terça-feira, 29 de janeiro de 2008

BOBINHO



Estou no meio da roda
e o suor escorre
pela testa.

O que desconsola
é que os outros
são bons de bola.

Ameaço que vou
mas não vou
e a bola passa
uma vez aqui,
outra vez ali,
bem longe
de onde estou.

Riem de mim
porque sou
“bobinho”
que demora
pra escapulir...

Confio no meu taco
e quando alguém descuida
dou o bote da cruzeira
negaceio as cadeiras
tal qual um capoeirista...

Então roubo a bola...

Não, não, não...
Não sou ladrão,
sou artista!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A BARATA E A FORMIGA





A BARATA

Ricardo Silvestrin

A barata
é barata,
mas ninguém
quer comprar.
Isso é um fato.

Quando aparece
ninguém diz
“que barato!”
Ao contrário
gritam “mata, mata!”.
É um caso raro.
Ser barata
sai caro.


A FORMIGA

Qual
a forma
da formiga?
Pense
comigo:
se seguem
sempre juntas,
deve ser
forma
de amiga.

CANTIGA PARA NÃO MORRER

CANTIGA PARA NÃO MORRER
Ferreira Gullar

Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

CAMPEONATO


Manoel de Barros

do livro "Fazedores do amanhecer".


Nos jardins da Praça da Matriz, os meninos
urinavam socialmente.
A gente fazia campeonato pra ver quem
mandava urina mais longe.
O menino que mandasse mais longe era
campeão.
Mas não havia taça nem medalha.
Umas gurias iam ver por trás dos muros
a competição.
Acho que elas tinham alguma curiosidade
ou inveja porque não podiam participar
do campeonato.
Os meninos ficavam sérios como se estivessem
defendendo a pátria naquele momento.
As meninas cochichavam entre elas e
corriam de lá pra cá, rindo.
O campeonato só era diferente da Fórmula Um
porque a gente não tinha patrocinadores.

O PENICO DA FLORISBELA

Vou contar
uma história
que ouvi
do tio Carola.

Ele disse que antigamente
um penico embaixo da cama
era muito importante.


Um dia ele conheceu uma donzela
que chamava Florisbela.
Ela era graciosa e delicada
Porém, meio... meio desleixada!

Naquele tempo o banheiro
ficava do lado de fora da casa,
e ela tinha medo do escuro
e dos fantasmas
disfarçados de morcegos
que moravam pendurados
no forro do banheiro.


De madrugada as horas
ficavam apertadas
e Florisbela corria pro lado
do penico esmaltado...

De manhã
o xixi voava
pela janela!


De vez em quando Florisbela
perdia a memória
e junto com o xixi
o penico fazia história
porque também voava
janela afora!

Tio Carola não soube responder
às perguntas que eu lhe fiz,
por isso eu peço ajuda a vocês:

se Florisbela esquecia daqui e dali,
não esquecia também de fazer xixi?

Quando ela estava “apertada”,
quem acordava ela?
O seu anjo da guarda?

Quantas vezes ela acertou xixi
no cachorro Berinjela
que dormia debaixo
da janela
do quarto dela?

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...