sábado, 14 de fevereiro de 2009

VARIAÇÕES DA Odisséia, DE HOMERO ( II )




CAPITU

Seu olhar
de gata lambida
apontou-me a trilha
mas perdeu a escuridão
da noite e não trouxe
a lanterna e as pilhas.

- Tudo você pode,
basta me seguir.
Você é atroz,
eu sou atriz!


Olhei-a no fundo dos olhos
Como quem espreme uma laranja
aí, seu olho azul me piscou...
“Sua doce gata de franja!”,
foi o que pensei...

- Você é o Super-homem,
e eu sou Capitu
- Ela disse.

Algo confuso ela disse,
que às vezes mais parece
um cão extraviado
em quermesse...

- Seja você mesmo - Ela disse.
- Não imite os moleques
samocos de cabeça
de minhoca
que mais
parece
um côco!


Olhou-me,
havia remela
no nariz...

- Tudo você pode,
basta me seguir...
Você é atroz,
eu sou atriz!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

VARIAÇÕES DA Odisséia, DE HOMERO ( I )

PENÉLOPE

Olhos ressacados
apontaram-me o caminho.
O mar estava agitado
e eu zarpava sozinho.

- Tudo você pode
é preciso navegar.
Você é Ulisses e eu
Penélope a esperar.


Olhei-a no fundo dos olhos
como quem espreme uma espinha
o olho dissimulado piscou...
Pensei: “Minha grande rainha!”

- Você é Ulisses
e eu aguardo feliz
nessa espera sem fim...


Algo maluco ela quis
que até faz lembrar
aventuras em alto mar...
São histórias que aprendi
de sereias, guerreiros e monstros...

- Seja meu herói -
ela disse.
- Não se inspire
nos pretendentes
samocos
em que o cérebro
é doce de leite
no meio do sonho!


Olhar
olhar
olhar...
estava
oblíquo
seu olhar!

- Tudo você pode
é preciso navegar.
você é Ulisses
e me deixa feliz
nessa espera...
sem fim!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

MORBIDEZ




Dizem os especialistas
que sua obesidade é mórbida
e que não há outra saída
senão intervenção cirúrgica.

É um fenômeno social
que ainda vai render
intensos debates
em simpósios internacionais.

Sem dar por isso ele goza
de uma sesta angelical
depois do almoço
na sombra da varanda.

É que ele sonha
com feijoada e picanha
sonha com ninfetas
em torno da cama
e sonha outras coisas
no seu palácio
de cento e vinte janelas.

E, logo ali, mais abaixo,
um grande pátio
com jardins, árvores
e muita grama
são a ante-sala do riacho
onde, de vez em quando,
vai com seu filho pescar...

E quando retorna
e prepara os peixes
o rádio pendurado na varanda
toca velhas melodias
que até o fazem chorar

de alegria!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

BETONEIRA




Betoneira
que não cansa
e não fala
e não coça
pulga atrás
da orelha.

Não lamenta
a vida.

Betoneira
insaciável
e faminta.

Engole pedra
bebe água
massa faz.

O servente
se esfacela
e oferta
músculos
à rotina.

A construção
na avenida
faz gracejos
atrevidos
aos que passam.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

PROGRAMA DE INCENTIVO À LEITURA E ESCRITA




Aproveitamos este espaço para veicular possíveis atividades que serão desenvolvidas durante o ano de 2009 em Ijuí/RS.

PROJETO DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS – In: Programa de Incentivo da Leitura e da Escrita – SMED de Ijuí - Prof. Américo Piovesan

JUSTIFICATIVA


Ao abrirmos um livro, abrimos as portas do imaginário, e podemos nos maravilhar, nos surpreender. São tantas cidades, reinos, fadas, joões e marias. São tantos risos, tantas lágrimas, mares e florestas, gigantes e duendes. Cada situação da história parece saltar da página do livro para a vida real, ou vice-versa. A leitura nos coloca em contato com outros mundos em questão de poucas páginas.

