quarta-feira, 22 de julho de 2009

O SOM DO CORAÇÃO



Assisti ao filme O som do coração. Quer dizer, voltei a assistir. Havia passado para meus alunos do Ensino Médio, no ano passado. Lembro que havíamos debatido, após, sobre o mesmo. Dizia para eles, para além do drama do personagens envolvidos - o pai que doa o neto, quando ele nasce, e diz para sua filha, a mãe, de que ele havia morrido. O menino vivendo em orfanato, esperando ser “encontrado” pelos pais... E o jovem pai, que não sabia que tinha um filho, etc. etc. - que se ativessem, também, à mensagem que o filme trazia a respeito do lugar e papel que a música tem, ou pode ter, em nossa vida. O menino, um “prodígio” em música, tem a certeza de que vai encontrar/ser encontrado pelos seus pais através dos sons, que ele harmoniza com sua criação artística.

Nessas horas constatamos, com muita dor, a distância que separa ouvintes/saboreadores de arte de massa (ou massificada), e os gênios, com sua percepção “diferenciada” (termo usado hoje em dia também no futebol, para designar os jogadores acima da média..). Foi o que senti ontem, ao folhear um livro de história da arte, e direcionar meu olhar, por alguns segundos, às pinturas de artistas renascentistas. Há uma beleza nestas obras (seja em pintura, música, poesia, etc.), mas a possibilidade de captá-la eu não vou aprender na escola, na universidade. Nestes lugares serei apenas treinado para ver com um olhar pré-estabelecido, formatado por regras que foram pensadas pelos outros.

A sensibilidade que temos para criar ou para saborear a arte parece que vem de outro lugar, para além da educação que recebemos ao nos inserirmos numa cultura. Será inato? Não sei. A genialidade de alguém se resume na genética? De qualquer maneira, aqui estamos nós, meio zonzos com tantos sons (seja do radio, televisão, internet...), com nossos ouvidos “viciados” pelos ruídos (o que é, e o que não é música?) que teimam em se repetir, iguais para todos, sejam gratuitos ou pagos às lojas.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

DIA DO AMIGO



Palavras

carinhosas

foram deixadas

por uma brisa morna

e espantaram o frio.


Muitos abraços e

sorrisos desarmados

neste dia do amigo!


Num dia

em que o inverno

foi dormir cedo,

teve pesadelos

e roncou a noite toda...


Mas agora está quase acordado!


E vai encher de flores,

beijos e risos

o dia todo

- este que é o melhor dia de todos -

porque nos faz lembrar

que podemos todos ser amigos!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O AMOR




O amor achou
uma fresta
pra se exibir
com beijo na testa!

Ah, o amor!
Toda hora
se esconde
e se mostra
mas o que importa
é que nossa garupa
ele não salta!

Vamos deixar de onda:
o amor é irmão
de nossa sombra!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

CARTUM






O cartum abaixo mostra os conflitos que surgem quando as regras são questionadas. As regras (que são convenções) são o que menos importa. O que interessa, sim, é sua aceitação pelos envolvidos. O “ideal”, numa comunidade do diálogo, é que todas pessoas tenham condições de argumentar e decidir racionalmente sobre uma questão. Aqui não, já que estão em conflito a mãe seu filho, que é uma criança. O personagem ensina uma importante lição, para nós, adultos: é contestador, e força sua mãe a apresentar argumentos sobre as regras estabelecidas. Por seu lado, a mãe
está conformada com a marcha do mundo e, além disso, acredita que provocar (questionando, que seja bem entendido) uma certa desordem na sociedade vai tornar a pessoa infeliz.


A MAMÃE ESTÁ
ME ENSINANDO A
SOLETRAR, MAS
EU NÃO ENTENDIA,
E ELA DISSE QUE
ERA MUITO SIMPLES:
JOEL, G-A-T-O
QUER DIZER
GATO, E EU
DISSE:
POR QUÊ?

E ELA DISSE POR
QUE É ASSIM,
E EU PERGUNTEI
POR QUE ERA
ASSIM, E ELA
DISSE QUE DEUS
QUERIA QUE
FOSSE ASSIM
E EU PERGUNTEI:
POR QUE
W-X-Y-Z
NÃO QUER
DIZER GATO?

E ELA DISSE QUE É POR-
QUE NÃO É ASSIM
E EU DISSE POR QUE NÃO
SE EU QUERO QUE
SEJA ASSIM E ELA
QUE É POR
CAUSA DAS
REGRAS...

EU DISSE QUE AS
REGRAS SÃO BOBAS
E G-A-T-O QUER
DIZER GATO É UMA
REGRA ESTÚPIDA E
ULTRAPASSADA, E
W-X-Y-Z QUER DIZER
GATO É MELHOR E
MAIS MODERNO E ELA
DISSE: NÃO TENTE RE-
FORMAR O MUNDO,
JOEL, OU VOCÊ SERÁ
MUITO INFELIZ!

E EU PERGUNTEI POR QUE
AS REGRAS ANTIGAS
ESTÃO SEMPRE CERTAS
E POR QUE AS REGRAS
NOVAS ESTÃO SEMPRE
ERRADAS, E ELA DISSE:
JÁ FUI PACIENTE DEMAIS
COM VOCÊ, RAPAZINHO,
E AGORA SOLETRE GATO
DE MODO CERTO OU IRÁ
PARA A CAMA UMA SEMANA
SEM VER TV...

E EU DISSE QUEM PRECISA
VER TV, E ELA DISSE: DEIXE
DE SER MALCRIADO, VOCÊ
PRECISA DE TV, E EU DISSE:
NÃO PODEMOS CONVERSAR
COMO DUAS PESSOAS
CIVILIZADAS, E ELA DISSE
QUE EU ARRANJEI ESSAS
IDÉIAS ENGRAÇADAS NA
RUA; FICAREI SEM TV
DURANTE UM MÊS...

E EU
DISSE
QUE
W-X-Y-Z
QUER
DIZER
GATO.

E NINGUÉM
ME
FARÁ
MUDAR
DE
IDÉIA.

A-B-C-D
E-F-G
QUER
DIZER
SOCORRO.

(Feiffer. Entre sensos e pensos. Gráfica Bahiense, 1976).

sábado, 11 de julho de 2009




Não dou conta
dos sussurros
à minha volta.

Os sentidos
de cada ato
se diluem no ar
sem pensamentos
pra apanhar.

Tantas opiniões
bem ditas
sobre novela,
futebol e política
são compartilhadas
pelos sujeitos
diante dos jornais
rádio e TV.

Tudo se anuncia
e escapa
em cada gesto
ou num piscar
de olhos.

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...