rua
passa uma música
mais linda do que 
a do caminhão do gás.
É o tropt tropt
cadenciado
dos pisantes dos cavalos...
Nessas horas bate 
uma saudade animal
dos tempos de guri
quando ouvia 
a banda municipal!

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...