sexta-feira, 22 de maio de 2009

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NO IMEAB - João Boboca ou João sabido?




Na Contação de histórias que praticamos no IMEAB/Ijuí, nas turmas de pré até quartos anos do Ensino Fundamental, nos esforçamos para aproximar as histórias mais significativas que foram criadas pelos grandes autores (as), com o universo dos alunos em sala de aula. Ao mesmo tempo, pretendemos que os alunos vivenciem a experiência de serem autores/escritores.

Nosso objetivo é o de despertar o interesse pelos livros por parte das crianças, mas também de desafiá-las a colocar a imaginação pra funcionar, vivendo a experiência de ser autor/escritor (a).

Foi o que aconteceu com a turma 42 (quarta série do ensino fundamental, da professora Vera). Após termos contado a história João Boboca ou João Sabido?, desafiamos os alunos para produzirem um outro final para a história (“como você gostaria que a história acabasse?”), ou: “Imagine outro final para a história”.

Essa história, da escritora Rosane Pamplona, tem como personagens principais o caipira João, e sua esposa Maria. Incentivado por Maria, João vai à cidade trocar sua vaca malhada por uma outra coisa. Só que no caminho ele cruza por outros espertos “negociantes”, e acaba fazendo várias trocas (boas ou más?.. Isso é o leitor que decide). Ele se parecia boboca, e muitos quiseram tirar proveito de sua ingenuidade. De qualquer maneira, vamos manter o suspense e convidar o leitor a ler o livro. Apenas citamos a dúvida final:

No final do troca-troca
quero ver bem respondido:
o sabido era o boboca
ou o boboca era o sabido?

A história a seguir é re-criação da aluna Maria Eduarda Albrecht Schmalz, da turma 42. Observem o vôo imaginário de nossa jovem escritora!


João e sua mulher, Maria, viviam numa casinha simples, num pequeno sítio. Ambos queria reformar a pequena casa, mas o pouco dinheiro que ganhavam não chegava nem para alimentar sua magra vaquinha

Maria, então, pediu para João ir à cidade trocar a vaquinha por algo mais útil para eles. No caminho, João encontrou um pastor cuidando de lindas cabras. Então o pastor perguntou se ele gostaria de trocar sua vaquinha por uma das cabritinhas, e João aceitou e foi andando.

No caminho passou por uma carroça cheia de gansos. João quis trocar a cabrita por um daqueles gansos. Houve a troca e João foi andando.

Mais adiante João encontrou um homem com um galo embaixo do braço. Esse pediu para trocar o lindo ganso pelo seu galo. João aceitou e foi em frente. Mais adiante encontrou um menino que carregava um passarinho dentro de uma gaiola. Fizeram a troca e, logo depois, João chegou à cidade. Ele sentou no banco da praça para descansar com o passarinho, e ficou surpreso ao ouvir o passarinho cantar e dançar. Mas ficou mais surpreso ainda quando ouviu o passarinho dizer:

- João, seu cabeça de melão,
não vá me trocar
por um punhado de feijão!

João não acreditava no que via! O passarinho era mágico!

Nesse instante passou um grande circo pela cidade. Então João teve a idéia de fazer do passarinho uma grande atração. Mostrou seu talento para o dono do circo, o qual na hora topou trocar o passarinho por materiais de construção.

E não é que o João tinha razão? Ele pôde reformar sua casinha e o material que sobrou ele vendeu para uma loja. Com o dinheiro que ganhou João comprou uma vaquinha, uma cabrita, um lindo ganso e um galo... E sabem o que mais apareceu? O tal do passarinho cantor! João e Maria ficaram muito felizes pois, além da casinha nova, eles agora tinham vários bichinhos de estimação!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

RAPOSA



Uma raposa
passeia no sótão...
- Toc, toc, tuc...
Tuc, tuc, toc, tuc!

Se é velhinha e neurótica, não sei...
Não nos conhecemos pessoalmente.
Mas vivemos sozinhos,
mesmo rodeados de gente.

Não sei o que pensa de mim.
Dela, também nada sei...
Nem consigo adivinhar
o que ela faz - se é mãe
tia ou vovozinha...
Apenas sei que,
quando caminha,
com muito estrondo,
sacode a minha vida!

- Tuc, tuc, toc...
Toc, toc, tuc, toc!

Correria no sótão,
e não sei se está saindo
pra dormir fora
ou se está chegando
pra dormir agora...

domingo, 10 de maio de 2009

Feira do livro de TRÊS PASSOS








SÁBADO, DIA 09/05/2009, estivemos no município de Três Passos, no colégio Ipiranga, para a 37 FETRELI (Feira Trepassense de Literatura). Pudemos conversar com os jovens leitores, nas salas de aula, sobre o processo de ler/escrever. Foram muitas perguntas, declamação de poemas e contação de histórias. Uma grande feira que mostra como o envolvimento das pessoas da comunidade pode fazer a diferença, com relação ao nivel cultural de uma cidade, um estado, um país.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

FIZ VOAR O MEU CHAPÉU - Ana Maria machado



Fiz voar o meu chapéu,

acertei no coronel.


O Coronel se assustou,

no riacho despencou.


O riacho foi embora,

nem reparou na Senhora.


A Senhora deu chilique,

quem salvou foi o cacique.


Cacique chamou Peri,

que pescava lambari.


Lambari fugiu ligeiro,

nem esperou marinheiro.


Marinheiro deu fricote,

saiu remando num bote.


O bote deu tremedeira,

despencou na cachoeira.


Cachoeira foi pro mar,

pela praia a se espalhar.


Se espalhou até o barraco

onde mora o Zé Macaco.


Macaco deu gargalhada

e chamou a namorada.


Lá veio dona Gabola,

de bolsa, xale e gaiola.


Mas a gaiola se abriu

e passarinho fugiu.


Voa, voa, passarinho,

vai de volta pro seu ninho...


No ninho os quatro filhotes

festejaram aos pinotes.


E cantaram numa banda,

no seu ninho com varanda.


Viva Peri, viva o Mico,

a Senhora e o Coronel!


Viva mais o tico-tico

que fez ninho em meu chapéu!

terça-feira, 5 de maio de 2009

MANOEL DE BARROS - O LIVRO DAS IGNORÃÇAS




Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas
leituras não era a beleza das frases, mas a doença
delas. Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu preceptor,
esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.
- Gostar de fazer defeitos na frase é muito
saudável, o Padre disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,
pode muito que você carregue para o resto da
vida um certo gosto por nadas...
E se riu.
Você não é de bugre? - Ele continuou.
que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em
estradas - Pois é nos desvios que encontramos as melhores
surpresas e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de
agramática.

O crepúsculo de Van Gogh

As nuvens eram criaturas selvagens e ‒ ao mesmo tempo ‒ gatos, cães, jacarés e lagartos, perfilados no horizonte próximo. piscaram...