sexta-feira, 6 de novembro de 2009

FEIRA DO LIVRO DE IJUÍ










Na tarde de quinta-feira, 05 de novembro, junto à feira do livro na Praça da República, proporcionamos para as crianças de escolas de Ijuí momentos de contação de histórias e oficina de poesias. Num primeiro momento, que chamamos de Histórias que o povo conta, contamos histórias extraídas da cultura popular brasileira, como O macaco e a boneca de cera, livro de Sônia Junqueira e, na seqüência, O macaco e a velha, que é uma outra versão com os mesmos personagens(dentre muitas de outras versões de nossa tradição cultural). Também a história do escritor brasileiro Ricardo Azevedo, A tartaruga e a fruta amarela.

Num mundo repleto de individualismo, e também do imediatismo e velocidade que a tecnologia nos proporciona, retomar a cultura popular é valorizar a experiência coletiva. É isso que defendemos, através da contação de histórias: reconstruir o discurso coletivo. Principalmente para não sermos tragados e engolidos pelo mundo virtual. Enquanto que o tempo da cultura atual é o do imediatismo, do instante, a cultura popular nos coloca em tempos de longa duração.




Num segundo momento, desenvolvemos declamação de poemas, principalmente dos poetas brasileiros, Sérgio Capparelli e Ricardo da Cunha Lima. Ler poemas em voz alta não é bem ler: ao fazer isso, exploramos seu ritmo, sua musicalidade, com ouvidos bem atentos, e assim a experienciamos com mais profundidade.




A poesia está no cotidiano, e passa pelos nossos olhos e ouvidos. Está no lúdico, na alegria, nos brinquedos, na corporeidade. Isso as crianças vivem, diferente dos adultos que acham que poesia é algo difícil, distante. Nosso objetivo, com essas oficinas, é redescobrirmos a poesia que há na vida.






A contação de histórias que apresentamos na feira do livro de nosso município decorre do projeto que desenvolvemos na escola IMEAB (Instituto Municipal de Educação Assis Brasil). Nesta escola, desenvolmemos 28 horas semanais, junto a turmas da pré-escola até quarto ano, intitulado A hora do conto.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Paulo Leminski - do livro Caprichos e relaxos



Amor, então,

também, acaba?

Não, que eu saiba.

O que eu sei

é que se transforma

numa matéria-prima

que a vida se encarrega

de transformar em raiva.

Ou em rima.

domingo, 1 de novembro de 2009

PAPUDOS



Onde moro
os grilos falam mais alto.

Não sei se festejam
não sei se reclamam
não sei se me enchem de vida
não sei se me enchem o saco.

São grileiros papudos
que fizeram um pacto
com Deus ou com o diabo.

Mas que incomodam, incomodam!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

MÁSCARA


Olhar misterioso que veio
disfarçar o seu medo

para gravar
numa caligrafia
insinuosa

a embriaguês
das pernas

quadris e ombros

estremeço
como um réu
diante do seu olhar

apenas a minha máscara cai.

Agora sou super-herói
aniquilado pelos vilões
que farão parte
da próxima aventura.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

METADES



Metade de mim quer conquistar

o outro lado do muro

a outra metade quer ficar

e modificar o passado.


Uma aposta na experiência

a outra aposta no futuro.


Olho o horóscopo

e meu signo diz

que o período é excelente

para conversas fáceis

e encontros amorosos.


Tenho coleções de senhas

tenho coleções de chaves

e, no ritmo do possível,

jogo todos os jogos.


Sei de cor

onde vão dar

esses labirintos.


Agora é final da madrugada

e o despertador afugenta

os sonhos das duas metades

e silencia as outras metades

que invento.

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...