Nossa educação formal reconhece que seus alunos(as), as crianças, possuem uma subjetividade diferenciada se comparada à dos adultos. Neste sentido, os contos de fadas, por exemplo, pertencem à criação de um mundo próprio da criança (o da imaginação e da fantasia) e a ajudam a simbolizar e resolver seus conflitos psíquicos inconscientes, tornando seu espaço psíquico tão real quanto o é a realidade da vida. Segundo os psicanalistas Diana Corso e Mário Corso, no livro Fadas no divã, as crianças ainda não delimitaram as fronteiras entre o existente e o imaginoso, entre o verdadeiro e o verossímil. Dessa maneira, elas necessitam ter seu próprio universo de mistérios. Elas desejam o medo, o prazer do mistério e o desafio da aventura, e essas fantasias não são um desvio do mundo adulto.

Na sociedade atual, há o predomínio das imagens (técnicas). Para não sermos reféns desse mundo, e também para contrapô-lo, a literatura, com suas histórias, traz um mundo rico, pleno de significados e sugestões. Diz Celso Sisto: “contar histórias significa salvar o mundo imaginário. Vivemos, em nosso tempo, o império das imagens, quase sempre gerais, reprodutoras e sem individualidade. Essa reprodução, desenfreada, operada por uma série de meios de comunicação, em muitos casos, impede o livre exercício da imaginação criadora. O espaço que sobra para o destinatário influir no produto é quase nenhum.

Quando se conta uma história, começa-se a abrir o espaço para o pensamento mágico. A palavra, com seu poder de evocar imagens, vai instaurando uma ordem mágico-poética, que resulta do gesto sonoro e do gesto corporal, embalados por uma emissão emocional, capaz de levar o ouvinte a uma suspensão temporal. Não é mais o tempo cronológico que interessa e, sim, o tempo afetivo. É ele o elo de comunicação” (In: Textos e pretextos sobre a arte de contar histórias, p.28).


Contar histórias é dialogar, para quebrar o silêncio e o isolamento do educando, perpassados pelo prazer de escutar e de participar. As histórias possibilitam a libertação dos padrões vigentes, ampliando o espaço das diferenças. Instauram o sonho e promovem o imaginário individual.

As histórias que lemos/contamos despertam sentimentos, trazem informações e, também, possibilitam discutir determinada idéia ou tema. Além disso, promovem a integração social e cultural.

Ao discutir se uma situação é justa ou não, se é possível ou meramente fantasiosa, a criança pode se deparar com questões, do tipo: “O que é a justiça?”, “o que torna algo possível?”, etc. Assim, as histórias que serão contadas aos alunos, a partir das temáticas por elas abordadas, possibilitam a abertura para um questionamento, uma reflexão ou um debate, ainda que sejam, num primeiro momento, “internos”.

OBJETIVOS

- Contribuir para que os alunos(as) adquiram o hábito da leitura.

- Intensificar, de maneira sistemática, o encontro da criança com os livros e a leitura.

- Fomentar a passagem da leitura ingênua para a leitura crítica.

- Debater a história, a partir de sua temática, estabelecendo sua relação com a realidade do estudante/educando(a) , suas vivências, sua história pessoal.

- Estabelecer relações do que se contou com outros textos que abordam a mesma temática, ou temáticas afins.

- Aproximar a leitura da escrita, possibilitando que os educandos(as) exercitem sua criatividade e socializem sua experiência de autores(as).

- Visar, a partir das temáticas das histórias, a que as crianças tomem consciência de valores, tais como certo/errado, justo/injusto etc., já que a contação de histórias não se resume à mera diversão/entretenimento, mas sim procura nos tornar melhores, solidários e tolerantes no convívio com os outros.

PROPOSTA DE TRABALHO (a ser debatida com direção, coordenação e professores).
- Definir temáticas de acordo com a faixa etária/série.

- ... como será o debate/diálogo após a contação da história.
- ... como será a produção (escrita) dos alunos.

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...