segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Talentos locais em "Canções do despertar"




Era uma vez uma época em que o clima literário tomava conta: Dia Nacional do Livro, feiras de leitura na capital dos gaúchos, feira do livro em Ijuí. É no embalo desses fatos reais que vamos apresentar a vocês, neste post, uma produção poética bem local, um mergulho nos mares intrínsecos dos versos e das rimas.
Estamos falando do livro do escritor Américo Piovesan, que será lançado na 20ª Feira do Livro de Ijuí,  realizada entre nos dias 6 e 11 de novembro. A obra reúne diversos textos poéticos de Américo e ilustrações produzidas pelo aluno do curso de Design da Unijuí, Guilherme Barrozo.

“Em Canções do despertar, Teco, o poeta sonhador, sai do sonho pra fazer acontecer. Com o “pito” do trem, o poeta é um pé nas nuvens e outro no chão, que desperta, perde a bússola e sai de si em busca do outro – a arte, a música, a cidade, a criticidade, o amor e a liberdade. O tempo passa voando e Teco, embora mais intimista, não é só timidez. Cigarra, incendeia de saudade dos velhos soldados, que marcham na estante. Esperto, divide espaço e tempo com a raposa. Policial, fica triste com a tristeza do mundo, mas sonha roubar uma flor para o primeiro amor. Super-homem, mergulha de cabeça na poesia, lavra onde nada se perde e nada se cria, e tudo vira outras histórias, outras palavras, outras fantasias. Desperto, descobre-se gato escaldado e carente, como tudo o que é gente, e rói as unhas por ver a mãe se escabelar de botar medo. Com um “Oi” cigano de ferver as veias, quer liberdade para levar a amada ao céu e para ela cantar, lá no alto, mil canções de amor. Um amor. Se eu fosse você, entrava logo nessa história. De canetas-tinteiro e lápis na mão, e uma frase tirada do fundo do coração”.

Guilherme conta que, ao todo, foram desenvolvidas 19 ilustrações. Mas não é a primeira vez que ele participa desse tipo de trabalho. No ano passado, colaborou com as imagens do livro ” Teco o poeta sonhador em: Canções Pra Não Dormir”, também de Américo Piovesan. Para ele, o processo de construção das ilustrações foi divertido e ao mesmo tempo trabalhoso, “Fiquei muito feliz com a possibilidade de ter mais um título publicado, pois sempre gostei de desenhar e não há nada melhor do que trabalhar fazendo o que se gosta”, diz Guilherme.
A equipe da Usina de Ideias também conversou com Américo Piovesan,  patrono da Feira do Livro de Ijuí e escritor, que conta um pouco mais sobre o mundo de TECO, O POETA SONHADOR.

Como foi o processo de criação do livro?

O livro “Teco, o poeta sonhador, em: canções do despertar!” é o quarto de histórias e poemas do personagem TECO. Neste livro estão reunidos poemas que tratam de diversos temas, sendo o personagem alguém que se auto-nomeia poeta, disposto a escrever sobre todas aquelas coisas que despertam sua curiosidade e imaginação. O livro tem poemas que foram antes publicados no blog www.tecopoetasonhador.blogspot.com, e que foram sendo, aos poucos, reescritos, retrabalhados, até que uma parte deles foi selecionada para a edição do livro. A novidade neste quarto livro, com o personagem TECO, é de que ele ensaia alguns versos no terreno das paixões – próprias das fases que os jovens passam, que é a pré-adolescência e a adolescência. Mas há também temas do cotidiano, como a fome, a violência, os conflitos com os pais e também poemas em que há a relação do poeta com os bichos.

De que forma surgiu a ideia de usar a poesia como linguagem para levar o mundo de Teco para as crianças?

A ideia de montar os livros surgiu juntamente com a entrada em cena do personagem TECO, O POETA SONHADOR. Todos os escritos, sejam histórias ou poemas, têm o menino poeta em perspectiva. Nosso objetivo, com isso, é de nos aproximarmos do universo das crianças, jovens e adultos, no sentido de mostrar como a leitura e a escrita são fundamentais para nossa vida. E de que a poesia está presente no cotidiano, basta olhar de diferentes perspectivas, com imaginação, fantasia, com curiosidade e que, ao fazer isso, teremos ampliada também nossa criatividade.

Para as crianças as imagens são fundamentais. Como é a ligação entre as ilustrações e os poemas no livro?

O livro se constitui na escrita e nas imagens (ilustrações), feitas pelo Guilherme Barrozo. Essa união entre a palavra e a imagem é que dá um sentido mais amplo, enriquecendo as narrativas de cada poema. Sabemos que as imagens, cada vez mais, são imprescindíveis para aproximar os jovens leitores dos livros e a leitura. São 34 páginas à espera dos leitores, e pretendem servir de porta de entrada para criarmos novas histórias e novos poemas.
O escritor também deixou o seu convite para a feira do livro: “Aguardamos a presença de todos na Feira do Livro de Ijuí, que vai do dia 06 ao dia 11 de novembro, na Praça da República. O lançamento do livro “Teco, o poeta sonhador, em: canções do despertar!” será na sexta-feira, dia 09 de novembro, às 18h30 também na Praça da República. Todos estão convidados”.

(Notícia publicada no site Usina de ideias, do curso de Comunicaação Social da UNIJUI.

http://usinacomunica.wordpress.com/

domingo, 4 de novembro de 2012

Gostinho



Senti o gosto da vida
depois do seu doce nocaute:
deu-me uma maça
dei-lhe um chocolate.
Ah, deliciosa vida
ganhei seu beijo
feito de maça 
mordida!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Down


O dia estava esquisito:
fiquei meio down
pisando na brita das pedras.

Down, flutuei sobre as nuvens
num guarda-chuva
pára-quedas.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Quando chorar - Clarice Lispector

Há um tipo de choro bom e há outro ruim. O ruim é aquele em que as lágrimas correm sem parar e, no entanto, não dão alívio. Só esgotam e exaurem. Uma amiga perguntou-me, então, se não seria esse choro como o de uma criança com a angústia da fome. Era. Quando se está perto desse tipo de choro, é melhor procurar conter-se: não vai adiantar. É melhor tentar fazer-se de forte, e enfrentar. É difícil, mas ainda menos do que ir-se tornando exangue a ponto de empalidecer.
Mas nem sempre é necessário tornar-se forte. Temos que respeitar a nossa fraqueza. Então, são lágrimas suaves, de uma tristeza legítima à qual temos direito. Elas correm devagar e quando passam pelos lábios sente-se aquele gosto salgado, límpido, produto de nossa dor mais profunda.
Homem chorar comove. Ele, o lutador, reconheceu sua luta às vezes inútil. Respeito muito o homem que chora. Eu já vi homem chorar.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Teu nome


Já pensei de tudo
turbinei meus bytes
perdi minha fome
e ainda assim não consigo 
             lembrar teu nome.

A operação de minha memória 
não apagou nenhum dado
apenas o teu nome.

Daqui, dali, como um robô 
a bambolear perdido,
consulto meus arquivos
e nada de lembrar
esse teu nome bandido!

Já me sinto culpado
por apreciar detalhes do teu
                                   corpo
por me apegar ao teu sorriso
tua roupa quilometricamente justa
         e softwaremente sensual.

Já me sinto culpado
por ser digno de tua presença
mesmo que na tela do monitor
numa curtida em tua cara 
de fotoshop no facebook...

Já me sinto culpado
por querer me aventurar 
na conquista
sem ao menos saber 
como te chamar.

Quanto mais penso 
                em você
mais medo tenho
da ciber presença
de um vírus
que te deleta
do meu pendrive.

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...