quinta-feira, 26 de novembro de 2009

MENTIRAS E MENTIRAS

Dia desses meu filho, Giovanni, fez o seguinte pedido: queria que eu fosse campeão ou, ao menos, um dos melhores jogadores no campeonato de pais do colégio onde ele estuda.
Com o passar dos jogos, vendo a dificuldade de nosso time vencer (foram 3 derrotas e 2 vitórias), ele frustrou suas especativas. Agora quer que eu conquiste, pelo menos, uma medalha. Para me motivar, o Giovanni dizia:
- Você joga bem, cara! - Força! Você pode!
Diante da dura realidade de atleta, a vontade que tive era de jogar video-game. Nos jogos virtuais escolhemos o grau de dificuldade e, sendo assim, podemos vencer a maioria das competições. Nos jogos de brincadeira, libertamos a imaginação, e aí erguemos taças, colecionamos medalhas.
Tenho consciência da decepção de meu filho, e fico chateado ao saber que ele criou alguma espectativa, com relação à minha performance na quadra. Joguei bem dois ou três jogos, fiz um golaço no ângulo, chutando a bola de voleio, do meio da quadra. Confesso que até me iludi, achando que poderia ser um dos melhores do campeonato, e beliscar, quem sabe, uma vice-artilharia.
Agora que o campeonato terminou, fico matutando: no que uma criança pode confiar, com relação às promessas dos adultos?
Com nove anos, Giovanni habita vários mundos. O de verdade e o de mentirinha. Mundos do brincar, jogar, fingir, teatralizar, etc., etc. Mesmo que, ao brincar, ele esteja criando outros mundos - mais ricos e mais belos, porque cheios de possibilidades e invenções, se comparados ao mundo real -, ele sabe a diferença entre realidade e imaginação.
Confesso a vocês que estou superando minha ignorância a respeito da "inocência" que as crianças têm das coisas. Elas imaginam, fantasiam, brincam, mas sabem diferençar as "mentirinhas" da mentira. Ao se defrontarem com a última, elas se sentem magoadas e angustiadas.
Sabedor disso, desde o início do campeonato tratei de dizer a meu filho que era um dos mais velhos, dentre os jogadores, que estava fora de forma e acima do peso, e biriri bororó...
Mas o pior de tudo é que construí a convicção (mentira?), para mim mesmo, de que no próximo campeonato de pais do colégio vou baixar o peso e estar em forma. E, é óbvio, vou ser um dos melhores e, quem sabe, vice-goleador.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

FRUTA NO PONTO - Roseana Murray

Às vezes dá vontade
de agarrar a vida
com uma duas
dez mãos
e levar à boca
e trincar nos dentes
como uma fruta
no ponto

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

FEIRA DO LIVRO - Campos Borges/R.S.

Sábado, 21/11, tive a oportunidade de conhecer um pequeno município - Campos Borges, pertinho de Espumoso. Já estou com vontade de retornar por lá. Não pelo espaço geográfico em si, mas principalmente pelas pessoas que lá moram.

Era feira municipal do livro, durante todo o dia de sábado, e a comunidade participou com entusiasmo. Na escola muicipal Menino Deus,houve uma programação diversificada, como a mostra de trabalhos produzidos pelos alunos desta escola e da escola estadual do município, além de dança e teatro.

A maior surpresa de todas foi o grupo de dança de Espumoso, Alexandre Tramontini. Patrocinado pela prefeitura municipal de Espumoso, o grupo soma 17 anos de atividades, apresentando-se em vários regiões do R. S.

Mais de duas horas de apresentação, cerca de vinte números - vinte coreografias e figurinos. Houve um desfile de gêneros musicais, de épocas e de vários lugares do mundo.

O sentimento e a constatação que tive, no final da feira, é de que a beleza não aparece apenas nos programas de TV, no cinema ou na propaganda. Grupos como esse da Escola Alexandre Tramontini, com sua criatividade, talento e esforço, nos presenteiam com lindas obras, que muitos de nós, muitas vezes, não percebemos, ou pouco valorizamos, só porque nos acostumamos (e nos viciamos) a prestar atenção àquilo que vem de fora.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

PERGUNTINHA

Você já se perguntou sobre quanto tempo dura a vontade de mudar, depois de ter assistido um filme que te tocou? Vale para um livro, uma peça de teatro, uma música, ou um fato que vivenciamos na rua.
É difícil travar uma guerra constante com a rotina.
Filmes, de vez em quando, nos lembram de como são importantes as surpresas. O ineperado, imprevisível, são estímulos que ajudam a evitar que atrofiemos nossa inteligência e sensibilidade.
Com relação aos filmes, nos emocionamos quando nos deparamos com cenas com se parecem com os acontecimentos de nossas vidas.
Marley e eu é um filme americano que conta uma história de família - o casal e os filhos que vão nascendo e crescendo, e sua relação com o cachorro (Marley), um labrador de quase 50 quilos. Podemos nos identificar, tanto com o pai, a mãe, ou com o cachorro.
Não, ele não é o narrador, apesar de ser um importante personagem na história. Quem narra é o pai, um jornalista que teve a oportunidade de de assumir uma coluna de jornal como interino, e o faz muito bem.
Nesses textos diários ele narra, de maneira divertida, seu dia-a-dia, sendo que Marley é lembrado em quase todas as colunas que ele escreve.
A vida do cachorro, e o seu lugar na família, aparece pela ótica do tempo: desde sua infância, até sua velhice e morte.
Seu lugar e importância, junto à família, é bem nítido no final do filme, na hora da despedida, por conta de seu sepultamento (e despedida).
Essa foi a deixa que me levou a perguntar: se eu me for (e vale o mesmo para você), quantos vão sentir a minha falta?

domingo, 15 de novembro de 2009

OUTROS LADOS



Na cachoeira dos teus olhos

havia dois lados.


Num deles um raio de sol

no outro um arco-íris molhado.


Conheci você de verdade

quando percorri os teus outros lados.


Dormiam lagos de lágrimas serenas

que não suportavam ser acordados.


Na cabeceira dos teus olhos fiz meu ninho.

Mas ninguém te avisou que por lá

alguém havia repousado.


O crepúsculo de Van Gogh

As nuvens eram criaturas selvagens e ‒ ao mesmo tempo ‒ gatos, cães, jacarés e lagartos, perfilados no horizonte próximo. piscaram...