sexta-feira, 25 de setembro de 2009

VAMOS APRENDER A ANDAR DE BICICLETA



As coisas vão de mal a pior

você se sente sozinho

cercado de lobos insensíveis.


Você olha para o céu

e nenhuma estrela aponta o caminho.


Nessa hora, precisamos captar uma energia invisível

que está em todo o lugar - mas que não se oferece assim no mais...


Organizar os pensamentos, mesmo que, no limite,

temos à mão apenas uma folha em branco do velho diário,

abandonado em algum instante do passado.

Rabiscarmos palavras, frases, pode ajudar a organizar

o mapa de nossos agitados pensamentos.


Esse é o processo.

Nisso eu acredito.

Minha religião é a do inesperado,

do imprevisível e inusitado

- e por que não mesmo do surreal?


Não vamos tremer, se de novo voltamos a ser aquela criança

que pedalou, pela primeira vez, a bicicleta, sem qualquer proteção. Tínhamos que ir em frente, senão cairíamos e nos machucaríamos.

Vencemos o medo, domamos a bicicleta, e tudo se normalizou.

Agora estamos crescidos.

Os desafios são outros.

Se vencemos o medo uma vez,

num mundo totalmente estranho,

habitado por bruxas e monstros,

podemos agora aprender a encontrar

outras maneiras de espantar o medo.


Acho que é pra isso que escrevo.


Minha bicicleta perdeu o freio,

e eu tenho medo de parar e levar um tombo.


quinta-feira, 24 de setembro de 2009

POEMINHA NA GARRAFA - José de Castro



Poeminha na garrafa

foi lançado para o mar.

Longe vai este meu verso

na espuma a velejar...


Poeminha na garrafa,

meu amor vai procurar.

Sopra o vento, fura a onda,

não se deixe afundar...


Poeminha na garrafa

veio um peixe espiar...

Curioso, bica o vidro,

cuidado, pode quebrar...


Poeminha na garrafa,

tem alguém a esperar?

Chega logo ao destino:

“Para sempre vou te amar.”


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

UM JEITO DE SER - Flávia Menegaz


Às vezes eu como mamão com açúcar

outras, a palavra crua

Às vezes eu finjo que tenho asas

ou que sou boazinha

Às cinco horas eu tomo suco de acerola

depois de caminhar pelas ruas de Pequim

E assim eu brinco de viver:

meus olhos captando cores

meus dedos as traduzindo em palavras.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

PRECISO DESCOBRIR


Preciso descobrir

um jeito de dizer

que gosto de você!


MSN ou e-mail

carta ou pombo correio

preciso com a pressa

do supersônico


um jeito de você saber

e mesmo assim não rir...


De mim

da minha pressa

da minha audácia

e pretensão

em fazer o diagnóstico

dessa praga e doença

que me deixa neurótico

e com dor de cabeça

e que todos elogiam

cantam dançam

e proclamam:


- O amor!


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

TUDO BEM


Se você é banguela

narigudo cego careca

ou tem cor diferente,

o que é que tem?


“Era uma vez

um gato chinês


que morava em Xangai

sem mãe e sem pai,


que sorria amarelo

para o rio amarelo,


com seus olhos puxados,

um pra cada lado.


Era um gato mais preto

que tinta nanquim,


de bigodes compridos

feito mandarim,


que quando espirrava

só fazia ‘chin!’


Era um gato esquisito:

comia com palitos


e quando tinha fome

miava ‘ming-au!’


mas lambia o mingau

com sua língua de pau”.


Esse poema se chama

“Gato da China”

e foi inventado

por José Paulo Paes.


Você pode ser orelhudo

grandão ou miúdo

usar óculos e ser tímido

chegar em último

e dançar sozinho

ter pai ou mãe diferente

ou ser adotado

ter amigos e sonhos invisíveis

e ainda assim ser livre

e descomplicado!


O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...