quarta-feira, 15 de outubro de 2008

POMBA SURFISTA

Nunca
teve
grilos
e minhocas
na cabeça

nunca
teve
medo
de sair
do chão

sim-ples-men-te
a pomba
surfava
sobre o fio
de alta tensão!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

MOSTRA LITERÁRIA E PEDAGÓGICA

IMEAB – Instituto de educação Assis Brasil – Ijuí/RS - MOSTRA LITERÁRIA E PEDAGÓGICA – de 07 a 14 de outubro de 2008.

Na abertura da mostra, dia 07/10, às oito horas da manhã, o professor e escritor Américo Piovesan proferiu palestra tematizando o tema MOTIVAÇÃO PARA A LEITURA. ...

A seguir, na biblioteca da escola, todas as turmas, de terceira série até a sexta série, participaram de oficina com o escritor Américo e com o músico Guerrinha. Houve a declamação de poemas, contação de histórias e muita música. Foram mais de 450 alunos interagindo e vendo o quanto a leitura e a escrita (poético-literária) fazem parte de seu dia-a-dia.
Aproveitamos para agradecer à direção, coordenações e professores pela oportunidade. Ano que vem haverá muito mais!

NÓS

Quando você menos espera, os cadarços do sapato se desatam. É um embaraço breve e passageiro, e não perdemos a máscara, como acontece quando nos olhamos no espelho, no banheiro de uma festa, e não conseguimos disfarçar olheiras e pés de galinha, e aí resta o apelo à embriagues ou sair de fininho.
No lance decisivo, na hora de evitar o gol, ou no contra-ataque, ao tentar fazer um gol de letra, o cadarço da chuteira se solta, e passamos batidos. Resta lamentar e, da próxima vez, sem distração, mudar o jeito de fazer o nó.
Os cadarços precisam estar bem amarrados, a cara não. Amarremos casas, instrumentos, ferramentas, e liberemos os sentimentos. Mas quantos fazem confusão, e invertem a ordem!
As obras concretas precisam de liga, de ferro, para não serem levadas pelo vento. As amizades precisam de laços para nos aproximar uns dos outros.
Existem nós que nos prendem aos outros que precisam ser desamarrados. São fraquezas, medos, timidez. Não, não somos uma ilha, pertencemos a uma teia de relações. Cabe refletir sobre a liberdade de ir e vir em meio a essa teia.
O amor não deve amarrar a paixão. Nossas vidas, sem paixão, não têm combustão, não têm arranque, como carro velho com bateria pifada.
Amor convencionado é como sapato apertado, e os calos doem cada vez mais. Quando voltamos para casa, a primeira coisa que fazemos é tirar os sapatos e as meias, e colocamos os pés sobre a cadeira.
Pena que o alívio e o prazer ficam entre quatro paredes.
Amor que se satisfaz com as regras tem medo da paixão, é gravata que usamos de vez em quando, e nos sufoca porque não estamos habituados.
Afrodite, deusa do amor, livrai-nos das amarras sociais, que nos fazem desfilar o amor e a paixão numa ordem unida, para um futuro pré-determinado que não escolhemos.

sábado, 11 de outubro de 2008

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

SÁBADO NO SUPERMERCADO


É sábado de tarde, entramos no supermercado, assumo a direção do carrinho, e meu pai tira do bolso uma lista quilométrica de compras. Isso mesmo. Ele anota tudo o que precisa, antes de sair de casa. Mas quase sempre esquece o mais importante – iogurte e a revista “Recreio” pra mim.


Passa por todos os corredores e gôndolas, observa atentamente a composição dos produtos - validade, quantidade de gordura, se são orgânicos, etc. etc.. Pra isso, ele procura os óculos de uns quatro graus, no estojo guardado no bolso. Mira, vira, desvira, olha contra a luz, a tarde passa voando, e eu ainda nem joguei bola!


Começam os acidentes e o congestionamento nos corredores... Monstrinhos de quatro, cinco anos, pilotando o carrinho de compras de seus pais, passam a toda velocidade, tiram de fininho, derrubam os pacotes das prateleiras!


Aí surgem os funcionários. Hoje em dia não tem mais aqueles que usam maquininha para remarcar os preços. Meu pai sempre fala que AN-TI-GA-MEN-TE havia o monstro da inflação, e todo dia os funcionários empunham suas maquininhas e tac, tac, tac... Em compensação, hoje tem que cuidar a qualidade dos produtos... Os funcionários estão aí para colocar ordem na bagunça, e aumenta o congestionamento, como se fosse hora do rush, na grande São Paulo.


Senhoras vagarosas, de calculadora mão, fazem das compras no supermercado o passeio de sua vida! A calculadora é a arma que usam para espantar o monstro da inflação!!


Legal são as promotoras de vendas. Desde erva-mate até chazinho pra bebê. Meu pai não fica provando tudo, só porque é de graça. Mas meu tio, Carola, sim. Prova fermentado de uva, suco de goiaba, queijo, salame... Depois, ele fica apertado e vai voando pro banheiro do supermercado!


Se eu me perco do meu tio, é só ir direto pra sessão de vinhos, que lá está ele. Parece um especialista... Pesquisa os rótulos, o ano da safra, se é cabernet ou merlot... No final, ele compra um “sangue de boi”, um daqueles vinhos baratos que nossas mães usam para fazer sagu!


Na hora de passar no caixa, sou eu quem escolhe qual a moça que vai nos atender. Tenho umas três preferidas. Primeiro, olho a cor dos seus olhos, como enfeita os cabelos, descubro o seu nome olhando o crachá, presto atenção nos seus dentinhos, no desenho dos lábios...


Como sou poeta sonhador, observo todos os detalhes do rostinho de minhas caixas preferidas. Acho que o meu pai nem desconfia. Está estressado com o monstro da inflação, que anda louco pra abocanhar o seu sagrado salário – é o que o meu pai diz!




O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...