quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

LUA ATRÁS DO TELHADO



Estava na ante-sala

e seus passos

pediam socorro

às lajotas.



Usava short

peircing no nariz

e tinha olhar assustado

pra estremecer

gengivas e lábios.



Recordo o episódio

emocionado ao avistar a lua cheia

sair detrás do telhado de um prédio.



Não quero pensar

sou todo sentir

- sem rancor nem ódio -

e enxergar a moça e a lua

turbinando de vida

o tédio.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

CADÊ A SAÍDA?



Contou-me uma amiga que, desde pequena, ao se enredar numa frustração, ou diante de algum problema sem imediata solução, levava as mãos aos cabelos – alisava, ajeitava, enfeitava. E o faz até hoje. Além dos cuidados com os seus cabelos, devora barras de chocolate e assiste punhados de desenhos animados.

Barão de Munchausen é um personagem de aventuras em que o herói realiza façanhas pra lá de impossíveis do ponto de vista da normalidade e da compreensão lógico-racional. Numa das aventuras o barão, montado em seu cavalo, depara-se afundando num pântano de areia movediça. Está perdido, pois não pára de afundar. Nisso o barão é iluminado pela seguinte idéia: puxar-se pelos próprios cabelos e, assim, sair do buraco em que afundavam, ele e o cavalo.

Em filosofia esse recurso é visto como um problema lógico insolúvel, uma situação em que não há saída. Por exemplo, ao apresentarmos a defesa de uma idéia e, para isso, recorremos a uma premissa absurda – porque não tem sustentação lógico-racional.

Todo o dia, desde crianças, engolimos frustrações, porque vivemos o jogo de estímulos e apelos constantes para desejarmos ter alguma coisa, (e a sua relação com um ideal de felicidade – identificar-se com os objetos de consumo), e a negação disso tudo, tendo em vista nossa condição social e existencial. Nesse jogo entre oferecer e negar, vamos empilhando frustrações.

Diante dos nãos que a vida e a sociedade nos dão, é preciso buscar saídas. E a maioria, em vez de buscar uma luz em si mesma, volta-se para o exterior. Uma religião, grupo de boêmios, drogados ou, até, nos medicamentos (faixas pretas).

Com certeza, a literatura serve como grande auxílio para fortalecer nosso eu. Os grandes textos, romances, poemas etc., com seus personagens (heróis, vilões), bem como os valores que estão em jogo, vão fortalecer os alicerces de nosso eu interior. Assim estaremos melhor preparados para enfrentar tsunamis e tempestades.

Podemos alisar os cabelos, ficarmos horas diante do espelho, ou sonhar com saídas absurdas para nossos problemas. Mas eles, os problemas, vão e voltam. Por isso necessitamos fortalecer nossas defesas. Que tal um bom livro na cabeceira da cama, em vez de caixas de remédio em cima da cômoda?

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

MENTIRAS E MENTIRAS

Dia desses meu filho, Giovanni, fez o seguinte pedido: queria que eu fosse campeão ou, ao menos, um dos melhores jogadores no campeonato de pais do colégio onde ele estuda.
Com o passar dos jogos, vendo a dificuldade de nosso time vencer (foram 3 derrotas e 2 vitórias), ele frustrou suas especativas. Agora quer que eu conquiste, pelo menos, uma medalha. Para me motivar, o Giovanni dizia:
- Você joga bem, cara! - Força! Você pode!
Diante da dura realidade de atleta, a vontade que tive era de jogar video-game. Nos jogos virtuais escolhemos o grau de dificuldade e, sendo assim, podemos vencer a maioria das competições. Nos jogos de brincadeira, libertamos a imaginação, e aí erguemos taças, colecionamos medalhas.
Tenho consciência da decepção de meu filho, e fico chateado ao saber que ele criou alguma espectativa, com relação à minha performance na quadra. Joguei bem dois ou três jogos, fiz um golaço no ângulo, chutando a bola de voleio, do meio da quadra. Confesso que até me iludi, achando que poderia ser um dos melhores do campeonato, e beliscar, quem sabe, uma vice-artilharia.
Agora que o campeonato terminou, fico matutando: no que uma criança pode confiar, com relação às promessas dos adultos?
Com nove anos, Giovanni habita vários mundos. O de verdade e o de mentirinha. Mundos do brincar, jogar, fingir, teatralizar, etc., etc. Mesmo que, ao brincar, ele esteja criando outros mundos - mais ricos e mais belos, porque cheios de possibilidades e invenções, se comparados ao mundo real -, ele sabe a diferença entre realidade e imaginação.
Confesso a vocês que estou superando minha ignorância a respeito da "inocência" que as crianças têm das coisas. Elas imaginam, fantasiam, brincam, mas sabem diferençar as "mentirinhas" da mentira. Ao se defrontarem com a última, elas se sentem magoadas e angustiadas.
Sabedor disso, desde o início do campeonato tratei de dizer a meu filho que era um dos mais velhos, dentre os jogadores, que estava fora de forma e acima do peso, e biriri bororó...
Mas o pior de tudo é que construí a convicção (mentira?), para mim mesmo, de que no próximo campeonato de pais do colégio vou baixar o peso e estar em forma. E, é óbvio, vou ser um dos melhores e, quem sabe, vice-goleador.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

FRUTA NO PONTO - Roseana Murray

Às vezes dá vontade
de agarrar a vida
com uma duas
dez mãos
e levar à boca
e trincar nos dentes
como uma fruta
no ponto

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

FEIRA DO LIVRO - Campos Borges/R.S.

Sábado, 21/11, tive a oportunidade de conhecer um pequeno município - Campos Borges, pertinho de Espumoso. Já estou com vontade de retornar por lá. Não pelo espaço geográfico em si, mas principalmente pelas pessoas que lá moram.

Era feira municipal do livro, durante todo o dia de sábado, e a comunidade participou com entusiasmo. Na escola muicipal Menino Deus,houve uma programação diversificada, como a mostra de trabalhos produzidos pelos alunos desta escola e da escola estadual do município, além de dança e teatro.

A maior surpresa de todas foi o grupo de dança de Espumoso, Alexandre Tramontini. Patrocinado pela prefeitura municipal de Espumoso, o grupo soma 17 anos de atividades, apresentando-se em vários regiões do R. S.

Mais de duas horas de apresentação, cerca de vinte números - vinte coreografias e figurinos. Houve um desfile de gêneros musicais, de épocas e de vários lugares do mundo.

O sentimento e a constatação que tive, no final da feira, é de que a beleza não aparece apenas nos programas de TV, no cinema ou na propaganda. Grupos como esse da Escola Alexandre Tramontini, com sua criatividade, talento e esforço, nos presenteiam com lindas obras, que muitos de nós, muitas vezes, não percebemos, ou pouco valorizamos, só porque nos acostumamos (e nos viciamos) a prestar atenção àquilo que vem de fora.

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...