segunda-feira, 9 de novembro de 2009

SIMULTANEIDADE - Mário Quintana



- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!

- Você é louco?

- Não, sou poeta.

sábado, 7 de novembro de 2009

VAMPIROMANIA



Se ela surgisse

vertendo sorrisos

desfiando a roupa

e cheia de planos


se me vasculhasse

tintim por tintim

com desejo ardente

de uma adolescente


se fosse vampira

que reaparecesse

a cada cem anos

pra sugar minha vida

com afiados caninos

bebendo meu sangue

fazendo tintim

com seu canudinho

e rindo de mim


chutaria o destino

pra tê-la comigo

lambendo meus sonhos

e rindo assim


se ela não fosse

vampiromaníaca

eu daria o fora

sem me despedir


e não me importa

que o monstro ou deus

agora se zangue

e suma pra sempre

e nunca mais faça

a coleta de sangue.


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

FEIRA DO LIVRO DE IJUÍ










Na tarde de quinta-feira, 05 de novembro, junto à feira do livro na Praça da República, proporcionamos para as crianças de escolas de Ijuí momentos de contação de histórias e oficina de poesias. Num primeiro momento, que chamamos de Histórias que o povo conta, contamos histórias extraídas da cultura popular brasileira, como O macaco e a boneca de cera, livro de Sônia Junqueira e, na seqüência, O macaco e a velha, que é uma outra versão com os mesmos personagens(dentre muitas de outras versões de nossa tradição cultural). Também a história do escritor brasileiro Ricardo Azevedo, A tartaruga e a fruta amarela.

Num mundo repleto de individualismo, e também do imediatismo e velocidade que a tecnologia nos proporciona, retomar a cultura popular é valorizar a experiência coletiva. É isso que defendemos, através da contação de histórias: reconstruir o discurso coletivo. Principalmente para não sermos tragados e engolidos pelo mundo virtual. Enquanto que o tempo da cultura atual é o do imediatismo, do instante, a cultura popular nos coloca em tempos de longa duração.




Num segundo momento, desenvolvemos declamação de poemas, principalmente dos poetas brasileiros, Sérgio Capparelli e Ricardo da Cunha Lima. Ler poemas em voz alta não é bem ler: ao fazer isso, exploramos seu ritmo, sua musicalidade, com ouvidos bem atentos, e assim a experienciamos com mais profundidade.




A poesia está no cotidiano, e passa pelos nossos olhos e ouvidos. Está no lúdico, na alegria, nos brinquedos, na corporeidade. Isso as crianças vivem, diferente dos adultos que acham que poesia é algo difícil, distante. Nosso objetivo, com essas oficinas, é redescobrirmos a poesia que há na vida.






A contação de histórias que apresentamos na feira do livro de nosso município decorre do projeto que desenvolvemos na escola IMEAB (Instituto Municipal de Educação Assis Brasil). Nesta escola, desenvolmemos 28 horas semanais, junto a turmas da pré-escola até quarto ano, intitulado A hora do conto.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Paulo Leminski - do livro Caprichos e relaxos



Amor, então,

também, acaba?

Não, que eu saiba.

O que eu sei

é que se transforma

numa matéria-prima

que a vida se encarrega

de transformar em raiva.

Ou em rima.

domingo, 1 de novembro de 2009

PAPUDOS



Onde moro
os grilos falam mais alto.

Não sei se festejam
não sei se reclamam
não sei se me enchem de vida
não sei se me enchem o saco.

São grileiros papudos
que fizeram um pacto
com Deus ou com o diabo.

Mas que incomodam, incomodam!

O crepúsculo de Van Gogh

As nuvens eram criaturas selvagens e ‒ ao mesmo tempo ‒ gatos, cães, jacarés e lagartos, perfilados no horizonte próximo. piscaram...