domingo, 27 de dezembro de 2009

SOSSEGO


Caramba, nem nas férias temos sossego.
Responder e-mails, cortar a grama, limpar o quintal porque os vizinhos, a toda hora, nos lembram disso com suas indiretas: " -Olha que pode aparecer cobra venenosa!".
Encontrar um lugar decente para os recortes de textos de jornais, livros e cds espalhados pelos cantos.
O pior é que nem nas férias nos livramos dos lapsos. "- Cadê o bilhetinho que continha número do telefone celular e e-mail daquele contato que poderá mudar nosso destino?"
E as compras do mercado, essas ficarão comprometidas, se não levarmos um bilhetinho no bolso, nem que seja para comprar meia dúzia de coisas. Se não anotamos o que vamos comprar, carregamos pra casa um monte de supérfluos. E, o que é pior, vamos entupindo os armários com sacos plásticos, e entupindo nossa consciência com sentimento de culpa.

Mas não tem nada, não. Um dia ainda aprendo a meditar, pra deixar a mente orbitar no seu devido lugar!

sábado, 26 de dezembro de 2009

AVISO IMPORTANTE - Luis Fernando Verissimo



O uso excessivo do telefone celular

frita o seu cérebro como uma fornalha.

Não é verdade mas espalha, espalha.


(Da série "Poesia numa Hora Dessas?")

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

UM VIOLINISTA NO TELHADO



A tradição, com suas regras e princípios, garante o conjunto de crenças que vão nortear as decisões de cada indivíduo. A tradição vai amortecer nossas quedas e tropeços, e vai auxiliar na hora de justificarmos nossas misérias.

Por outro lado somos, ao mesmo tempo, rebeldes e frágeis, e podemos sucumbir (uns mais, outros menos) à contracorrente que vem da rebeldia - aquela força tentadora em direção à mudança.

No filme Um violinista no telhado, seu personagem principal é um pai, de cinco filhas, que está no meio desse fogo cruzado entre o velho e o novo. E ele vive o dilema de maneira intensa. Embora rude, sabe que os livros, a cultura, o conhecimento adquirido pelos mais velhos, têm grande valor.

E por isso, a todo momento, questiona a Deus, grande representante da tradição judaica, o porquê da condição de pobreza, dele e de sua família. É analfabeto, porém não deseja que suas filhas também o sejam. Sua esposa é simples, batalhadora, enfim, é uma síntese das "boas" atitudes que estão em comum acordo com os apelos de sua cultura.

Mas ele deseja que a esposa conquiste uma melhor condição do que aquela. O mesmo vale para suas filhas. Vale ressaltar que as filhas não se deixam limitar pelas rédeas dessa tradição (machista). Ainda mais quando chega à aldeia um jovem rapaz com mais estudo do que os que ali moram. Ele mostra para elas (desempenhando o papel de, até certo modo, preceptor) uma outra visão de mundo, a da luta de classes, da exploração e alienação social.

Enfim, o pai, que elegemos como sendo o personagem principal, encontra-se numa situação semelhante à do violinista no telhado: suas atitudes e condição, o lugar onde está, tudo isso é perigoso, pois a toda hora pode escorregar e se machucar. Mas iso só ocorre porque está vivo. Vivo e ativo.

O nascimento, que é uma afirmação sui gêneris do novo, representa esse lugar de risco, mas de abertura para novas possibilidades, que podem resultar em ruptura com aquilo que é nocivo para nós e para com os que convivem conosco.

Que nesse natal, o nascimento não seja apenas o daquele menino que todos conhecemos pelo nome de Jesus. Que o natal sirva também para o nosso nascimento.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O amor derreteu-se
como um sorvete
no calor do verão
e ajudou a moça a despir
pernas cochas e ombros.

Sua foto no jornal era o close de um lar

com marido, filhos e um amor sereno,

como disseram nossos pais.

O crepúsculo de Van Gogh

As nuvens eram criaturas selvagens e ‒ ao mesmo tempo ‒ gatos, cães, jacarés e lagartos, perfilados no horizonte próximo. piscaram...