quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

MELODIAS PRA NÃO DORMIR


Escrito por Teco, o poeta Sonhador

Laura não consegue dormir.
Seu ouvido acompanha
a melodia da goteira
na janela.
Ela quer saber
se o som é de latinha
ou de papelão.

- E se for o sino da capela?
Nem pensar, hoje não é dia
de procissão!

***
Ricardo não tira da cabeça
um bicho que nunca
antes tinha visto.
Tem pernas compridas
e se chama saracura.
Seu pai explicou
que as saracuras
moram nos banhados,
e quando cantam,
no nascer do dia,
é porque estão avisando
que vai chover.

Ricardo não pensa na chuva,
pensa nas pernas
finas e compridas
que desfilam no banhado...

- Mas que bicho engraçado! .

domingo, 3 de fevereiro de 2008

VACA AMARELA



Sérgio caparelli, do livro BOI DA CARA PRETA.


Vaca amarela
fez cocô na panela,
cabrito mexeu, mexeu,
quem falar primeiro
comeu o cocô dela.

Vaca amarela,
sutiã de flanela,
cabrito coseu, coseu
quem se mexer primeiro
pôs o sutiã dela.

Vaca amarela
fez xixi na gamela,
cabrito mexeu, mexeu,
quem rir primeiro
bebeu o xixi dela.

Vaca amarela
cuspiu da janela,
cabrito mexeu, mexeu,
quem piscar primeiro
lambeu o cuspe dela.

ESSA NÃO!



Mário Quintana, do livro Lili inventa o mundo.


Lili teve conhecimento dos antípodas, na escola.
Logo que chegou em casa, começou a deitar sabença pra
cima da cozinheira. Falou, falou, e, como visse que Sia
Hortência não estava manjando nada, ergueu no ar o dedinho explicativo:
- Imagine só que quando aqui é meio-dia lá na
China é meia-noite!
- Credo! Eu é que não morava numa terra assim...
- Mas por que, Sia Hortência?
- Uma terra onde o dia é de noite... Cruzes!

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

“Charadas do País das Maravilhas”

Poema de Lewis Carroll


Do livro “RIMAS DO PAÍS DAS MARAVILHAS”


Achei uma vara: dois quilos pesava.
Um dia resolvi serrá-la
em oito pedaços com o mesmo peso.
Quanto pesava cada mesmo?
(“Duzentos e cinqüenta gramas!” Engano!)

Manhã: três irmãs dão de comer ao gato.
Uma: “Quer atum?” – O gato lambe o prato.
Outra: “Quer sardinha?” – Ele come, feliz.
Outra: “Quer robalo?” – Ele torce o nariz.
(explique a conduta do gato.)

Solução das charadas

Perde parte do sangue e diminui o peso
a carne cortada até o osso.
A perda da serragem faz que pese menos
uma vara serrada em oito.

Um gato gostar de atum e de sardinha
é óbvio, não há por que explicá-lo.
Se com a terceira oferta se abespinha
o bichano, é porque, sendo honesto, tinha
de ganhar seu peixe, não roubá-lo.

BOBINHO



Estou no meio da roda
e o suor escorre
pela testa.

O que desconsola
é que os outros
são bons de bola.

Ameaço que vou
mas não vou
e a bola passa
uma vez aqui,
outra vez ali,
bem longe
de onde estou.

Riem de mim
porque sou
“bobinho”
que demora
pra escapulir...

Confio no meu taco
e quando alguém descuida
dou o bote da cruzeira
negaceio as cadeiras
tal qual um capoeirista...

Então roubo a bola...

Não, não, não...
Não sou ladrão,
sou artista!

O crepúsculo de Van Gogh

As nuvens eram criaturas selvagens e ‒ ao mesmo tempo ‒ gatos, cães, jacarés e lagartos, perfilados no horizonte próximo. piscaram...