domingo, 9 de agosto de 2009



Pra mostrar a todos

minha coragem

vou fazer uma tatuagem

em vez da sina

de ter um buraco de vacina

vou desnudar no braço

uma nova imagem.


Meu pai diz não

e me dá um brinquedo

Mamãe só rosna

e me bota medo

mudei de idéia

ao devorar um pote de geléia

e comer as unhas dos dedos!


sábado, 8 de agosto de 2009

MEU PAI

Meu pai tem que usar óculos para colocar a isca no anzol. Mas gosta cada vez mais de pescar.


Meu pai não lê as bulas de remédio, mas sabe de cor a maneira mais saudável de se alimentar.


Meu pai tem olhos perfeitos para enxergar longe, mas às vezes tropeça e se confunde com o que está debaixo do seu nariz.


Meu pai já teve mais paciência com seus amigos, mas continua a abrir as portas para eles.


Meu pai vive chamando a atenção sobre o certo e o errado, mas agora, acho que de tanto ler os jornais, silencia e aceita as coisas erradas dos governantes, que ele ajudou a escolher.


Fico orgulhoso do esforço de meu pai, embora muitas vezes ele se preocupa demais com o futuro, e esquece das coisas do presente.


Meu pai é meio distraído, ou finge não perceber tanta coisa que se passa comigo. Finge, sim! Porém, ator de tantas promessas e trapalhadas, meu pai é o melhor pai do mundo!


Ah, ia me esquecendo: mesmo distraído pra tantas coisas, meu pai nunca deixou de sonhar!


quinta-feira, 6 de agosto de 2009

POETANDO - Flávia Menegaz



PAIXÃO

Não me lembro bem do dia em que me apaixonei pelo Aurélio.

Não sei se procurava pelo Antônimo, pelo Sinônimo, ou seria a Ortografia...
Ou será que, simplesmente, eu passava distraída?

Só sei que ele é mesmo estupendo! Ou melhor, esfuziante!
Às vezes é esdrúxulo, prolixo e até intrincado...
mas, quem é perfeito?

E mesmo sabendo que no arcóseo
há uma quantidade significante de feldspato,
eu não me importo.
Gostoso mesmo é esburgar as palavras!

sábado, 1 de agosto de 2009

MANDALIQUES - Tatiana Belinky



Limerick, em inglês, é o nome de um poema bem-humorado, feito de cinco versos. Os dois primeiros versos rimam com o último, enquanto o terceiro e quarto versos, mais curtos, rimam entre si. Um dos grandes expoentes nessa arte foi o inglês Edward Lear (1812-1888), mas quem fez com que o limerick se tornasse limerique mesmo, em português, foi Tatiana Belinky.


Uma das personalidades literárias mais conhecidas no Brasil, Tatiana Belinky nasceu em 1919, na Rússia, e chegou ao nosso país com dez anos de idade. Além de traduzir clássicos como Tolstoi e Tchekhov, criou e adaptou para a televisão inúmeras obras de literatura, dentre as quais se destaca a série O Sítio do Pica-pau Amarelo. É autora de mais de cem livros.


Sou um infeliz baderneiro.

Só quero fugir bem ligeiro:

Me mandam pra Marte

Ou pra qualquer parte

- Não sei para onde ir primeiro!



Comigo até a dona Marta

Brigou:- Eu de ti já estou farta!

Me deixa em paz

E suma, rapaz:

- Vai para o raio que o parta!


Eu acho o Janjão meio insano!

Com suas orelhas de abano

Em cima da hora

Mandou-me embora

Urrando: - Vai carregar piano!


As coisas comigo são chatas:

Até três simpáticas gatas

Mostraram-se bravas.

Mandaram-me às favas:

- Babaca! Vai plantar batatas!


Não sei se eu fico ou se chispo,

Não sei se me visto ou me dispo,

Quando o delegado,

Um tanto entediado,

Me diz: - Vai se queixar pro bispo!


Só espero um dia que chegue

Que eu possa montar no meu jegue

E todos aqueles

Mandões, todos eles,

Mandar: - Pro diabo que os carregue!


quinta-feira, 30 de julho de 2009

FÉRIAS



As crianças

tamborilam

pernas e dedos

para criar mais e mais

brincadeiras nas férias...

O tempo passa rápido

e os jogos indecisos

não espantam

o calendário e a ordem

que prende as horas.

Logo tem que voltar pra escola

com o tema de casa em dia

e o dia continua a ter

vinte e quatro horas.


O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...