quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O que o vento não levou - Mario Quintana

No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:

um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha no dia do próprio vento...

do livro Acordo. Ed. Globo.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

EU E AS PORTAS

Aguardo as férias
para me despedir das portas
e procurar algo novo.

busco oxigênio
para recuperar o tempo
e sugar a essência da vida.

Os homens têm pressa e não me ouvem
por isso eu converso com as portas.
Elas compreendem e não fico só.

As portas me deram as chaves
depois que ficamos amigos
num constante vaivém.

Enquanto as portas se abrem
sem medo do novo
as pessoas se prendem à rotina
pra ter mais segurança.

Ser poeta é perigoso
a mim e aos outros
ainda mais se recitar
em alto e bom som.

As portas pegaram gosto
das minhas histórias
- as pessoas, não.

domingo, 19 de dezembro de 2010

CEIA DE NATAL

Tropecei na perna
de uma mesa
ao ver aquela deusa
na ceia de natal

um vestido vermelho
despertou o apetite
do meu olhar

me apaixonei
sem perceber
que ela podera ser
modelo
de caderno de jornal...

Agora eu me pergunto
se fiquei cego
ou translúcido
se vi uma boneca
um anjo
ou se figurante
de carnaval...

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

FEIRA

Na feira
ofertas 
amadurecem
pra todo lado
frutas enfeitadas 
pra estação
e compradores 
apressados...

Se uma feirante disser, no final:

"Gente que compra 
tem demais da conta,
o que falta são abraços!"

O que você diria para ela?

"Nada. Apenas lhe daria um abraço!"

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

INÊS - L. F. Verissimo

Ela tinha as unhas do pé
pintadas de dourado
- eu devia ter me flagrado.
Ela tinha uma flor-de-lis tatuada
nas costas apontando para o rego
- pra onde iria meu sossego?
Ela gostava de Camile Paglia
e de esportes radicais
- como eu não vi os sinais?
Agora é tarde, Inês está aí
eu é que morri.

Zero Hora, 16/12/2010. Da série "Poesia numa hora dessas?".

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...