sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Pulsar

 
No seu pulsar maluco, a cidade me expulsa. 
Só que nesse pulsar do inferno, de pneus rangendo e freios sem governo, eu consigo ver um carinho, no toque dos dedos, no beijo dos apaixonados.
No pulsar do oleo diesel, do caminhão matraqueando, eu sinto meu amor distante pulsar apaixonada, na declaração do torpedo...
Seu amor me tira do sério, um tornado em meu quintal, um gato, um cão abandonado, a indagar sinceridade.
No pulsar que estou vendo, nem tudo são negócios, férias, décimo terceiro... Tudo são ensaios, às vezes de braços cruzados, ou de passos desencontrados.
Na dança bufante do ônibus, no seu ir e vir, a cada fim de noite a brisa vem tudo acalmar. E ganho sem reclamar horas e horas de insônia, para não parar de pensar...
Esse meu coração não escapa do pulsar de rodas, freadas, subidas e decidas pra acelerar...
Vejo-me jogado no meio do jogo. O tudo, o nada, um Deus, um estorvo, uma aposta, um sonho.

Ranzinha

 
A  ranzinha estava ali
falando pelos tubos
rindo de mim nas conexões...
e eu, indeciso como sempre,
sonhado em meus gargalos,
estraçalhando corações...

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Aiaiai


Fu-ra-fu-ra-fu-ra-dei-ra
bebê chora uiva cão
minha rua sal-ta-e-gri-ta
sai de perto vem dra-gão!
de algum lugar
a mons-tra-bro-ta
mas ela passa...
e nem-me-no-ta?!
ai-ai-ai...

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O que passou, passou? - Paulo Leminski



Antigamente, se morria.
1907, digamos, aquilo sim
é que era morrer.
Morria gente todo dia,
e morria com muito prazer,
já que todo mundo sabia
que o Juízo, afinal, viria
e todo o mundo ia renascer.
Morria-se praticamente de tudo.
De doença, de parto, de tosse.
E ainda se morria de amor,
como se amar morte fosse.
Pra morrer, bastava um susto,
um lenço no vento, um suspiro e pronto,
lá se ia nosso defunto
para a terra dos pés juntos.
Dia de anos, casamento, batizado,
morrer era um tipo de festa,
uma das coisas da vida,
como ser ou não ser convidado.
O escândalo era de praxe.
Mas os danos eram pequenos.
Descansou. Partiu. Deus o tenha.
Sempre alguém tinha uma frase
que deixava aquilo mais ou menos.
Tinha coisas que matavam na certa.
Pepino com leite, vento encanado,
praga de velha e amor mal curado.
Tinha coisas que têm que morrer,
tinha coisas que têm que matar.
A honra, a terra e o sangue
mandou muita gente praquele lugar.
Que mais podia um velho fazer,
nos idos de 1916,
a não ser pegar pneumonia,
e virar fotografia?
Ningém vivia pra sempre.
Afinal, a vida é um upa.
Não deu pra ir mais além.
Quem mandou não ser devoto
de Santo Inácio de Acapulco,
Menino Jesus de Praga?
O diabo anda solto.
Aqui se faz, aqui se paga.
Almoçou e fez a barba,
tomou banho e foi no vento.
Agora, vamos ao testamento.
Hoje, a morte está difícil.
Tem recursos, tem asilos, tem remédios.
Agora, a morte tem limites.
E, em caso de necessidade,
a ciência da eternidade
inventou a crônica.
Hoje, sim, pessoal, a vida é crônica.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Feira do livro de Ijuí e Cidadania


Programete Papo cidadão 05/11/2012- Américo Piovesan


http://www.cidadaniaparatodos.com/publicacao-430-Programete_Papo_cidadao_05_11_2012-_Americo_Piovesan.fire

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...