quinta-feira, 6 de março de 2008

APRENDIZ


escrito por Teco, o poeta sonhador

Os poetas
triplicaram
as pernas
da imaginação.

Trouxeram
imagens esvoaçantes
como sombras na parede
das pás do ventilador.

À noite
espreito
(e desenho)
o pôr do sol
a cor das nuvens
o despertar dos ventos
as estrelas em movimento.

borboletas
tontas
invento
nas folhas
em branco
ao vento
tontas
e atracadas
na lâmpada
da sacada...

O lápis
quer desvendar
mistérios.
São as pernas
das idéias
seguindo a marcha
das centopéias.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

CIENTISTA INVENTOR

Escrito por TECO, o poeta sonhador


Pedro comia de tudo

a qualquer hora do dia.

Orgulhava-se de ser

predador de iguarias.



Quanto mais comia

mais fome ele tinha...


Até que um dia,

de tanto atacar a geladeira,

os sonhos triplicaram.


Sonhou que devorava

o Cruzeiro do Sul

depois das Três Marias

depois do Planeta Vênus

depois de degustar a Lua

e mastigar o Sol...

Mas os sonhos

viraram pesadelos...

Quando ele acordou

o apetite havia fugido!


Comia nos pesadelos,

acordado não comia.




Certa noite

a mãe de Pedro

deu pra ele beber

uma poção polvorosa...

(Ela disse que era

muito saborosa,

e que foi enfeitiçada

por uma bruxa engenhosa).


A poção fez ele detonar

dúzias e dúzias

de puns coloridos,

que mais pareciam

fogos de artifício...


Como um balão furado

Pedro desinflou de todo lado

e expulsou os tais monstros

feitos do líquido enfeitiçado!


Voltou a sonhar e a relaxar

como se estivesse num SPA...


No sonho viajou e fez amigos

no Cruzeiro do Sul,

Marte, Vênus e a Lua,

e após descansar nas nuvens

realizou seu mais novo plano,

que virou eterno vício:


Virou cientista inventor

de fogos de artifício!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

VOVÔ FUGIU DE CASA

Sugestão de leitura

Livro VOVÔ FUGIU DE CASA, de Sérgio Caparelli, é muito legal!



Quando eu chegava, vovô já estava sentado no degrau da escada, fumando cachimbo. Sempre quieto, sempre sozinho, sempre olhando as coisas de um jeito esquisito. Nos dias em que estava mais alegre, fazia coisas maravilhosas com a fumaça. Soltava-a devagarinho, formando círculos que aos poucos se perdiam no ar. Ou então cavalinhos, gatos, tartarugas. Não gostava de fazer elefantes porque tinha de entortar a boca.
Nunca falava comigo, o vovô. Nem com ninguém. Principalmente se estava triste. Então de seu cachimbo saíam tristes navios. Desapareciam logo, navegando ao vento. Eu ficava desolado. Pondo as duas mãos no rosto, exclamava: “Ah, vovô, acabou!”. Ele tirava o cachimbo da boca e soprava mais um ou dois, dos grandes. Só para me agradar.
Ficava quieto horas a fio. Uns diziam que estava pensando nas montanhas de sua Itália, onde a uva plantada nas encostas espalha pelos vales um cheiro de vinho e de festa. Outros achavam que estava apenas fumando seu cachimbo e nada mais. Porém concordavam num ponto: estava caduco e esclerosado. Caduco eu sabia o que era. Esclerosado meu pai me explicou. Era uma doença que dá nas pessoas mais velhas, em que o sangue está cansado e não consegue irrigar o cérebro direito. A pessoa torna-se esquecida e cheia de manias.
Acho que as manias do vovô eram contagiosas. Perto dele eu não gostava de fazer barulho, de pular ou de correr...

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...